Cibele Troyano, 2022

As Origens

Minha família tem descendência italiana, mas meus pais nasceram no Brasil, em São Paulo. Desde os meus 2 anos de idade, passamos a morar no bairro do Ipiranga, onde estou até hoje.  Meu pai era advogado, com uma cabeça muito liberal. Minha mãe era professora, mas depois de casada virou dona de casa.

A primeira vez

Meus pais me levavam muito ao teatro, principalmente ao TBC, para ver infantis. Mas me lembro muito bem do primeiro espetáculo que vi. Foi My Fair Lady, com Bibi Ferreira e Paulo Autran. Eu tinha cinco anos. Claro que eu não entendi nada, mas as cores, as músicas, os figurinos me deixaram encantada. A família de minha mãe gostava muito de teatro e de ópera. Víamos muitos espetáculos, mas sempre que me perguntavam qual era o meu preferido, eu sempre dizia My Fair Lady!

Acho que por causa dessa formação, desde criança eu gostava de recitar, de brincar de teatrinho e na escola eu sempre declamava nas comemorações. Na época da minha adolescência (final da década de 1960) não existiam oficinas ou cursos de teatro como há hoje em dia nas oficinas culturais e casas de cultura. Fazer teatro era algo muito distante do nosso cotidiano. Mas, com 13 pra 14 anos, quando estava no ginásio, eu ia muito ao teatro, com a professora de Inglês. Em 1969, ela nos levou para ver Roda Viva, O Auto da Compadecida. Mas foi com Morte Vida Severina, com o Paulo Autran, que eu decidi que era aquilo que eu queria fazer: teatro!

Quando cursei o Ensino Médio, no extinto Colégio Anglo Latino, propus à minha grande companheira de classe, Silvia Poggetti, hoje também atriz, que tentássemos montar um grupo de teatro na escola. Fomos falar com o diretor. Ele aprovou a ideia e disse que ia convidar o filho do tesoureiro, que estava no primeiro ano da EAD (Escola de Arte Dramática, da USP) para nos orientar. Era o Carlos Alberto Riccelli. Junto com ele veio o também ator Vicente Tuttoilmondo. Fizemos um ano de aulas, exercícios e “laboratórios” (como se dizia na época) e começamos a nos preparar para montar uma adaptação de O Romanceiro da Inconfidência, de Cecília Meireles. Mas o diretor da escola acabou censurando nossa montagem, alegando que era subversiva. Estávamos em 1970, no auge da ditadura militar.

Indo para a Universidade

Eu tinha muitas dúvidas se deveria prestar vestibular para fazer teatro, Filosofia ou Ciências Sociais. Eram três paixões. Fiquei com a última. Em 1973 ingressei na PUC. No primeiro dia de aula, fui procurar saber se existia algum grupo de teatro. Existia e se chamava TESE – Teatro do Sedes Sapientiae. O Roberto Lage era quem supervisionava o trabalho. Dentro do grupo a gente tinha que escolher entre duas possibilidades:  Brecht ou Stanislavski. Eu, na verdade, nem sabia o que era um ou outro, mas acabei ficando com o segundo. Ficamos um ano estudando e fazendo laboratórios e de repente o grupo acaba sem montar nenhuma peça. Foi uma frustração do tamanho de um bonde. Eu dou muitas oficinas e cursos e, por menor que seja o número de horas, não deixo nunca de fazer uma montagem, por mais simples que seja.

Continuando… a Silvia Poggetti, no ano seguinte (1974), acabou entrando para o curso de teatro na ECA. Perguntei pra ela se havia por lá alguma atividade extracurricular de teatro que eu pudesse participar. Ela me disse que havia um grupo que estava trabalhando numa montagem de final de curso que chamava Vestido de Noiva, quem diria, acabou no Irajá. Era uma colagem de vários textos do teatro brasileiro, a partir de Nelson Rodrigues. Nesta montagem participavam, entre outros, o Zeca Capellini e a Cláudia Dalla Verde. Acabei participando da peça fazendo três aparições rápidas, mas foi muito importante pra mim, porque a partir dela montamos um grupo de teatro universitário composto por Robson de Camargo, Maria Cecília Garcia, Silvia Poggetti, Zeca Capellini e eu. Fizemos uma montagem com cenas de Brecht e do Boal e apresentávamos em favelas e escolas. O teatro era uma ação política e social, que na época era muito comum entre os grupos amadores.

Três anos depois, em 1977 resolvemos criar um grupo profissional. Nosso primeiro espetáculo foi um infantil: Não vou mais brincar de Cabra-Cega, que ficou em cartaz por cerca de um ano no teatro Ruth Escobar e nos teatros da Prefeitura de SP. Quando a temporada terminou o grupo continuou trabalhando, mas eu, por questões de saúde, parei de fazer teatro.

O encontro com Vladimir Capella

Quando me restabeleci, já em 1980, eu trabalhava no INSS. Um dia vi um cartaz que convidava os funcionários que quisessem montar uma peça para o Natal para um encontro. Quem estava dirigindo a montagem era Elvira Gentil e participavam Osvaldo Faustino – hoje um conhecido escritor, Miguel Bretas – que continua até hoje trabalhando como ator, entre outros. Eu namorava um músico, chamado Xexéu, que acabou participando com seu violão.

A Elvira me avisou que o pessoal do Teatro Markanti estava montando Arena conta Zumbi e faltava um músico. Lá fui eu, com o Xexéu. O diretor musical era o Vladimir Capella, que eu não conhecia, embora ele já tivesse montado Panos e Lendas e ganhado o Molière pelas músicas. Acabei ficando também no grupo e ajudando o Vladi na parte musical do espetáculo. Eu gostava de cantar e ele testava seus arranjos vocais comigo antes de mostrar ao elenco. Depois, nós acabamos substituindo dois atores que saíram do espetáculo. Foi a última vez que ele entrou em cena como ator. Depois disso, ele dedicou-se somente a escrever e dirigir seus lindos trabalhos. Ficamos muito amigos e como morávamos na mesma região, voltávamos juntos para casa, depois dos ensaios. Depois descobrimos que meu pai era amigo do pai dele e que tinham passado a juventude juntos. Tínhamos muitas afinidades.

Vladimir Capella começou sua trajetória no teatro com Elvira Gentil, em Osasco. Era muito tímido, mas já tocava violão e compunha. A Elvira tem a capacidade de revelar talentos, muitos artistas passaram pela mão dela. Ele tocava violão na peça que ela dirigia, mas ficava atrás da cortina, até que um dia, ela o obrigou a subir no palco. Tempos depois ele conheceu o José Geraldo, do Grupo de Teatro Pasárgada, não sei como, talvez porque morassem próximos. Os dois escreveram Panos e Lendas (em 1978). Esse texto era uma ousadia para a época. Eram várias lendas brasileiras, unidas pela história um indígena e seu filho que faziam um percurso que ia do começo ao fim do mundo. A peça integrou uma série de outras que foram as responsáveis pela renovação do teatro infanto-juvenil a partir dos anos 1978.

Vladimir foi meu grande amigo durante os melhores anos da minha juventude. Eu o considero o maior dramaturgo para crianças e jovens que já apareceu no Brasil. Sua arte faz muita falta e seus textos deveriam ser estudados nas escolas e montados profissionalmente para que nunca sejam esquecidos.

Leitura do texto O Feitiço da Vila, na APTIJ Associação Paulista de Teatro para a Infância e Juventude. Na foto: Sidnei Donatelli e Cibele Troyano, com direção de Claudia Della Verde, 1992

O início profissional

Em 1981, o autor e diretor Zeca Capellini, com o qual eu havia trabalhado naquele grupo universitário que mencionei, resolveu montar Fada Rock, texto seu e de Cláudia Dalla Verde. Ele me convidou para fazer parte do elenco. Como a peça era um musical, sugeri trazer o Vladimir para compor as melodias para as letras da Cláudia Dalla Verde.  Vladimir então compôs as músicas de Fada Rock e no ano seguinte esse grupo, que se chamava Teatro da Terra, montou Feitiço da Vila, outro texto da dupla Zeca e Claudia, com canções também compostas pelo Vladi. Ambos os textos foram resgatados por Júlio Carrara com leituras encenadas virtualmente no projeto CAD Quarentena. Estão disponíveis no youtube. Foi na montagem de Fada Rock que eu conheci o meu companheiro Jorge Ferreira Silva, que foi chamado para fazer a construção do cenário. Começamos ali um namoro que em 2021 completou quarenta anos. Temos dois filhos e um netinho.

Ainda em 1981, Vladimir estreou Como a Lua, que é, na minha opinião, um dos seus textos mais lindos. Nele aparece a primeira personagem capelliana, o Payá, que era brilhantemente vivido por Marcos Frota. Essa primeira montagem da peça é daqueles espetáculos que ficam pra sempre na lembrança de quem teve o privilégio de assistir.

Em 1983 fui trabalhar novamente com Elvira Gentil, que dirigia Alice Candura, Pura, Pura, de Naum Alves de Souza. Depois dessa montagem, Naum nunca mais permitiu mais o texto fosse encenado. Não sei bem a razão, mas é uma pena, porque é muito divertido. Trata-se da história de uma criança que ao nascer é jogada numa lata de lixo que está entre um convento e um bordel. E ela vai crescendo e convivendo ora com as freiras, ora com as prostitutas.

Nesse mesmo ano, o Vladimir, que ainda estava no Grupo Pasárgada, me convida para participar como atriz da montagem de um texto juvenil escrito por ele, Filme Triste. Na verdade, nessa época não existia a categoria “juvenil” ou “teatro jovem”. Ou era infantil ou era adulto. Filme Triste estreou em 1984, como teatro adulto, mas como teatro adulto não foi bem recebido pela crítica. Estávamos no momento das Diretas já. A história se passava entre a renúncia de Jânio Quadros e o golpe militar de 1964. Entretanto, o tratamento dado pelo Vladi aos acontecimentos políticos desse período, tratando-os como pano de fundo para a história de vinte jovens da classe média paulistana, talvez tenha sido a razão do descontentamento de alguns críticos. Depois dessa experiência Vladimir não voltou a encenar nenhum espetáculo no horário adulto.  A peça estreou no Centro Cultural São Paulo e contava com vinte atores.

Vladimir Capella, no Grupo Pasárgada, 1978

Ao mesmo tempo em que participava de Filme Triste eu fazia um espetáculo infantil escrito e dirigido por Celso Saiki, que era um dos fundadores do grupo Ponkã, integrado por atores descendentes de japoneses. O braço para montar espetáculos para crianças chamava Kin-Kã e o espetáculo chamava Sorve Star – Uma Viagem Intergelática. Sorvestar contava a história de um país gelado que estava sendo invadido por Quentálides. A peça fez uma boa temporada no teatro de Arena e em vários outros teatros da cidade e foi remontada inúmeras vezes.

Em 1985, Vladimir Capella escolhe oito atores, dos vinte que faziam Filme Triste, para participar de Avoar, um texto que ele havia escrito em 1981, mas só dirigiria agora. Todos os atores escolhidos tocavam algum instrumento e sabiam cantar. A peça conta a história de um grupo de pessoas tristes que vivem em uma cidade grande, chuvosa e escura. Essas pessoas ouvem algumas crianças cantando uma música que fala de liberdade: Por mim não, borboleta, você pode avoar… A canção faz com que eles se libertem de suas roupas pesadas e comecem a brincar. Numa das brincadeiras, um dos personagens pede para os demais buscarem “uma lua, uma palmeira e uma canção”. O cenário era formado por escadas simbolizando prédios, que se transformam em um barco, no qual os atores navegam em busca das três prendas. Eles encontram a palmeira, mas esta é destruída por eles mesmos. Encontram a lua, mas ela se esconde atrás dos prédios. Finalmente se lembram da canção que ouviram no início da sua jornada. Eles cantam-na com força e vontade, trazendo a lua de volta, mostrando como a arte é capaz de transformar a vida.

Para escrever esse texto, Vladimir fez uma pesquisa enorme buscando histórias e cantigas esquecidas. Fez um levantamento de mais de duzentas músicas, das quais escolheu umas vinte para o espetáculo. Tato Fischer o ajudou, lendo as partituras e tocando as músicas para conhecer. A peça ficou em cartaz no teatro Eugênio Kusnet e seguiu uma linda carreira, sendo remontada até hoje.

Ainda em 1985, participei de um espetáculo adulto. Mais Quero Asno que me Carregue, que Cavalo que me Derrube, texto de Soffredini, Já era a segunda ou terceira montagem desse texto, dessa vez com a direção de Ednaldo Freire, convidado pelo grupo Zambelê, que produziu o espetáculo. A peça ficou em cartaz no Teatro das Nações. Meu trabalho, sob a batuta do genial Ednaldo, foi muito elogiado pela crítica.

Em 1986 voltei a trabalhar com o Vladimir.  Ele havia deixado o Pasárgada e junto com Eber Mingardi, Vanderlei Pira, Lizette Negreiros, Valenia Santos, Lourdinha Miranda, Reinaldo Renzo e Suzana Lakatos, criamos o grupo Movimento Ar e começamos a ensaiar o espetáculo Antes de Ir ao Baile. A história de quatro idosos que se encontram com eles mesmos, quando crianças e, simultaneamente, a história de quatro crianças que se encontram com elas mesmas quando já estão velhas fugia completamente dos padrões do teatro infanto-juvenil do período. Um texto incrível, cheio de simbolismo, que intercala cenas dos velhos com as das crianças até que em certo momento ocorre o encontro inusitado dos dois grupos. No meio dos ensaios a mãe do Vlad faleceu e foi um período muito difícil para ele.

A montagem foi um sucesso de crítica (ganhamos todos os prêmios do ano), mas um retumbante fracasso de público. Era um espetáculo muito ousado para a época. Também nos apresentamos numa mostra de teatro no Rio de Janeiro, mas nessa empreitada, nem mesmo a crítica nos foi favorável. Conclusão: fizemos uma dívida enorme e demoramos um tempão para pagar. No final, o Vladi acabou vendendo a produção para um grupo mineiro, e saldou aquela dívida que não acabava mais.

Depois de Antes de ir ao baile, o Vladimir foi convidado pela Mayara Magri. Foi assim que ele escreveu Maria Borralheira, a partir da versão de mesmo nome, escrita por Sílvio Romero. Eu não fui chamada para o elenco, embora Mayara quisesse que eu participasse como uma das irmãs. Vladi, no entanto, sabiamente, acreditava que as irmãs da Borralheira tinham que ser tão bonitas quanto ela. E que a escolha do príncipe, não se daria em razão de sua beleza e sim pelo que ela era como pessoa. Então ele chamou duas atrizes jovens e tão bonitas quanto a Mayara: Evinha Sampaio e Tatiana Nogueira.

Volta ao Zambelê

Como não participei da montagem de Maria Borralheira, aceitei o convite do Zambelê para voltar a trabalhar com o grupo. Aldo Avilez, produtor, Luiz Ferrari, grande ator já falecido, Márcia Rizzardi e Marcos Arthur, diretor musical estavam em dúvida entre dois textos. Sugeri que escolhessem Guaiú, a Ópera das Formigas, um texto escrito em versos. A proposta era encená-lo todo cantado, do começo ao fim, tal qual uma ópera.

O espetáculo precisava de doze atores/cantores. Queriam que eu fizesse a protagonista, uma rainha, mas achei que seria muito melhor que a Lizette Negreiros fizesse o papel, pelo talento imenso que ela esbanja nos palcos. Foi nossa primeira convidada e aceitou trabalhar com a gente, mesmo sem nenhum dinheiro. Depois vieram Cleide Queiroz, Valênia Santos, o saudoso Fernando Petelinkar, Edgar Santos, Antonio Miranda. Debora Dubois e Evinha Sampaio. Para viver o protagonista do elenco masculino pensamos no Eduardo Silva, mas, como já disse, estávamos fazendo o espetáculo sem dinheiro. Fiquei receosa, mas acabei ligando pra ele. E qual foi minha surpresa quando ele aceitou, dizendo que o importante era o espetáculo e não o dinheiro! Começamos a ensaiar em 1987 e estreamos no ano seguinte.

Para a direção chamamos Jamil Dias, que já tinha certa experiência em dirigir óperas. O cenário e figurinos foram criação do Marco Antonio Lima. O cenário era todo branco contrastando com as roupas que eram pretas. Era um visual revolucionário para um espetáculo infantil, que além de tudo não tinha uma só palavra falada. Era cantado do começo ao fim. O Dib Carneiro Neto estava começando como crítico na Revista Veja e fez uma crítica maravilhosa, que nos ajudou muito. A estreia foi no Teatro João Caetano, com mais de 600 lugares. Depois da crítica super favorável do Dib, começamos a lotar. Nós fazíamos duas sessões no sábado e duas no domingo e foi assim até o final da temporada, fora as vendas que fazíamos para as escolas. Inacreditavelmente, ganhamos muito dinheiro!  E o melhor de tudo é que o Núcleo Zambelê se tornou uma referência para o teatro infanto-juvenil, pela qualidade estética deste e dos espetáculos que se seguiram.

Ainda em 1988, fui convidada pelo Geraldo Petean para trabalhar numa comédia que ele escreveu junto com o Franco Renaud, chamada Dagmar, a Perigosa. A peça, que era para o público adulto, foi dirigida pelo Tacus (Dionísio Jacob) que vinha do grupo Pod Minoga. Fizemos uma boa temporada no recém-inaugurado espaço OFF. No elenco estavam, além do Gê Petean e do Franco, Mariana Suzá e Tatiana Nogueira.

Em 1990, ainda com o Zambelê, criamos um espetáculo chamado Cantando Teatro, que era composto apenas por canções criadas para espetáculos teatrais. Fizemos uma pesquisa e o Gustavo Kurlat fez a direção musical. Foi um espetáculo alternativo, que fizemos para homenagear o teatro, mas não teve grande repercussão, apesar da qualidade musical. Mas foi importante, pois a partir desse espetáculo e da pesquisa realizada, selecionamos as músicas compostas para o teatro infantil e montamos o Cantando Histórias, que não entrou em cartaz, mas percorreu todo o Estado de São Paulo, em todos os SESCs, e circuitos existentes. Ficamos muito tempo sobrevivendo com esse espetáculo.

Em 1991, fui convidada para participar do infantil A Pedra Mágica, de Miriam Bevilacqua e Julio Kadett, direção Cristina Trevisan e produção da Matilde Mastrangi. Era um conto de fadas e a história se concentrava em torno de uma pedra que tinha poderes mágicos. A Matilde era uma excelente produtora e a peça foi bastante elogiada e fez uma boa carreira no Teatro Ruth Escobar.

Em 1993, eu, meu companheiro Jorge Ferreira Silva e a querida atriz Cleide Queiroz fomos para o Uruguai. Vimos um espetáculo para crianças chamado Sexo, Chocolate e BCG, dirigido por Jorge Esmoris, um importante diretor de Montevidéu. A Cleide teve a ideia de levar o texto para ser montado em São Paulo. Conversamos com o Esmoris, ele cedeu o texto, eu e o Jorge traduzimos e apresentamos o projeto para o Zambelê.

Estávamos em plena época da AIDS, com campanhas governamentais horrorosas que diziam que transar era ficar doente. Nós queríamos fazer uma peça onde dizíamos que fazer sexo era uma delícia, que o importante era se prevenir, usar camisinha. Para tanto nos cercamos de psicólogos, da equipe da Marta Suplicy, que na época trabalhava apenas como sexóloga e de pessoas que trabalhavam em campanhas de educação sexual. O Gustavo Kurlat fez novas músicas e convidamos o saudoso João Albano para dirigir.

O cenário era um circo: o circo da vida. Cada personagem representava um órgão do corpo humano:  os dois peitinhos, as bolinhas do saco, o pênis, a vagina, a boca e o coração. No final o circo “caia” literalmente com a aparição da AIDS. Os personagens então colocavam umas capas, que simbolizavam as camisinhas e assim salvavam o circo e suas próprias vidas.  No saguão do teatro Ruth Escobar, depois do espetáculo, nós ensinávamos o público a utilizar corretamente o preservativo, usando uma banana como demonstração. Chamamos a peça de Sexo, Chocolate e Zambelê e ficamos muitos meses em cartaz, com um enorme sucesso de público e crítica. Não conseguimos nenhum patrocínio junto às fábricas de preservativos, que não queriam associar seus nomes à AIDS…

Com esse espetáculo o Zambelê firmou-se como um dos mais importantes grupos de teatro musical para crianças e jovens, sem esquecer que naquele tempo não usávamos microfones. Era tudo cantado no gogó.

Virei mãe

Durante a temporada, fiquei grávida do meu primeiro filho, o Diego. Casei com o Jorge no dia 31 de julho de 1993. Escolhemos a data para juntar a festa com a do aniversário do Vladimir Capella. Naquela época nossa casa, que ficava numa travessa da rua Cubatão, na Vila Mariana, era o ponto de encontro de grande parte da classe teatral paulistana. Todos os dias nos reuníamos lá pra beber, cantar, inventar projetos e muito mais. No Natal e no Ano Novo todos os sem família baixavam lá. Fazíamos várias festas de aniversário também. Tinha tanta gente na festa do nosso casamento que um vizinho abriu a casa dele pra abrigar os que não conseguiam entrar. O Diego nasceu em dezembro daquele ano e eu, paulatinamente, fui diminuindo aqueles ruidosos e enfumaçados encontros. Eu não conseguia concatenar maternidade com a boemia. Alguns amigos se ressentem até hoje dessa minha atitude. Mas a maternidade me pegou fundo. Também reduzi minha atividade teatral. Durante o dia eu trabalhava como socióloga no INSS, à noite queria ficar com o Diego.

O Zambelê continuou trabalhando e montou Chimbirins e Chimbirons, uma história no gênero Romeu e Julieta, todo cantado a capela, sem uma única palavra inteligível. Tudo em “blablação”. Uma beleza!

Em 1994, com o Diego ainda pequenininho, fui convidada pela Matilde Mastrangi para participar da montagem de A Sereiazinha, com direção do Eduardo Martini. O elenco contava com Patrícia de Sabrit, Vanessa Gerbelli, Jorge Julião, Noemi Gerbelli, entre outros. Os ensaios eram à tarde e eu consegui participar. A montagem já tinha sido realizada no Rio e foi também um enorme sucesso em São Paulo, com uma temporada com casa cheia no Teatro Bibi Fereira.

Ainda em 1994 ou 1995, fui convidada a fazer uma leitura na Casa da Palavra, em Santo André. O cachê era pequeno e só dava para dois atores. Chamei o Jorge Julião. Ele disse que tinha vontade de ler os textos do Arthur Azevedo publicados no livro Teatro a Vapor. Escolhemos umas vinte histórias e vivíamos vinte personagens cada um. Entre as cenas nós tocávamos gaita, escaleta e instrumentos de percussão. A leitura ficou muito divertida e agradou demais. Tínhamos ensaiado tanto que o texto já estava quase que decorado. Saímos empolgados e resolvemos montar um espetáculo que chamamos Rápidas de Arthur Azevedo. Fizemos um projetinho de duas páginas e enviei um fax (!) para todas as unidades do SESC. Resultado: ficamos quase quatro anos fazendo esse espetáculo. Foi o jeito que encontrei de poder estar fazendo teatro e cuidando dos meus dois filhotes. Tenho saudade dessa montagem. Era muito divertida.

Durante esse período fiquei grávida do meu segundo filho: Francisco, que nasceu em maio de 1997.

Volta à Universidade

No ano de 2000 eu andava bem saudosa dos palcos, mas não encontrava maneira de voltar pra valer.  Pra ficar perto do teatro, resolvi fazer mestrado. Eu só precisaria me ausentar de casa uma vez por semana e poderia tranquilamente continuar tomando conta das crianças. Ingressei na ECA-USP. Escolhi como tema o Teatro de Vladimir Capella. Isso por duas razões: Primeiro porque ele era uma pessoa muito importante na minha vida. Segundo porque para mim, Vladimir é o maior dramaturgo de teatro para crianças e até então ninguém tinha se debruçado sobre sua obra. Tive o privilégio de ter Maria Lucia de Souza Barros Pupo como minha orientadora. Fiz cursos maravilhosos com Silvia Fernandes, Clóvis Garcia, Lidia Fachin. Foi um período muito enriquecedor, uma vez que eu nunca havia feito um curso formal de teatro. Como já disse, minha formação foi como socióloga. Cheguei a ingressar no Mestrado em Ciências Sociais no ano de 1977. Meu orientador era o falecido Octávio Ianni e meu tema era o movimento anarquista no Brasil. Mas eu não consegui concluir a dissertação.  Terminei os nove créditos necessários, com bastante êxito, mas não consegui me entender com o Octávio Ianni. Talvez eu fosse muito jovem e imatura (estava com 22 anos na época), talvez o marxismo dele não me caía bem, o fato é que abandonei o curso. O curioso é que no dia em que fui fazer matrícula na ECA, mais de vinte anos depois, encontrei com ele no ponto de ônibus. Eu não acreditava no que via… Seria o Octávio Ianni? Esperando o ônibus? Fui até ele e disse: – Você não deve lembrar de mim, mas fui sua orientanda nos anos 1977 na PUC. Na época desisti do curso e hoje inicio um mestrado na ECA. Acho uma grande coincidência encontrá-lo aqui! E ele riu e me disse que estava dando um curso lá e desejou-me boa sorte. Foi a última vez que o vi. Concluí o mestrado em 2004. Minha dissertação O enigma da morte no teatro de Vladimir Capella analisou dezesseis textos de Vladimir Capella e discute como ele trata da questão da morte em cada um deles. Está publicada aqui no site da CBTIJ.

A volta ao Teatro

Em 2005, Gabriela Rabello me convidou para participar de um projeto que ela iria dirigir na Estação Ciência. Era uma peça didática, voltada para o público infanto-juvenil, que tratava da questão do uso da energia. O texto O Poeta e o Vento foi escrito por Calixto de Inhamuns. Foi um trabalho muito gostoso de se fazer e deu um resultado excelente. O elenco contava com Andrea Soares, Cauê Matos, Valdir Rivaben e eu.

Também nesse período, o Vladimir me convidou para trabalhar com ele e com Paulo Ribeiro em um projeto social da Indústria Farmacêutica Roche, com adolescentes em situação de risco. O projeto durou um ano e o resultado foi excelente. Realizamos com os adolescentes a montagem de Avoar, que foi apresentada no Teatro Santa Cruz. Foi um projeto que transformou a vida de muitos daqueles jovens.

Logo depois comecei a trabalhar com Paulo Ribeiro. Durante quase dez anos o Paulo tinha sido assistente do Vladimir. A partir de 2006 ele começou a dirigir seus próprios trabalhos e me chamou para ser sua assistente. Fiz com ele três espetáculos: Rapsódia dos Divinos, e O Poeta e as Andorinhas,  no Teatro Imprensa e Aladim, o Musical com produção da Chaim Produções.

A partir de 2005 passei também a lecionar teatro no curso de pós-graduação da Faculdade Paulista de Artes, onde permaneci por 13 anos. De 2007 a 2010 lecionei teatro na Escola Móbile. Fiquei um bom tempo apenas trabalhando como assistente de direção e lecionando.

Foi só em 2010, que voltei a trabalhar como atriz, numa adaptação que o Paulo Ribeiro fez de Aquele que diz Sim, Aquele que diz Não, de Brecht, chamada Curumim Disse Sim e Curuminha Disse Não.  Ficamos algum tempo em cartaz no teatro Cleyde Yáconis. A peça não agradou a crítica, apesar da cuidadosa produção do Paulo.

Em 2018 fui chamada para substituir Cleide Queiroz no espetáculo Cabaré Literótico Musicado, direção de Ligia Pereira. O grupo As Tias era formado por Maria do Carmo Soares, Salete Fracarolli, Jo Rodrigues e Cleide Queiroz. O texto, composto de canções e poemas eróticos, interpretados por quatro atrizes idosas, ficava muito interessante no palco. Foi muito difícil substituir uma atriz gigante como a Cleide, mas muito prazeroso ter participado da montagem. Na segunda produção do grupo chamada Quando Ismália Enlouqueceu, com direção de Fernando Cardoso, ocorreu coisa parecida. A Cleide saiu para fazer um solo chamado Palavras de Stella, baseado em Stella do Patrocínio, e foi substituída por Vera D’Agostino, que por sua vez não pode continuar e eu entrei para substituí-la. E na terceira produção do grupo, como a Cleide continuava trabalhando com seu solo, eu já entrei como atriz desde o início do processo. A montagem, realizada em 2021, E o Céo Uniu Dois Corações, texto de Antenor Pimenta, com direção de Fernando Cardoso, fez temporada no Teatro Giostri e no Teatro Commune.

Projetos pessoais
Por volta de 2005, quando completei 50 anos, comecei achar que já era o momento de desenvolver meus próprios projetos pessoais e afetivos. Claro que antes disso eu já havia realizado alguns, como Sexo Chocolate e Zambelê e Cantando Teatro, mas dessa vez eu pensei que não queria mais me preocupar com retorno financeiro ou coisa desse tipo. Queria usar o palco pra dizer o que eu tivesse necessidade de dizer. Decidi ter coragem de expor minhas ideias.

A primeira oportunidade de colocar isso em prática ocorreu em 2007. Emma Goldman e a Revolução Russa foi um projeto do Núcleo de Sociabilidade Libertária (Nu-Sol), coletivo formado por professores e alunos do curso de Ciências Sociais da PUC. Sabendo da paixão que eu nutria desde os anos 1980 por essa mulher tão especial, eles me convidaram para viver Emma Goldman num monólogo. Trabalhamos juntos no texto e na encenação. A peça, que foi anunciada como uma aula-teatro,  foi apresentada no Tucarena por dois fins de semana, com casa lotada por estudantes e professores. O texto foi publicado na Revista Verve nº 12, da PUC SP. Anos depois, em 2013, escrevi Emma Goldman, uma vida libertária, da qual falarei daqui a pouco.

Em 2011, realizei outro projeto pessoal: o show musical Impressões Digitais de Miriam Batucada, apresentado no Sesc Vila Mariana. Eu tenho um amigo cineasta, o Cristiano Sotano, que havia gravado um longo depoimento com a Miriam Batucada. Esse material estava lá na casa dele parado e achei que poderia aproveitá-lo para montar um espetáculo. Pensei primeiro numa peça de teatro, mas depois acabou virando um show, com várias músicas e poemas da Miriam e também com aspectos de sua biografia. Consegui uns músicos incríveis, como o Elias Fontão Karbage, que fez os arranjos, o Julio Maluf que fez a direção musical e o Francisco Tavares na percussão. No dia da estreia a irmã dela, Mirna, veio de Maringá, onde reside, para ver o show. Ela subiu ao palco e fez um breve discurso. Disse-me que havia ido ao cemitério para “contar” para a Miriam que alguém estava fazendo um show em sua homenagem e que reparou que ao lado da lápide havia nascido uma flor. Foi muito bonito. O show teve uma carreira bem curta, mas foi uma das coisas que mais amei ter feito na vida. Eu era muito fã da Miriam quando eu era menina. Não a conheci pessoalmente, mas sentia (e sinto) uma enorme admiração por ela. Creio ser mais um caso de esquecimento por parte dos estudiosos de música. Ela é uma grande poeta e compositora. Uma vez enviei o material do show para um edital do SESI e um dos funcionários que o leu me disse: – Seu projeto é muito bom, mas infelizmente ninguém sabe quem é Miriam Batucada…

Depois que a temporada terminou, enviei o material (um vídeo bem simples, gravado com uma câmera só) para o Rolando Boldrin e acabei participando no Sr. Brasil, cantando três músicas. Esse foi o maior prêmio que recebi da vida.

Em 2013, no calor das manifestações de junho, resolvi retomar a história de Emma Goldman. Para quem não conhece, Emma (1869-1940) é uma mulher que se notabilizou por propagar as ideias anarquistas e feministas e por ter sido crítica de dois mundos: o capitalismo norte-americano, com o qual conviveu a maior parte de sua vida e o comunismo soviético, que conheceu de perto entre 1919 e 1921.

Naquela montagem de que eu havia participado em 2007, o foco era a experiência de Emma com a Revolução Russa. Dessa vez, resolvi abordar o período em que ela viveu nos Estados Unidos. O trabalho ficou com o título: Emma Goldman, uma vida libertária. Pedi a alguns amigos para servirem de interlocutores e consegui contribuições preciosas como as de Cleide Queiroz, Marcio Tadeu, da saudosa Wilma de Souza e Elvira Gentil. Estreei meio insegura e aos poucos fui aperfeiçoando o trabalho, coisa que faço até hoje. Já apresentei a peça inúmeras vezes. Nos espaços mais inusitados, incluindo um coletivo punk e uma sinagoga. É muito gratificante ver como as ideias de Emma têm eco junto a jovens. Hoje em dia há muita gente traduzindo suas obras e fazendo trabalhos acadêmicos sobre ela. Gosto de pensar que eu dei uma pitada de contribuição para que isso acontecesse.

Nessa linha “faço o que eu quero”, em 2017 escrevi com a atriz Beatriz Berg o texto Horrores e Errores da Revolução Russa. Estreamos no Tucarena, por ocasião da comemoração dos cem anos da Revolução Russa e tivemos um público enorme! Por incrível que pareça existe público para esse tipo de espetáculo. Foi uma experiência muito interessante, pois conseguimos adaptar um livro de sociologia, escrito por Maurício Tragtenberg e colocá-lo no palco com muito humor e irreverência. Foi também uma alegria imensa trabalhar com a Bia Berg, que é uma atriz que eu admiro demais e com a qual tenho muitas afinidades.

O mais recente projeto pessoal foi o de trabalhar sobre a vida e obra de um filósofo, geógrafo e historiador russo chamado Pedro Kropotkin, muito pouco conhecido por nós agora, mas muito lido e apreciado pelos operários brasileiros do início do século XX. Suas ideias são atualíssimas e muitas vezes apagadas pela esquerda institucional marxista.

Com a ajuda de minhas queridas amigas dramaturgas Gabriella Rabello e Cláudia Dalla Verde, escrevi Kropotkin, uma visão feminina, que, devido à pandemia, virou um espetáculo virtual, com direção de Julio Carrara. O vídeo estreou em 2020, no Colóquio Internacional Piotr Kropotkin – Ativismo e Pesquisa, realizado pelo Departamento de Geografia da Universidade de São Paulo.  Foi visto por mais de 1000 pessoas no site do colóquio e por mais de trezentas no meu canal do youtube. Um número expressivo para um trabalho tão “off off Broadway”! Este ano vou transformá-lo num espetáculo presencial.

Estou também pensando em fazer um trabalho sobre uma mulher maravilhosa que participou da Comuna de Paris de 1871, a escritora, romancista e jornalista André Leo. Estou ainda na fase de pesquisas.

Essas personagens são pouco conhecidas. Eu gosto de resgatá-las para mostrar o quanto suas ideias ainda são importantes para a nossa vida.

 

1977 – Não Vou Mais Brincar de Cabra Cega, de Vicente Parisi, direção do autor
1980 – Arena conta Zumbi, de Gianfracesco Guarnieri e Augusto Boal, direção Vladimir Capella
1981 – Fada Rock… Fada Rock, de Zeca Capellini e Claudia Dalla Verde, direção do autor
1981 – O Gato de Botas, adaptação  Telassim Rodrigues, direção Marlene Santos
1982 – Feitiço da Vila, de Zeca Capellini e Claudia Dalla Verde, direção da autora
1983 – Alice Candura, Pura, Pura, de Naum Alves de Souza, direção Elvira Gentil
1984 – Filme Triste, texto e direção Vladimir Capella
1984 – Sorvestar – Uma Viagem Intergelática, texto e direção Celso Saiki
1985 – Avoar, texto e direção Vladimir Capela
1986 – Antes de ir ao Baile, texto e direção Vladimir Capella, Teatro do Bixiga
1987 – Antes de ir ao Baile, texto e direção Vladimir Capella
1988 – Antes de ir ao Baile, texto e direção Vladimir Capella, Teatro Cacilda Becker, RJ
1988 – Guaiu, A Ópera das Formigas, de Marcos Arthur e Silvio Ferreira Leite, direção Jamil Dias
1990 – Cantando Teatro, Núcleo Zambelê, direção Gustavo Kurlat
1990 – Cantando Histórias, direção musical Gustavo Kurlat
1992 – A Pedra Mágica, de Miriam Bevilaqua, direção Cristina Trevisan
1992 – Sexo, Chocolate e Zambelê, texto de Jorge Esmoris, direção João Albano
1994 – A Sereiazinha, texto de Marcelo Saback, direção Eduardo Martini
1997 – Rápidas de Arthur Azevedo, textos Arthur Azevedo, concepção Cibele Troyano e Jorge Julião
2005 – O Poeta e o Vento, de Calixto de Inhamuns, direção Gabriela Rabello
2010 – Curumim Disse Sim e Curuminha Disse Não, texto e direção Paulo Ribeiro

2007 – Rapsódia dos Divinos, texto e direção Paulo Ribeiro
2008 – O Poeta e as Andorinhas, texto e direção Paulo Ribeiro
2010 – Aladdin, o Musical, texto e direção Paulo Ribeiro


1985 – Mais Quero Asno que me Carregue, que Cavalo que me Derrube, de Soffredini, direção Ednaldo Freire, Núcleo Zambelê
1987 – Invensons, de Gustavo Kurlat, Pablo Nojes e Rogério Costa, direção Pablo Nojes
1988 – Dagmar a Perigosa, de Geraldo Petean e Renaud, direção Tacus
1992 – Pânico, texto e direção Pazzetto
2007- Emma Goldman na Revolução Russa, criação coletiva do núcleo de sociabilidade libertária (Nu-Sol) e Cibele Troyano, direção Edson Passetti
2011 – Rosa Vermelha, texto e direção de Dulce Muniz
2011 – No Tom do Luar, direção Elvira Gentil
2014 – Bar D’hotel, direção Jair Aguiar
2014 – Quem Vem pra Beira do Mar, direção Elvira Gentil
2015/2016 – Nem todo Ladrão Vem para Roubar, de Dario Fo, direção José A. Marin
2016 – Emma Goldman, uma Vida Libertária, de Cibele Troyano
2016 – Fora do Mundo, texto e direção Analy Alvarez
2018 – Cabaré das Tias, direção Ligia Pereira
2019 – Na Cama com Molière, direção John Mowat
2020 – Quando Ismália Enlouqueceu, direção Fernando Cardoso
2021 – E o Céo Uniu Dois Corações, texto Antenor Pimenta, direção Fernando Cardoso

2014 – O Homem que corrompeu Hadleyburg

2003 – A Turma do Gueto, TV Record
2007- Ágora, Agora, como integrante do elenco fixo, TV PUC. 2010

2010 – Famaliá, curta metragem

1985 – Prêmio APETESP – Indicada como atriz por Avoar
1986 – Prêmio APETESP – Indicada como atriz por Antes de Ir ao Baile
1989 – Prêmio APETESP -Indicada como atriz coadjuvante por Guaiú, a Ópera das Formigas
2014 – Menção Honrosa do concurso de Feminina Dramaturgia pelo texto O Homem que corrompeu Hadleyburg

1987/1989 – Participou da diretoria da Cooperativa Paulista de Teatro e da Associação Paulista de Teatro para Infância e Juventude – APTIJ
2005/2017 – Professora de Teatro no curso de Pós Graduação em Artes Cênicas na Faculdade Paulista de Artes. Disciplinas: Teatro para Psicopedagogia; Teatro para Arte e Educação, História da Cultura, Interpretação I e II, Pesquisa Orientada. Filosofia da Arte.



O Enigma da Morte no Teatro de Vladimir Capella

Link em nosso site:
https://cbtij.org.br/categoria/pesquisa-academica/o-enigma-da-morte-no-teatro-de-vladimir-capella/

Kropotkin, uma visão feminina:

https://www.youtube.com/watch?v=SDj7NJIutEM

Depoimento dado à Antonio Carlos Bernardes na residência da entrevistada, no Ipiranga, em São Paulo, em 30 de março de 2022.