Programa do espetáculo que estreou na Casa de Cultura Laura Alvim e teve sua temporada de 05.09 a 25.10.1992

(INFORMAÇÔES DO PROGRAMA)

(Capa)

AS GRADES DA CIDADE

(Interior)

Espetáculo Musical de Bia Bedran e Nick Zarvos

Direção de Karen Acioly
Direção Musical de Ricardo Medeiros

Quando Bia Bedran me convidou para dirigi-la e me mostrou esse texto único que é As Grades da Cidade, dela e de Nick Zarvos, pensei em toda a “história da Bia”, esta profissional de mão-cheia que há tantos anos se dedica com maturidade ao universo infantil.

O espetáculo teria de ser o porta-voz da Bia.

Logo, nele habitaria a sinceridade, a maternidade, a profundidade e o “artesanal” do estímulo à criatividade infantil.

Mas, toda essa compreensão do mundo teria de conviver com um aparato técnico que as rubricas do texto exigiam sem perder o “x” da característica central de Bia: a simplicidade.

Para isso, foi fundamental a descoberta da multivisão que, com singeleza conseguiria expor com imagens toda a poesia do delicado assunto que estamos tratando. A interação entre o cenário e a multivisão determinariam juntamente com a música, os atores, as coreografias e os bonecos: o aprisionamento e a libertação, o branco e o colorido que existe dentro dele, a infância perdida e a infância que se encontra em “grades da cidade”.

Assim, buscando a criança em todos os momentos, desde o primeiro off da peça, retrataríamos com fidelidade a porta-voz Bia Bedran.

Que as crianças nos abençoem.

Karen Acioly

Janeiro de 1990. O mundo, estarrecido, viu pela televisão uma das maiores catástrofes ecológicas de todos os tempos: o ditador iraquiano Saddan Hussein inundou o Golfo Pérsico com petróleo. As imagens mostravam aves se debatendo até a morte, o que levantou protestos nos quatro cantos do planeta.

Janeiro de 1990. Pela primeira vez as pessoas puderam acompanhar, pela televisão, diretamente do Iraque, uma guerra do começo ao fim. Guerra transformada em espetáculo pirotécnico. Espetáculo que ajudou a encobrir a morte e a mutilação de milhares de seres humanos. Mas os protestos contra esse massacre não tiveram a mesma repercussão que o destino das aves.

Esses exemplos ilustram um equívoco comum entre os defensores da ecologia, o de, às vezes, esquecer que a humanidade também faz parte da natureza. Tanto quanto o mico-leão-dourado, a baleia ou o jequitibá.

Entre as várias faces da vida humana, a mais importante é a infância. Nela cada um aprende o mundo, desenvolve o conhecimento, forma seu caráter. A infância é a janela aberta para a realização pessoal de cada indivíduo. Ou deveria ser. Porque são muitas as crianças que tem poucas, ou nenhuma, perspectivas. No Iraque, na Bósnia-Herzegovina, na Somália ou aqui, bem perto de nós, no Brasil.

A infância, infelizmente, está ameaçada de extinção. As guerras étnicas ou religiosas e a desigualdade social, tudo contribui para impedir que a criança viva a infância. Ela está cada vez mais confinada em guetos, becos, apartamentos, dos dois lados das grades da cidade.
Foi pensando nisso que Bia Bedran e eu criamos este espetáculo. Um alerta para que todos juntos, crianças e pais construam uma sociedade justa e fraterna, portanto ecológica.

Nick Zarvos

Direção: Karen Acioly
Texto: Bia Bedran e Nick Zarvos
Direção Musical, Arranjos e Vinhetas Instrumentais: Ricardo Medeiros
Gravação e Programação de Teclados: Julio Costa
Músicas: Bia Bedran e Nick Zarvos com exceção de O Filho Que Eu Quero Ter, de Toquinho e Vinícius de Moraes; A Luz do Mundo, criação coletiva, do disco Se Essa Rua Fosse Minha; e Paraíso, música do folclore com poema de José Paulo Paes
Cenários e Figurinos: João Gomes Rêgo
Criação de Bonecos: Jorge Crespo
Criação de Luz: Djalma Amaral
Preparação Corporal e Coreografias: Vera Lopes
Produção: Maurício Ribeiro / Angelus Produções
Divulgação: Namir Rosa Lagos
Fotos: Paulo Rodrigues / Pro Studio
Programação Visual: Beatriz Pimenta e Laura Bedran
Maquiagem: Solange Ferro
Costureira: Bené Corradine
Multivisão: AV Estúdio
Equipe: Roberto Todor, Montagem e Produção; Fernando Rietmann, Diretor de Arte; Nilson Braga, Valmir Oliveira, Roberto de Souza, João Luiz, Operadores; Adriana Miranda, Assistente de Produção; Sergio Lastres e Frederico Falci, Coordenação.
Seleção de Imagens: Eduardo Saboya, Karen Acioly e João Gomes Rêgo
Desenhos Infantis: Alunos do Colégio Miraflores Niterói
Coro de Crianças: Julieta, Elisa, Carolina, Bernardo, Cristiana, Vanessa, Júlia, Raquel, Jaqueline, Tiago e Andréa (grupo de musicalização Agnes Moço)
Voz Off: Julieta Bedran Larica

Atores / Manipuladores: Letícia Hees e Marcelo Vianna

Obs.: A estória contada na peça é do livro A Cidade Perdida, de J. L. Garcia Sanches e M. A. Pacheco. Ilustrações e Tradução Gian Calvi, da Editora Autores e Agentes Associados (Série Crianças Criativas) com direitos concedidos à Bia Bedran para adaptação da obra.

(Última Capa)

“Ninguém comete erro maior do que não fazer nada, porque só pode fazer um pouco”.

Este pensamento de Edmund Burke, muito me deixou pensando…Por causa dele, quis escrever este musical junto com Nike.

Sei que não podemos mudar o mundo, e muitas vezes, nem sequer conseguimos fazer pequenas transformações por dentro ou pertinho de nós.

Mas, podemos sonhar. Observar. Sentir. Querer mudar. Ou querer devolver coisas bonitas à vida. Reinventá-la.

É aí que tudo começa.

Empresto meu cantar a esse pouco que posso fazer. Espero fazer coro com vocês.

Um beijo no coração.

Bia Bedran

Apoio

(Logos) Projeto Coca-Cola de Teatro Infantil/Festival de Ecologia no Teatro Infantil, AV Estudio, Angelus, Brito Produções, Casa de Cultura Laura Alvim.

Obs.
Ingressos: Começou com Cr$ 15.000,00 terminou por Cr$ 20.000,00