Djalma Amaral

A primeira vez que assisti teatro na minha vida

Na década de 70, no MAM – Museu de Arte Moderno, assisti o espetáculo História de Lenços e Ventos do Ilo Krugli e logo depois vi montagem de O Casaco Encantado de Lucia Benedetti, mas não me lembro quem dirigiu essa montagem, aliás achei muito longo e chato, não gostei. Mas em relação ao espetáculo do Ilo Kruger fiquei apaixonado. Me lembro que havia um boneco que era fantástico, feito de gravatas, se não me engano acho que que era um galo.

Começando pelo desenho

Na verdade, a gente não nasce para fazer teatro, muito menos em ser iluminador cênico, mas é tudo consequência. Primeiro me apaixonei pela pintura, gosto muito de desenhar, sempre gostei muito do claro escuro, a questão da sombra e da pintura com o lápis HB 3B.

Mas quando eu fui trabalhar com a Gladys Mesquita Ribeiro, fizemos um curso de teatro de sombras chinesas com Jean Pierre Leccon, só que com uma técnica mais moderna, misturando tecidos e papelão, pedaços de couro desenhado. Fiz teatro de sombras e aprendendo a fazer Sombras, aprendi a fazer luz.

Gladys e seus Bichinhos era um programa, que não era da minha época, em que ela desenhava. Parecia um pouco com o que Daniel Azulay também fez. Mas a partir dali eu comecei a desenvolver o teatro de sombras, e comecei a me apaixonar por teoria teatral, e fui estudar. Daí, comecei a descobrir os grandes cenógrafos e desenhistas russos. Vários artistas que eram cenógrafos e diretores, também eram desenhistas e gravuristas. Descobri a luz através da teoria. E não parei mais.

Terminei o Colegial, fiz Curso de Desenho, o primeiro semestre de estudos foi Desenho na UFRJ. Fiz vários cursos de teatro, mas minha primeira formação foi o Tablado.

Em 81/82, e mais tarde fiz Licenciatura em Artes Cênicas pela Universidade Estácio de Sá., Fora os cursos técnicos na área de desenho, de pintura, de teatro de bonecos, etc.

Começando a trabalhar

O primeiro trabalho profissional que fiz, foi no Teatro de Sombras. Chamava-se Tristão e Isolda. Em seguida foi o espetáculo Profissão de Fé. Começamos pela Catedral da Sé, em São Paulo e viajamos por Países da América Latina.

Agora, de teatro com atores, foi um infantil, com o Grupo Papel Crepom e O grupo Falk de Teatro. Foi com Os Três Porquinhos. Nessa época não existia esta pompa e circunstância que tem o iluminador hoje em dia.  Acho que iluminador nessa época só existia Jorginho de Carvalho. Fiz a luz, buscando aquela técnica da linguagem de desenho Animado, monocromática, criando elementos de luz. Participei do Festival da TACEN – Associação de Trabalhadores de Artes Cênicas de Niterói e ganhei o primeiro meu primeiro prêmio. Isso em 1987.

Também não posso esquecer da Bia Bedran com O Bloco da Palhoça, que foi o primeiro contato que eu tive com a música infantil, uma faculdade de aprendizado e muita imaginação

>Bia Bedran, Bento e seu pai Djalma Amaral

Trabalhando com Bia Bedran

Niterói é um gueto, na realidade o Rio de Janeiro é um grande gueto, todo mundo se conhece ainda mais quem lida com arte. Naquela época, ainda não havia Internet, Facebook, e você ouvia falar das pessoas através de amigos.

Bia já tinha participado do Grupo Quintal, que era um grupo de teatro criado pela mãe e tias dela, no Bairro Saco de São Francisco. Elas fizeram um Teatro chamado Quintal e eu me lembro menino… passando ferias com minha avó que morava em Niterói  ter visto  um espetáculo, e eu me apaixonei.

Anos depois, em Niterói, fazendo a luz de um espetáculo, com a dramaturga Anamaria Nunes, O Tambor e o Anjo, em cima de Rimbaud, Bia Bedran foi ver este trabalho e o produtor dela me convidou para fazer o espetáculo O Bloco da Palhoça. A partir daí, fomos nos conhecendo e ficamos muito amigos. Assim, todos os espetáculos que Bia cria, sou eu que faço a iluminação, a cenografia e também a direção. Muitas vezes ajudo até no roteiro. Nossa parceria começou em 86/87 e isso, já vai para mais de 30 anos.

O Tablado

O Tablado na década de 80 foi um boom. Todos queriam fazer O Tablado. Tinha um diretor chamado Damião, que fez vários espetáculos fantásticos. Talvez ele tenha sido o primeiro diretor do Rio a colocar muitos atores em cena. Em São Paulo, o Zé Celso, e o Antunes Filho, já faziam. Me lembro que o Damião montou de Jorge Amado, Capitães de Areia, que foi um grande sucesso. Eu fiquei apaixonado por esse universo.

Eu procurei a Maria Clara Machado e disse para ela que eu não queria ser ator. Também, quando eu fiz Universidade eu também dizia que eu não queria ser ator. Eu queria fazer a magia  do teatro, construir. Eu não sabia dizer o que eu queria fazer. Eu gostava de fazer a mágica, gostava de transformar aquela caixa preta. Fazer as coisas aparecerem, sumirem.

Voltando ao Tablado, Maria Clara me disse que tinha uma professora e diretora que acabava de chegar dos Estados Unidos que eu ia gostar. Era a Maria Vorisse. Fui aluno dela e com o tempo eu comecei a estudar e desenvolver as questões de luz nas práticas de montagens e cenas que a turma montava. Comecei a iluminar espetáculo no Rio de Janeiro e comecei a ganhar um prêmio atrás do outro. Isso no final da década de 80, no período do Prêmio Coca-Cola, e nos 10 anos que durou, ganhei três. A festa era linda, e o encontro com amigos era o maior prêmio do Teatro, encontrar os Amigos.
Foi no Tablado também nos espetáculos do Damião que descobri a linguagem do livro e da Cena. Damião gostava dos livros, de literatura. O que é ler um livro? É ler imagens. Você lendo um livro você vê imagens que outra pessoa não vai ver porque você vê imagens de sua construção pessoal, dentro de sua vivência. Eu posso ler um livro de Jorge Amado e imaginar uma coisa, outra pessoa lê o mesmo livro e vai imaginar outra coisa. Em Capitães de Areia, o Damião construía as imagens que ele imaginava, trabalhando o físico, a beleza, trabalhando o homem bonito, a mulher bonita, o Ator, a Atriz certa para a Personagem a cena preenchida. Ele trabalhava a estética da imagem.

Quando eu fui fazer aula com a Maria, eu descobri que a palavra tem tanta força quanto a imagem. Foi nessa época de descobertas. Descobri a dramaturgia americana e foi uma reviravolta em minha vida: descobri Tenesse Williams, descobri o cinema também, o francês, o americano.

Porque eu descobri que através da literatura você tem o cinema, através da literatura você tem a palavra, você tem as imagens, as construções cênicas. O Tablado era assim, Lá você aprende a construir, com simplicidade. A gente chegava lá, pegava numa vassoura e varria o palco.

Foi no Tablado que vi Jorginho de Carvalho trabalhando, para mim um dos maiores iluminadores do Brasil. Jorginho de Carvalho está para a iluminação teatral como o João Gilberto para a música, a música popular brasileira, e o Burle Marx com os jardins. Maria Clara conta a história que tinha um garoto que brincava na praça, perto do Tablado. Um dia ela perguntou se ele não gostaria de trabalhar com luz. E assim traz o Jorginho para a iluminação. Ele começou a descobrir aos poucos o que era luz, o valor da cena e o valor da palavra. Clara sempre foi muito fiel a sua equipe e sempre trabalhava com o Ubirajara na música, com Jorginho de Carvalho na iluminação, com Kalma Murtinho nos figurinos e assim por diante. Tive tempos depois o prazer de trabalhar com a maior discípula dela, que é a Cacá Mourthé. Fiz a luz de A Gata Borralheira, que foi um espetáculo fantástico. Mas, como aluno e fiz muitas coisas no Tablado. Nunca deixei de participar.

Iluminador premiado

Na década de 80, ganhei alguns prêmios em Festivais. Como no de São José do Rio Preto, de Niterói, de Ouro Preto, alguns no Nordeste. Foi uma época que tinha muitos Festivais. Hoje em dia são mais Mostras e já não tem tantas premiações.

Meu primeiro Prêmio Coca-Cola foi em 94, com Balbino e Bento, direção de João Gomes. No ano seguinte ganhei com Curupira. Mas antes disso, em 92 eu já tinha sido indicado com o espetáculo da Bia Bedran, Histórias da Mãe Natureza, um trabalho sobre ecologia, pois era um movimento muito forte, por causa da Eco 92. Bia escreveu um texto lindo, que falava dos elementos naturais. Por essa indicação, soube através de uma das juradas, que teve a maior discussão entre o pessoal do júri, porque uma das juradas afirmava que a Bia Bedran fazia show, que aquilo não era teatro. Não ganhei, mas de qualquer maneira eles não conseguiram não me indicar porque foi a primeira luz voltada a uma relação semiológica, isto é, a luz era construída a partir da história. O Aurélio de Simone já vinha fazendo esse movimento, um movimento de trabalhar com o lúdico, com o possível, trabalhar junto com a construção dramatúrgica. Em 97 voltei a ganhar com Quem Segura Esse Bebê? direção de Dudu Sandroni. Em 1999 aconteceu a última premiação.

A partir daí pararam os incentivos ao teatro infantil. Várias instituições que ajudavam os grupos a trabalhar, como o Rioarte também foram parando. A partir do momento que isso acabou, a sensação que eu tenho é que se diluiu o querer fazer, diluiu até mesmo a pesquisa. Começaram a parar os espetáculos onde a base era a pesquisa, e começaram espetáculos onde a produção começou a tomar conta da montagem. Antigamente nós tínhamos que pesquisar, levantar, encontrar, buscar a palavra certa. Hoje em dia esse tempo não existe mais. O tempo paro teatro é o tempo da linguagem da informática do Facebook, do Instagram, do WhatsApp. Do imediato.

É claro que de vez em quando se encontra uma peça fantástica. Tem sempre alguém transcendendo e geralmente quando o espetáculo está transcendendo você pode ver que é um espetáculo de busca, de pesquisa.

Se perderam os espetáculos que se tinha um “galo“ feito com gravatas… um lenço na mão… um jornal construindo algum objeto, como acontecia com o Ventoforte, o Hombu, o Quintal, o Navegando. O que era o grupo Navegando da Lúcia Coelho? Era magia, era a palavra viajando, se transformando. O que eram os espetáculos da Maria Clara Machado puro sonho, poesia, magia. Verdade … isso acabou? Tenho Saudades…

Montagens que marcaram

Um espetáculo que marcou minha vida, e tive muito prazer em trabalhar foi As Primícias, de Dias Gomes. Tive o prazer de estar com o autor, com o Sidney Cruz que dirigiu e ver a Suely Franco e o Benvindo Siqueira atuando. Trabalhar com Dias Gomes para mim fez a diferença porque ele ia para os ensaios, ele sentava e conversava sobre a construção da linguagem cênica, da luz. Foi uma das maiores transformações que eu tive na minha vida. Foi impressionante, ele falava e nos inspirava a fazer.

No universo infantil, fiz coisas surpreendentes, mas o último trabalho que eu fiz e que me deu muito prazer foi A Lenda do Vale da Lua, do João das Neves. Ele está quase com 85 anos, e o teatro que ele faz é ainda um teatro dos anos 70, um teatro que Ilo Krugli fez, que Wladimir Capela fez. Um teatro em que toda equipe ajuda a construir. Isso foi muito importante para mim.

Outro trabalho que participei, e que gostei muito, com um toque de modernidade, com uma linguagem de hoje em dia, que partiu de um livro e foi se construindo, foi Mamãe, como eu Nasci? Foi um espetáculo onde eu ausento a luz. A luz vira uma coisa pontual, pra determinar um espaço, uma situação, e a narrativa toda é projetada. Creio que esse espetáculo foi o ponto inicial do teatro que temos hoje em dia. Onde se busca a imagem, onde se busca o desenho construído, mas com uma linguagem dos sonhos animados em, uma construção. Onde a imagem era como uma palavra, ali eu senti uma força. Então quando a luz entrava, por mais que fosse uma coisa pontuada, fosse um foco ou uma delimitação de um espaço, a história estava sendo contada. Não só na palavra, mas também na imagem.

Mamãe tinha uma construção de valorizar a palavra do ator e de também de valorizar a imagem onde era imprescindível. Era quase uma linguagem de cinema em teatro. Eu tive a felicidade de participar deste espetáculo e para mim foi uma mudança. A partir este espetáculo acho que o teatro no Rio de Janeiro e também no Brasil, mudou. Foi o primeiro espetáculo a levar uma linguagem de vídeo continua ao teatro.

Falando da questão da literatura no teatro infantil, o livro Mamãe, como eu Nasci? de onde surgiu o espetáculo, era um livro didático, ilustrado e sem história. Mas com as improvisações e com a colaboração de Fátima Valença, que escreveu a dramaturgia, montou-se um espetáculo. Eu também participei também de outro processo. O espetáculo era A Incrível História de Marco Polo, onde a literatura, a história já está pronta e a partir de improvisações os diálogos são construídos, também com a colaboração de Fátima Valença. Este trabalho foi realizado pelo Núcleo de Teatro para a Infância, dirigido pelo Dudu Sandroni. A partir daí eu criei a imagem lúdica simplesmente com as cores básicas. O azul sendo a noite, o verde sendo a navegação, o amarelo sendo o sol do ocidente e o vermelho sendo o sol do oriente. Dudu contou esta história magnificamente com um tatame e os personagens de quimono.

O processo de Mamãe, como disse, é inverso. Bernardes traz a ilustração para o movimento, e a narrativa é feita através da ilustração. A partir dessa ilustração e do jogo se cria esta dramaturgia para Fátima Valença criar os diálogos. E com a luz, eu pontuo os espaços. O que é esse espaço? É o espaço da narrativa, o espaço do carro, o espaço da casa, que é completamente diferente do Marco Polo, onde eu crio a imagem num todo, é como se o mar fosse o mar, o oriente fosse o oriente e essa dramaturgia se constrói.

Outro espetáculo que também me deu muito prazer em fazer e que era um espetáculo muito simples, mas com uma construção de espaço cuidadosa e que me deu um grande prazer em iluminar foi Nise da Silveira, Senhora das Imagens, com direção de Daniel Lobo, que infelizmente faleceu. Foi um espetáculo que mexeu muito comigo.

Ele mexia com um universo da loucura, do que está entre a loucura e a sanidade. Um cara como o Bispo do Rosário, através do seu trabalho, aquela loucura de suas montagens. Você se identifica – eu sou louco ou sou artista? E toda vez que eu via o espetáculo eu descobria uma coisa diferente e aquelas imagens projetadas, eram imagens que falavam, a imagem tinha um diálogo com a cena. Não gosto de imagens soltas, não gosto do efeito pelo efeito, acho desnecessário e é isso que hoje em dia está acontecendo. Informações demais, a imagem quando entra, quando a tecnologia entra, ela tem que entrar para afirmar, nortear o que está sendo dito.

Nilze da Silveira tinha muito disso, e era um espetáculo que trabalhava com a luz  em corredores, a  aproximação entre espaços, então a brincadeira que eu queria fazer era como se fosse fazer aquela cama onde a pessoa estava deitada, aquele quarto era um pouco maior do que a cama, aquele corredor onde a pessoa se expandia, aquele pátio onde as pessoas rodavam, aquele sol que nascia e que morria, e aquele universo….aquela cama que a pessoa deitava, aquele quarto que a pessoa andava, aquele corredor em que a pessoa saía, toda essa construção e eu acho que é a construção do homem, eu acho que nós artistas somos meio loucos.

Zeli de Oliveira Freitas, mãe de Djalma

Minha mãe

Muito louca a história da minha mãe e o teatro. Ela sempre quis ser atriz desde jovem. Rezam as histórias que ela fez um teste com Graça Mello. Minha mãe, Marília Pêra e uma outra atriz e as três passaram. E a minha mãe descobriu que estava grávida da minha irmã, da minha irmã Denise. E foi ser Mãe …

Naquela época ser atriz, era ter carteirinha de prostituta, era ser mal falada. A não ser os grandes nomes, as atrizes de grandes companhias, como Bibi Ferreira, Morineau. Minha mãe acabou tendo três filhos se separou do meu Pai e foi trabalhar na Sears Roebuck, como diretora de Recursos Humanos. Quando ela se aposentou, disse que queria fazer o Tablado.

Falei com  Maria Clara, que mamãe tinha se aposentado e queria fazer teatro que era o sonho dela e Clara mandou ela aparecer por lá. Fez aulas com a Maria Clara e seis meses depois virou assistente dela, ajudou em tudo e foi cuidar dos figurinos. Ficou anos e anos no Tablado, acompanhou a Clara até os últimos dias, mas acompanhou mesmo, de estar junto, presente. Entrou no Tablado, nunca mais saiu de lá. Mamãe faleceu faz 5 anos nesse ano. Teve uma homenagem linda no Tablado lotado, o Palco vibrou com aplausos, gritos e pulos de lindos Amigos . Obrigado !

Perspectivas Atuais

Na realidade, eu venho levando um balde de água fria desde 2014. Jamais eu vou culpar a Olimpíada, jamais vou culpar a Copa do Mundo, eu sou apaixonado pelo esporte, sou apaixonado pela Copa do Mundo. Não sou um cara que gosta de discutir futebol, mas acho que não foi isso que destruiu o país ou o Rio de Janeiro. O que destruiu o país e o Rio de Janeiro foram essas pessoas que governam. O ser humano mau, egoísta, ganancioso, safado.

Djalma com a esposa Adriana e o filho Bento

Eu acho que enquanto o homem não abrir um olhar de que o teatro, a cultura de uma certa forma é uma formação de plateia, uma transformação da infância para a vida adulta, eu não tenho perspectiva nenhuma para o teatro. Eu acho que o teatro está anestesiado como a cultura, como a saúde.

O que não ocorre com a música. A música está sempre se renovando. Eu tenho ouvido muitas coisas legais. Tenho visto compositores novos surgindo, é lógico que não tem o impacto que tinha com os Festivais, hoje em dia qualquer um pode postar um vídeo de música, qualquer um pode se lançar na Internet, pode ter milhares de visualizações e a partir disso aí virá um “pop star”. Mas acho que é uma transformação da cultura e no movimento cultural de certa forma no Brasil é pela música.

Não está no teatro, nem no infantil, nem no adulto. Acho que tem grupos que estão na resistência, como o Artesanal, que migrou um pouco para o teatro adulto. Mas quando faz teatro infantil faz com bastante qualidade.

Os grandes grupos que buscavam a pesquisa, uma nova linguagem, estão parados porque estão sem apoio. Os apoios mudaram de lugar, então os grupos não conseguem sobreviver.  O Navegando, após o falecimento da Lucia Coelho acabou. O Tablado sobrevive graças ao esforço da Cacá Mourthé. Mas O Tablado faz um teatro infantil da palavra, da literatura, do lúdico. Ele é construído dentro da dramaturgia já escrita pela Maria Clara Machado, que se renova a cada montagem , porque é puro sonho .

Sobraram alguns loucos por aí, que de vez em quando tem uma brilhante ideia e montam um espetáculo, tipo o Antonio Carlos Bernardes ou a Marcia do Valle, que está pensando em montar o livro da Elisa Lucinda, A Menina Transparente.  Bia Bedran se descobriu na Literatura, e eu estou tentando me redescobrir, de uma certa forma. Estou voltando pra música infantil, voltando a estudar. Estou escrevendo meu livro, estou pensando em fazer Mestrado e Doutorado e dar aulas, passar minhas informações, porque não levo mais fé no teatro como foi o teatro que eu conheci nos anos 80/90. O teatro da construção e da demolição como Aderbal Freire-Filho fazia. Quando vai surgir outro teatro desse tipo, de onde saíram tantas pessoas maravilhosas.

Eu acredito que talvez daqui há alguns anos, quando passar esta nuvem pasteurizada, essa nuvem negra que paira sobre a cultura no Rio de Janeiro, surjam dramaturgias novas que estão aí, exprimidas, guardadas em gavetas porque não conseguem respirar porque os governos da cidade e do estado do Rio de Janeiro não pensam em Cultura.

1985 – Profissão de Fé – Natal na Catedral, direção Gladys Mesquita Ribeiro, Catedral da Sé – SP
1987 – Os Três Porquinhos
1989 – A Revolta dos Brinquedos, direção Sohail Falcato, Teatro da UFF
1989 – Bia Bedran Encantando, direção Bia Bedran, Teatro Casa Grande
1990 – Bia Bedran, Bia Bedran Conta e Canta, direção Bia Bedran, Teatro João Caetano
1992 – As Grades da Cidade, direção Karen Acioly, Casa de Cultura Laura Alvim
1992 – Tic Tac Bum, texto Leonardo Simões e Márcia Eltz, Teatro da UFF
1992 – Histórias da Mãe Natureza, direção Bia Bedran, CCBB – Teatro II
1994 – A Cor Del’Art, direção Márcia do Vale, CCBB – Teatro II
1994 – Balbino & Bento, direção João Gomes, Teatro da Casa de Cultura Laura Alvim
1994 – O Manto do Rei, adaptação e direção Companhia Era só o que Faltava, Teatro Gláucio Gill
1994 – Simbad, o Marujo, direção Marcello Caridade
1994 – A Inacreditável Viagem de Marco Polo e sua Exuberante Viagem ao Oriente, direção Dudu Sandroni, T. do Planetário
1994/5 – Sonho Dourado – Os Anos 60 Estão de Volta, Teatro Ipanema, Teatro Barra Shopping
1995 – Ludi na TV, direção Dudu Sandroni, CCBB – Sala 13
1995 – A Inacreditável Viagem de Marco Polo e sua Exuberante Viagem ao Oriente, direção Dudu Sandroni, T. Cacilda Becker
1995 – Tic Tac Bum, texto Leonardo Simões e Márcia Eltz, Teatro Carlos Gomes, Teatro Ziembinski
1996 – A Inacreditável Viagem de Marco Polo e sua Exuberante Viagem ao Orientecc, dir. Dudu Sandroni, Teatro da UFF
1996 – O Equilibrista – Uma Peça Infantil pra Todo Mundo, direção Márcia Duvalle, Museu da República
1996 – Disque Marias para Dançar, direção Beto Brown, Casa da Gávea
1996 – Curupira, direção Ricardo Schöpke, Teatro CCBB – Sala 13
1996 – Muito Barulho por Nada, direção Sandro Lucose
1997 – Crônicas Pantagruélicas do Infame Rabelais, direção Anamaria Nunes, T. Municipal de Niterói, T. Glauce Rocha
1997 – A Megera Domada, direção Dudu Sandroni, Teatro Ziembinski
1998 – Quem Segura esse Bebê? , dureção Dudu Sandroni, Teatro Ziembinski
1998 – O Dinheiro é um Terror, direção Ernesto Piccolo, Teatro Gonzaguinha
1998 – Ludi na TV, direção Dudu Sandroni, Teatro SESC Ipiranga – SP
1999 – A Viagem do Curumin, direção Jorge Crespo, Teatro do SESI – Graça Aranha
1999 – Coração Mamulengo, direção Carmen Leonora, Espaço Cultural dos Correios, Casa de Cultura Laura Alvim
1999 – Melodramas do Picadeiro – A Morte do Cadáver, direção Ernesto Piccolo e  As Flores de Nossa Senhora, direção Daniel Herz
1999 – Rifinfim no Medelimdireção Venício Fonseca, Teatro Museu da República
1999 – O Rouxinol e o Imperador, direção João Gomes, SESC Copacabana
1999 – Praça Onze – o Musical, direção Ernesto Piccolo, Teatro Gonzaguinha
2000 – Melodramas do Picadeiro – Em Nome do Pai e Chica Boa, direção Ernesto Piccolo, Teatro Gonzaguinha
2000 – O Deus e a Princesa, direção Ricardo Gomes, Teatro SESC Tijuca
2000 – Tuti Fruti – o Musical, direção Marcello Caridade, Salão ATL – RJ
2000 – Tuti Fruti – o Musical, direção Marcello Caridade, Teatro Castro Mendes – Campinas
2000 – Como o Diabo Gosta, direção Ernesto Piccolo, Teatro Gonzaguinha
2000 – In Conserto, direção Sérgio Machado, Museu do Telefone
2001 – Aladim, direção Dudu Sandroni, Teatro Ziembinski
2001 – Ai Lóvi Rio – o Musical, direção Ernesto Piccolo, Teatro Gonzaguinha
2001 – A Lenda de Tarzan, direção Marcello Caridade
2001 – O Equilibrista, direção Márcia Duvalle, 1ª Mostra SESC CBTIJ de Teatro para Crianças
2001 – Romanceiro da Inconfidência, direção Vilma Dulcetti, Palácio Tiradentes, Saguão da ALERJ
2001 – Tiradentes, o Zé de Vila Rica, direção Vilma Dulcetti, Palácio Tiradentes
2002 – Criança eu Quero Ser Quando Crescer, direção Ernesto Piccolo, Teatro Gonzaguinha
2002 – Aviso aos Navegantes, direção André Paes Leme, Teatro Maria Clara Machado
2002 – A Porta Azul, direção Andréa Azevedo, Teatro do Jóckey, Espaço Constituição
2003 – Brincando de Orquestra, direção Cacá Mourthé, Teatro Carlos Gomes
2003 – Ludi vai à Praia
2003 – Imagens da Quimera …, direção Venício Fonseca, CCJF
2003 – Eu Henrique Viana, Dezesseis Anos, Virgem e Reprovado em 6 Matérias …, direção Bernardo Jablonski,  Teatro Tablado
2004 – Simbad, o Marujo, direção Marcello Caridade, Teatro Municipal de Niterói
2004 – Vem Busca-me que Ainda sou Teu, direção Elza Andrade, CCBB – Teatro II
2005 – Mamãe, como Eu Nasci?, direção Antonio Carlos Bernardes,Teatro Maria Clara Machado
2005 – Mamãe, como Eu Nasci?, direção Antonio Carlos Bernardes, Circulação Caravana FUNARTE
2006 – De A a Zigg, direção Beto Brown, Teatro do Jockey
2006 – Fala Sério Mãe!, Direção Regiana Antonini, Teatro Vanucci
2006 – O Equilibrista, Direção Vilma Dulcetti, Palácio Tiradentes, Saguão da ALERJ
2006 – Quiprocó, Direção Venicio Fonseca, Espaço Moitará
2008 – Mamá, cómo Naci?, direção Antonio Carlos Bernardes, Circulação Festivais Argentina
2009 – Levitador Interplanetário Xereta Orbital, direção Antonio Carlos Bernardes, 9ª Mostra SESC CBTIJ de Teatro para Crianças
2009 – Levitador Interplanetário Xereta Orbital, direção Antonio Carlos Bernardes, Teatro da Casa de Cultura Laura Alvim
2009 – Mamãe, como eu Nasci? , direção Antonuio Carlos Bernardes, Teatro da Casa de Cultura Laura Alvim
2010 – Robin Hood, direção Marcelo Caridade, Teatro Fashion Mall – Sl 1
2012 – Perez & Gil – Piratas, direção Antonio Carlos Bernardes, Teatro Gláucio Gill
2012 – O Rouxinol e o Imperador, direção Beto Brown, Teatro Oi Futuro – Ipanema
2012 – Histórias que o Eco Canta, direção Ilo Krugli, Teatro do Jóckey
2012 – A Pequena Vendedora de Fósforos, direção Lúcia Coelho, Teatro Oi Futuro – Ipanema
2013 – O Lobo Sem Chapéu, direção Beto Brown, Espaço SESC Copacabana, Teatro do Jockey
2014 – No Ar com Lasanha e Ravioli, direção Ana Barroso e Monica Biel, Casa de Cultura Laura Alvim
2014 – A Bruxinha que Era Boa, direção Cico Caseira, Teatro Maria Clara Machado
2015 – A Lenda do Vale da Lua, Direção João das Neves, Teatro Oi Futuro Flamengo
2015 – A Pequena Vendedora de Fósforos, Direção Lúcia Coelho, Teatro Oi Futuro – Ipanema
2015 – Quiprocó, Direção Venício Fonseca, Eapaço Moitará
2016 – O Menino que quería Ser Bombeiro, direção Ole Erdmann, Teatro Fashion Mall, Sl 2
2016 – Perez & Gil – Piratas, direção Antonio Carlos Bernardes, Teatro Dulcina


1996 – Uma Festa no Céu direção Lua Abrahão, Teatro Leopoldo Fróes


1992 – Tic Tac Bum, texto Leonardo Simões e Márcia Eltz, Teatro da UFF
1995 – Tic Tac Bum, texto Leonardo Simões e Márcia Eltz, Teatro Carlos Gomes (08.10 a 29.10.1995), Teatro Ziembinski (04.11 a 10.12.1995)
2001 – O Porão das Histórias, texto Ana Maria Machado, Teatro Café Pequeno
2007 – Histórias de um João de Barro, texto Nick Zarvos, Teatro Villa Lobos

1987 – O Assalto, direção Ricardo Sanfer,
1987 – A Tragédia Nua de Maria Rosa, direção Ademar Nunes
1990 – Tupy or Not Tupy, direção Sidney Cruz, Mercado São José das Artes
1993 – Círculo de Quatro Pontas, direção João Gomes Teatro da Praia, estreia 19.03.1993
1993 – Somos Todos 22, direção Sidney Cruz, Teatro Cacilda Becker
1993 – Anita Garibaldi – Uma Paixão Corsária, direção Sidney Cruz, Teatro Cacilda Becker, 06.03 a 18.04.1993
1993 – As Primícias, direção Sidney Cruz, Teatro João Caetano
1994 – Fogo Morto, direção Sidnei Cruz, Espaço Cultural Sérgio Porto
1996 – A Cantora Careca, direção Carlos Pimentel, Teatro Gláucio Gill, estreia 16.03.1996 (*)
1996 – Fullanas, direção Marcella Elias, estreia 08.03.1996 (*)
1996 – O Bravo Soldado Schweik, direção Johayne Hildefonso, Teatro Gláucio Gill, estreia 09.03.1996 (*)
1996 – Merlin, direção Jayme Chaves, Teatro Gláucio Gill, estreia 10.03.1996 (*)
1996 – Macondo, direção Alexandre Contador, Teatro Gláucio Gill, estreia 13.03.1996 (*)
1996 – Senhora dos Afogados, direção Marta Ribeiro, Teatro Gláucio Gill, estreia 14.03.1996 (*)
1996 – O Assalto, direção, direção Wagner Brandi, Teatro Gláucio Gill, estreia 15.03.1996 (*)
1996 – Édipo Hipotético, direção Walter Daguerre, Teatro Gláucio Gill, estreia 17.03.1996 (*)
1996 – Viúva Porém Honesta, direção, Márcia Beatriz, Teatro Dulcina, estreia 20.03 (*)
1996 – Nem Morta, direção Felipe Vidal, Teatro Dulcina, estreia 21.03 (*)
1996 – A Lição, direção Robson Quintanilha, Teatro Dulcina, estreia 22.03 (*)
1996 – A Mulher Maneira de Falar em Desejo, direção Cláudio Rodrigues, Teatro Dulcina, estreia 23.03.1996 (*)
1996 – O Defunto, direção Gustavo Rizzotti, Teatro Dulcina, estreia 24.03 (*)
1996 – Abajur Lilás, direção Fábio Guimarães, Teatro Dulcina, estreia 26.03 (*)
1996 – Contos da Vida Alheia, direção Francisco Figueiredo, Teatro Dulcina, estreia 27.03 (*)
1996 – Prazer em Conhecer, direção Alexandre Vieira, Teatro Dulcina, estreia 28.03 (*)
1996 – Anotações sobre um Amor Urbano, direção Jorge Vale, Teatro Dulcina, estreia 29.03 (*)
1996 – O Intrigante e Misterioso Caso do Solar assombrado ou Mais uma de Fantasma, direção Daniel Berlinsky, Teatro Dulcina, estreia 30.03.1996 (*)
1996 – O que Deus Uniu nem o Casamento Separa, direção Mauro Barros, Teatro Dulcina, estreia 31.03 (*)
1997 – O Malfeitor, direção Rosyane Trotta, Casa de Cultura Laura Alvim – Porão, estreia 12.09
1998 – Mão na Luva, direção Dudu Sandroni, Teatro Ziembinski, estreia 29.05
1999 – Dolores, direção Antonio de Bonis, CCBB – Teatro II, 06.01 a 14.03, e no Teatro Municipal de Niterói 25.06 a 04.07
1999 – Do Povo, Pelo Povo, Para o Povo, direção Gillray Coutinho, Teatro Ziembinski
2000 – Quase Verdade, direção Dudu Sandroni, Teatro Ziembinski
2000 – Macário, direção Otávio Müller
2000 – Menos Um, direção Fábio Ferreira, Espaço Cultural Sérgio Porto
2002 – Parem de Falar Mal da Rotina, direção Elisa Lucinda, Teatro SESI Graça Aranha
2002 – Êxtase, coordenação Rosane Gofman, Teatro do Nós do Morro
2002 – Adorável Ricardo III, direção Dinho Valladares, Teatro Gláucio Gill
2003 – Lapianas nº 1, direção Cláudio Mendes
2003 – Frei Caneca, direção Vilma Dulcetti, Saguão da ALERJ
2004 – O Mensageiro, direção Carmen Frenzel e Marcos Ácher, Teatro Gonzaguinha, 28.01 a 12.02
2006 – João do Vale – O Poeta do Povo, direção Maria Helena Kühner
2007 – Van Gogh – O Amarelo Aumenta Todos os Dias, direção Ivana Leblon
2009 – Quando as Máquinas Param, direção Márcia Vieira, Casa de Cultura Laura Alvim, espaço Rogério Cardoso, estreia 04.06
2009 – Paletó de Lamê – Os Grandes Sucessos (dos Outros), direção Sérgio Módena, Teatro Leblon – Sl. Marília Pera
2009 – Favela, direção Márcio Vieira, Teatro Leblon – Sl. Fernanda Montenegro
2010 – Alucinadas, direção Victor Garcia Peralta, Teatro Leblon – sala Fernanda Montenegro
2011 – Nise da Silveira – Senhora das Imagens, direção Daniel Lobo, CCJF, de 06.07 a 25.08
2012 – Raimunda, Raimunda, direção Regina Duarte , CCBB – Teatro I, 28.06 a 18.08
2014 – Boca Molhada de Paixão Calada, direção Márcio Vieira, Casa de Cultura Laura Alvim, espaço Sérgio Cardoso, 24.07 a 17.08
2015 – Andança – Beth Carvalho, o Musical, direção Ernesto Piccolo, Teatro Maison de France, 10.09 a 31.01.2016
2016 – Gênesis – O Mix da Criação, direção Johayne Hildefonso, Teatro Carlos Gomes, de 01.04 a 22.05
2016 – Morango & Chocolate – Querido Diego, direção Antonio Carlos Bernardes, Teatro Dulcina, de 10.06 a 26.06
2016 – Avenida Central, direção João Bernardo Caldeira, Teatro Dulcina, 08.12 a 22.12
2016 – Um Ato!, direção Renato Farias e Gabriela Haviaras, Sede das Cias, 10.11 a 02.12
2016 – A Paixão segundo Adélia Prado, direção Geovana Pires, Teatro da Casa de Cultura Laura Alvim, 17.11 a 12.02.2017
2018 – Angela Maria – Lady Crooner, direção Francys Mayer, Teatro Carlos Gomes
2019 – Solano , Vento Forte Africano , direção Geovana Pires, Teatro Dulcina

(*) Programação do 6° Festival Carioca de Novos Talentos do Teatro

Objetos de Luz
1998 – Mão na Luva, direção Dudu Sandroni, Teatro Ziembinski, estreia 29.05.1998

Festivais pelo Brasil

Pela Iluminação:
Festival Atacen de Teatro Infantil
Festival de Teatro de são Jose do Rio Preto
Festival Nacional de Teatro Isnard Azevedo, entre outros

Coca-Cola

Indicação
1992 – Histórias da mãe Natureza, direção Bia Bedran

Prêmios
1994 – Balbino e Bento, direção João Gomes
1995 – Curupira, direção Ricardo Shoepck
1997 – Quem Segura Esse Bebê? direção Dudu Sandroni

Mambembe

Indicações
1995 – Balbino e Bento, direção João Gomes
1998 – O Dinheiro é o Terror, direção Ernesto Piccolo

Depoimento realizado por Antonio Carlos Bernardes em 31.07.2018, na residência do entrevistado.