Denise Crispun

Primeiras lembranças

Voltando atrás no tempo, um dos espetáculos que me marcou quando criança foi uma montagem de O Rapto das Cebolinhas de Maria Clara Machado. Sempre que podia, minha mãe nos levava ao teatro ou para fazer aulas de artes. Lembro especialmente de um curso de pintura, no MAM – Museu de Arte Moderna, aos sábados, que eu adorava e outro de escultura, pintura, e massa de modelar na Hebraica.

Meus pais eram imigrantes de segunda geração, não tínhamos muito dinheiro, a vida era dura mas minha mãe sempre prezou as atividades culturais e lia para nós quando crianças. Eu comecei a ler muito cedo e isso me abriu um novo mundo. Lembro de nós três, bem pequenos, nesse curso do MAM e assistindo peças para crianças. Acho que O Rapto das Cebolinhas vi num salão da Clube Hebraica. Não era com o pessoal do Tablado, que só fui conhecer mais adiante, quando comecei a trabalhar com teatro. A montagem da Hebraica não era profissional, mas me impressionou. Lembro também de outra montagem, de A Onça e o Bode. Uma disputa onde ninguém tinha razão. A trama ficou na minha cabeça. Quem sabe foi daí que eu comecei a formular histórias? Essas encenações, bem simples, fizeram uma grande diferença para mim. Não precisava ser num teatro tradicional para ter importância. Acho que é por isso até hoje eu acredito que dá para fazer teatro de diferentes maneiras, e eu adoro o desafio de fazer teatro em qualquer lugar.

Meu pai nasceu no sul do país, mas meus avós vieram da Rússia e da Polônia, todos  imigrantes judeus que vieram entre as guerras. Eles chegaram nos anos 20.  Agora mais velha, passei a pesquisar o caminho que eles fizeram, e estou buscando as origens da minha família na época da imigração. Sei que meu avô veio de navio com a família em 1923. Eles não sofreram as agruras da guerra diretamente, imigraram bem antes do Holocausto, mas vieram para tentar uma vida melhor, e também para fugir das perseguições aos judeus. Meus avós, do lado do meu pai, queriam ir para a América do Norte. A América era um mito, o novo El Dourado. Lá com certeza, haveria mais oportunidade, era o que todos diziam. Os irmãos dos meus avós conseguiram imigrar para os EUA, mas como o meu avô já tinha três filhos, o visto foi negado e eles tiveram que procurar outras possibilidades. Por isso, eles imigraram primeiro para a Argentina, depois tentaram a vida Rio Grande do Sul, até que se radicaram no Rio de Janeiro, onde havia uma grande comunidade judaica em Nilópolis.

Primeiras atividades teatrais

Fiz faculdade de História. Achei que seria professora, ou pesquisadora. Logo no início da faculdade eu já trabalhava com pesquisa, gostava muito, pensei que seria meu caminho natural. Mas ao mesmo tempo gostava de escrever, escrevia poesias, pequenos contos, imaginava algumas ideias para curtas. Meu irmão Beto, já fazia teatro no Andrews. Foi ele que me incentivou a fazer o curso da CAL – Casa de Artes Laranjeiras. Isso, aconteceu junto com o curso de história.

Foi também o Beto, que me pediu para escrever minha primeira peça, em 1985, Morangos e Lunetas. Acabamos escrevendo em parceria, cada um colocando uma ideia, seguindo com a história, e ele dirigiu. Para nossa surpresa, a peça foi um grande e inesperado sucesso.

A ideia original veio de uma das minhas poesias. É a história de uma estrela movida pela curiosidade que não se adapta, e ao mesmo tempo em que quer viver novas experiências, precisa se adequar ao mundo. É a história de uma busca, e acho que todos nós passamos por ela. A poesia e o tema pareciam se adequar para crianças, e eu segui nesse caminho. Escrever para crianças surgiu naturalmente através dessa primeira aventura que criei, ainda na máquina de escrever. Não foi um projeto pensado, mas a partir desta peça passei a estudar sozinha para me aprofundar no universo infantil. Minha formação foi a prática, e principalmente a bagagem de tudo o que li. Fui uma criança voraz com os livros, e quando pequena adorava especialmente os contos de fadas e a literatura de fantasia.

O Beto fazia parte de um grupo de teatro, no Colégio Andrews. Eles já tinham encenado uma peça no Parque Lage, mas não era para crianças. Com o texto pronto, decidimos produzir Morangos e Lunetas. Nessa primeira incursão, para viabilizar a montagem, acabei virando produtora. Era uma produção caseira, todo mundo ajudava. Fizemos um esforço coletivo para levantar o espetáculo. Na prática aprendemos a fazer de tudo. E minha mãe, que sempre costurou muito bem, nos ajudou a confeccionar os figurinos. No elenco estavam Patrícia Pillar, Solange Badim, Marcia Rubin, Ticiana Studart, Fernando Neder, Isaac Bernat, Guico Cordeiro e Ednaldo Eiras.

Mas a aventura não acabou. Com sucesso de público e crítica, indicados a muitos prêmios, ficamos animados em seguir com a peça. Beto e eu tínhamos amigos em São Paulo. Mandamos uma carta para o Teatro Maria Della Costa de impulso, sem ter certeza de nada e para nossa surpresa o projeto foi aprovado. Eu falei pro Beto: “agora vamos, né!”, e fomos! Nossa amiga, a atriz Debora Olivieri, morava em São Paulo e nos apresentou a alguns atores. Trocamos uma parte do elenco e começamos a buscar apoios, hotel, casa de conhecidos. O Teatro Maria Della Costa era enorme, São Paulo era grande, tinha sessão de manhã também, pois Paulista não tem praia. Foi um grande risco que deu muito certo.

Fizemos muito sucesso em São Paulo, também indicados para vários prêmios. Talvez porque a gente tenha levado um trabalho com ares cariocas, um pouco mais livre, diferente do que eles estavam acostumados a assistir. Nos surpreendemos com a receptividade que tivemos e para todos nós. Foi uma experiência maravilhosa.

Um novo projeto

Foi por conta de Morangos e Lunetas, que conheci o Luís Salem, que me pediu para escrever uma peça para ele atuar. Como sempre gostei dos clássicos, e na minha formação autodidata tinha uma boa bagagem de contos universais e de fadas, decidi arriscar uma adaptação. Escolhi uma história simples, Pedro e o Lobo, que trazia uma bela moral, um encantamento em sua simplicidade e que eu conseguia visualizar sendo encenada.

Estreamos, em 1986, no Teatro Cândido Mendes e o retorno foi incrível. Fazíamos três sessões por dia. O teatro era pequeno, mas o público mergulhava na história e torcia junto. Convidamos Jonas Torres, que na época fazia o Bacana, do programa Armação Ilimitada para ser o Pedro, e isso deu muita verdade ao personagem. Jonas era um menino corajoso e cheio de virtudes como o Pedro. Beto dirigiu e pela primeira vez ganhamos um patrocínio da Shell. O João Madeira ao ver Morangos e Lunetas com as filhas se apresentou para nós e nos disse que quando fizéssemos um novo espetáculo que o procurássemos. Não era uma verba muito grande, mas deu para pagar cenários, figurinos, o trabalho da equipe técnica, e a parte gráfica. Seguimos com o espetáculo e ao terminar a temporada no Candido Mendes passamos para o Teatro Ipanema, um pouco maior. Ficamos quase um ano em cartaz e Pedro e o Lobo virou livro. Fiz uma adaptação da peça para um novo texto, mais literário, que foi editado pela Agir, e adotado por muitas escolas.

Um novo espetáculo

Em 1987, decidi escrever novamente uma história autoral. A ideia era alternar um texto original e uma adaptação de um clássico. Senti necessidade de arriscar e falar sobre a morte e sobre perdas, que na época não era um assunto levado aos palcos para crianças. Foi assim que nasceu Telefone sem fio. A história de Zum, um garoto sensível que tinha uma turma de amigos divertidos, mas que não se conformava com a partida de uma tia querida. Para contrabalançar a dureza do tema, trabalhamos com músicas e coreografias que que ajudaram a criar uma atmosfera lúdica. Fizemos uma bela temporada no Teatro Cacilda Becker, com casa cheia e ótimas críticas

Novamente Beto dirigiu e o elenco era maravilhoso. Além do Beto, também faziam parte Carolina Virgüez, Cláudia Guimarães, Cristiana Mesquita, Edgar Amorin, Isaac Bernat, e Ricardo Chreem. Clarice Niskier deveria fazer a Tia Clara, mas acabou não podendo. Beto me disse que havia conhecido uma atriz muito boa no espetáculo do Manhas & Manias e convidou a Carina Cooper para o papel. Descobrimos que éramos vizinhas no Rio e em Visconde de Mauá. Ficamos amigas e logo criamos uma parceria. O Beto seguiu com outros projetos e mais adiante eu segui com a Carina para novos desafios.

Novas peças, novos diretores

Em seguida o Luís Salem me convocou novamente: “Está na hora de fazermos uma nova peça”. Eu falei que era a vez de um clássico e escolhi O Flautista de Hamelim. Uma história exemplar que falava de hipocrisia, ética e escolhas. Estreamos novamente no Teatro Cândido Mendes. No elenco Deborah Fontes, Luís Salem, Janaína Diniz Guerra, Pedro Landim, Isaac Bernat e com uma participação de Sebastião Lemos. Tuca Andrada também atuou durante a temporada. Pedro tinha trabalhado no filme O Cavalinho Azul com a Maria Clara Machado e eu me encantei com ele. Ele e a Janaina, os dois com quinze anos, representavam as crianças de Hamelim. O cenário e os figurinos, foram criados pelo Pedro Sayad. Salem convidou Stela Miranda para dirigir e as músicas foram compostas por Jorge Mautner, também amigo do Salem. Depois da temporada carioca decidimos ir para São Paulo e remontamos com um elenco paulista, porque viajar com o elenco carioca todo fim de semana seria muito caro. Convidei a Carina Cooper e ela dirigiu a montagem paulista. Em São Paulo, Deni Bloch entrou no elenco, juntamente com Débora Olivieri, Ednaldo Eiras, Plínio Soares, Maurício Lencastre e Ulisses Bezerra. A Deni se tornou uma parceira e ajudou muito na produção.  Do Rio levamos apenas os figurinos e o cenário. Estreamos no Auditório Augusta, em 1989.

Em seguida, era a vez de um texto original. Ainda não sabia bem o que escrever. Eu e Carina estávamos num Hotel em Mauá. O dono do hotel, que nos conhecia, nos propôs de fazermos uma peça num espaço aberto do Hotel. Foi assim que nasceu O Segredo de Cocachim. A peça, muito simples, com apenas dois atores, conta a história de Beto e Bia, que ao comprarem um mapa, saem em busca de um tesouro em uma ilha desconhecida. Desde sua estreia, Cocachim segue em cartaz em algum ponto do Brasil, mas por ironia do destino, nunca foi encenada naquele hotel de Mauá.

Sempre guardei recortes de jornais, que trouxessem ideias interessantes. Na época, quando escrevi Cocachim, li sobre um homem que havia feito um barco de papiro, igual ao de Marco Polo, e queria refazer o trajeto que o navegador teria feito. As Aventuras de Marco Polo foi uma das minhas leituras favoritas de infância. Tenho até hoje o livro sobre suas viagens e lembrava da história da princesa Cocachim que ele levava no navio para reencontrar o noivo. Eu queria fazer uma peça tendo como base uma caça ao tesouro. Me lembrei da princesa, da matéria de jornal, juntei tudo isso e escrevi a história: Duas crianças compram um mapa no Saara e vão atrás do tesouro. Era tudo muito simples e eles precisavam de muita coragem. Mas o tesouro, na verdade é uma armadilha. Aí é que está a virada da história. As crianças, ao final, têm que abrir mão do tesouro. Também tinha uma pegada de ecologia, de preservação da natureza, que ainda era pouco falada.

Nessa mesma época, fiz uma adaptação de O Gato de Botas, que é outra história que eu adoro. Quando meu texto ficou pronto, Maria Clara Machado estreou uma adaptação do Gato, inspirado no conto de Perrault.  Sentei e pensei “guardo a minha, quem sabe um dia?…”. Fui assistir a montagem da Maria Clara e fiquei impressionada com o trabalho de Luís Carlos Tourinho, o Piu-Piu, que interpretava o Gato. Na hora pensei, não fiz minha montagem, mas ainda vou trabalhar com esse ator. Pouco tempo depois eu o convidei. Convidei também a Drica Moraes, que já conhecia de outros espetáculos. O cenário foi feito pelo Gringo Cardia. Eram páginas gigantes de um livro de tecido que mudavam de acordo com a história. Carina dirigiu e foi um grande sucesso. Ainda hoje esse texto é montado em muitas capitais. Em Fortaleza segue em cartaz há vinte anos. Belo Horizonte e inúmeras cidades do interior mineiro já viram o espetáculo. Para mim, é uma alegria saber que Cocachim continua vivo com diferentes elencos e em diferentes recantos do país.

Em 1990, Emmanuel Santos, me convidou para escrever um texto diferente de tudo o que havia feito até então. Um trabalho que adorei fazer porque misturava teatro e artes plásticas. Ora Pílulas! Isso Aqui é um Museu era uma visita guiada no Museu Nacional de Belas Artes que contava, de forma divertida, um pouco das histórias das obras de arte do museu. Uma palhaça perdida se juntava a uma família durante sua visita ao Museu. No elenco: Ana Cretton, Emmanuel Santos, Isabella Secchin. A direção foi de Emmanuel Santos e Milton Quadros e direção musical de Márcio Trigo. Era uma peça itinerante, que percorria todas as salas do museu. Tempos depois eu tentei fazer um trabalho parecido no Museu de Arte Moderna de Niterói. Era um projeto de uma aeromoça mostrando os quadros do acervo, mas infelizmente não conseguimos viabilizar o projeto.

No Jardim Botânico, fui convidada a criar uma peça nos mesmo moldes, trabalhando com uma exposição.  Foi assim que escrevi A Arte de Viajar sem Sair do Lugar. Tinha como base uma exposição de Domenico Vandelli, que foi professor de Botânica de D. João quando criança e o ensinou a gostar de plantas. Essa exposição, já pronta, vinha de Portugal e com ela já havia uma peça escrita, para ilustrar a visita. Mas achei o texto confuso e mal escrito. O responsável do Jardim botânico me perguntou se poderia melhorar e eu respondi que preferia fazer um novo. No elenco tínhamos Eduardo Andrade, meu parceiro em muitos trabalhos e Juliana Martins, acompanhados de um flautista. A direção foi do meu irmão Beto.

Ah, esqueci de dizer que O Gato de Botas e O Segredo de Cocachim foram montadas em Belo Horizonte. A primeira dirigida por Margarida Drummond e a segunda produzida pelo Grupo Real Fantasia. Também em 1991, Beth Haas, produtora mineira, me pediu para escrever um texto com as poesias de Paulinho Pedra Azul. O nome da peça Uma Fada nos meus Olhos era uma das poesias mais bonitas do livro. No elenco, Bárbara Campos, Boni da Mata, Giovânia Costa, Marcelo Xavier e Mauro Navarro. Estreou no Teatro Telemig com direção de Alice Koënow que era amiga da Beth. Foi uma experiência diferente, mais conceitual e lúdica, com menos texto, contando uma história não linear nos moldes que costumo fazer. Mas foi uma ótima experiência.

Em 1992 escrevi Babalu. Guida Viana tinha uma filha pequena e queria fazer um espetáculo para crianças. Nessa época, eu havia pedido os direitos de Mary Poppins e estava negociando com uma agente literária. Mary Poppins foi uma das histórias que marcou minha infância. Lembro da ida ao cinema com minha mãe. Gostava tanto, que sabia partes do filme de cor. Resolvi, como produtora, que queria montar uma versão no Brasil. Quando estava praticamente acertado, a Disney voltou atrás, pois pretendia fazer uma refilmagem e por isso não poderia ceder os direitos. Mas o novo filme só foi lançado vinte e cinco anos depois.

Com a recusa da Disney, decidi apenas me inspirar na história da babá, usei-a como ponto de partida e escrevi minha versão. Eu tinha o livro original da Pamela Lyndon Travers, que trazia várias histórias diferentes não apenas a história que do filme. Então, a partir do livro e da minha imaginação, escrevi A Babá. Com três atores em cena: Guida Viana, Bel Kutner e Felipe Martins. A babá de Guida era muito fora dos padrões, sisuda, criativa mas também muito divertida. Fizemos uma temporada de quatro meses com boas críticas, no Teatro Cândido Mendes. Dois anos depois, César Augusto, da Companhia dos Atores quis montar um infantil. Fizemos uma nova leitura, mas não lembro se cheguei a mexer no texto. Estreamos no Teatro Ziembinski, numa temporada curta. Plasticamente essa nova versão era bem diferente, num teatro maior, um cenário moderno e criativo e a encenação tinha outra proposta. Mas eu gostava das duas, sem distinção.

Entre essas duas versões da Babá escrevi mais duas peças: Sapatinhos Vermelhos e Arraiá. A primeira foi no Teatro Cacilda Becker. Com críticas maravilhosas, e uma proposta original, formamos uma Companhia, com ótimos atores: Andrea Maciel, Débora Secco, Luiz Antônio Rocha, Marta Côrtes, Marta Jourdan, Oscar Marques, Ricardo Schopke, Vanessa Godoy, Vinicius Salles e Wellynton Emmerick.

Precisávamos de uma atriz bem jovem para o papel principal e para isso fizemos um teste. Débora Secco, com apenas treze anos fez o teste e passou. Ela era ainda uma menina, mas muito determinada e talentosa e já sabia o que queria fazer para o resto da vida. O espetáculo visualmente era lindo, com música original muito boa, de Sérgio Gonzales e figurinos de Ruy Côrtes. Era uma história de Andersen, triste, porém poética. Tristeza e poesia juntas funcionam muito bem e sempre que eu faço uma adaptação eu me mantenho fiel ao original. Se alguém tem que morrer no final, morre!

A segunda, Arraiá, escrevi quando Luís Salem voltou a me pedir um novo texto em 1993. A ideia era do próprio Salem, uma comédia para falar de festas juninas, misturadas a própria história do teatro na Grécia antiga. Era uma coisa louca, muito divertida, uma veia cômica para um elenco fantástico: Catarina Abdalla, Marcia Cabrita, Ernesto Piccolo, Luiz Salem, Wilton Mattos e Renato Sampaio. A produção e a direção ficaram a cargo do Salem. Estreou no Teatro Clara Nunes.

Em paralelo, me juntei a um grupo de palhaças. Em 1994, a partir de um curso com Guillermo Angelelli, um grupo de meninas se reuniu e decidiu montar um coletivo chamado “As Marias da Graça”. Ana Luiza Cardoso, que fazia parte do grupo e já tinha trabalhado com meu irmão Beto em Pedro e o Lobo e Telefone sem Fio, o chamou para ajudar na primeira apresentação no Aterro do Flamengo. Beto me convidou e eu escrevi o roteiro do espetáculo Tem Areia no Maiô, que estreou no Teatro Delfin. O grupo inicialmente era formado por Ana Luisa Cardoso, Geni Viegas, Karla Conka, Isabel Gomide, Marta Jourdan, Vera Lúcia Ribeiro e Samantha Anciães.

Gosto muito de palhaços. E gostaria de escrever mais eles. É uma levada diferente, você tem que indicar ações, situações, desenhar algumas cenas e entregar ao ator, com poucos diálogos ou até mesmo sem nenhum. Acho um desafio, pena que tenha tido pouca oportunidade de desenvolver outros trabalhos como este, mas entendo que muitas vezes o palhaço gosta de criar suas histórias. Fiz uma adaptação de Os Três Mosqueteiros: “Touché” para as Marias, e espero que em algum momento este espetáculo saia do papel e ganhe os palcos.

Em 1996, Beto dirigiu uma nova versão de Pedro e o Lobo. No elenco Sérgio Hondjakoff, no papel que foi do Jonas Torres e ainda Luciano Bastos, Luiz Salém, Gustavo Otoni, André Monteiro, Inês Cardoso e Scarlete Moon. Arriscamos pela primeira vez encenar uma peça num Shopping, mas descobrimos que não era tão simples. O dinheiro que colocamos não voltou porque no shopping todos os valores são altos. No Teatro Candido Mendes, com apenas 124 lugares, fazíamos duas sessões, três sessões e todo mundo ganhava um pouquinho. No shopping mesmo colocando 200 pessoas na plateia, não ganhávamos quase nada. Foi válido como experiência, mas ficou claro que não tínhamos o perfil de empreendedores comerciais.

Uma pausa no teatro

De 96 a 2004 passei a escrever para televisão. Tudo começou com uma oficina de roteiros que fiz na TV Globo. A seleção era apertada, haviam seiscentos inscritos e no final apenas quinze candidatos foram selecionados, eu entre eles. O aprendizado foi muito importante, mas após uma breve experiência acabei migrando para a TV Educativa. Foi uma excelente escola, onde eu podia utilizar minha formação em História na criação dos programas. Durante alguns anos escrevi para a MultiRio, diferentes tipos de programas, e gostei muito da experiência. Mais uma vez, aprendi fazendo, cercada por pessoas interessantes e interessadas em criar programas educativos criativos e inovadores. Era quase como fazer teatro, porque a verba era sempre apertada. Muitas vezes os programas partiam do material disponível, e em cima disso criávamos as séries e a programação. Foi uma época muito feliz. Em seguida trabalhei na TV Futura, onde escrevi roteiros de Teca na TV e ajudei a criar o projeto Livros Animados, Sempre que possível, trabalhava com programas que envolviam crianças e o universo infantil.

Assim, o teatro foi ficando de lado. Eu já não produzia mais, e sem produzir precisava esperar alguém me convidar para escrever uma peça. O tempo foi passando, minha filha Elisa nasceu em 1999, e eu aproveitei para retomar a leitura e a literatura. Enquanto isso, seguia trabalhando com roteiros. Também por conta da Elisa, escrevi e lancei alguns livros pra crianças. Eu inventava histórias para contar para ela e com isso um novo caminho se abriu. No início, eu escrevia, imprimia e Elisa, do alto dos seus cinco anos, ilustrava. Alguns desses livros foram editados como Um Pirata Muito Só.

A volta para o teatro

Até que em 2004, voltei a escrever um texto a partir de um clássico. Meu irmão Beto e a atriz Josie Antelo, queriam fazer um espetáculo solo e eu sugeri uma adaptação da Cigarra e a Formiga. Estreamos no Teatro do Planetário, um palco perfeito para solos, onde fomos muito felizes. Esse é mais um dos palcos que considero especiais, principalmente para crianças, pois tem uma proximidade e possibilita uma interação com o público que poucos teatros tem.

Segui trabalhando para a televisão, e fui convidada a ser colaboradora de novelas. Foi uma ótima experiência, adorava criar diálogos, mas esse é um oficio que exige muito de todos os profissionais envolvidos, e o tempo para outras atividades fica muito curto.

Mais quatro anos se passaram e, em 2008, conseguimos fazer um espetáculo patrocinado, e produzido pela Juliana Martins que também era atriz da peça. O Jardim do Rei – D. João e o Horto Real foi uma bela experiência e era apresentado gratuitamente no Jardim Botânico. Sem bilheteria, nosso teatro ao ar livre lotava. Sempre quis contar a história de D. João, que foi quem criou o Jardim Botânico. As referências a D. João quase nunca incluíam seu amor pela natureza, e seu esforço em preservá-la, por isso achava importante resgatar essa história. Na criação do texto, pensava que deveria ser um espetáculo que agradasse toda a família, sem ser didático, mas passando informação e conhecimento. E acho que conseguimos. Tínhamos em média 500 pessoas por sessão, sentadas em esteiras, assistindo em silencio a história de D. João. A peça tinha também uma levada musical, com músicos e instrumentistas no elenco, tocando e cantando. Beto dirigiu e no elenco estavam Heitor Martinez, Juliana Martins, Eduardo Andrade, Beto Brown e as crianças Isadora Libório (filha do Eduardo), Olivia Torres e até minha filha Elisa Crispun Nardin com 8 anos fez uma participação.

Em 2009 recebi um convite dos produtores paulistas Mauricio Machado e Eduardo Figueiredo. Maurício, que também é ator, queria uma peça para ser o protagonista. Logo pensei em Cyrano. Os produtores chamaram Karen Acioly para dirigir e Bibi Ferreira para fazer uma supervisão. O projeto tinha patrocínio e recursos e foi a maior produção em que já trabalhei. Foi também a primeira vez que trabalhei com a Karen e acabamos ficando muito amigas. Fizemos uma bela temporada no Rio, em São Paulo e depois o espetáculo viajou por algumas capitais do Brasil. Apesar do final triste, que mantive, a peça tinha alguns momentos mais leves, com toques de humor, pois como só tínhamos quatro atores em cena, Tadeu Melo representava vários papeis, trocando de personagem rapidamente, e surpreendendo a plateia.

Em 2011, decidi adaptar O Rouxinol e o Imperador, uma história que sempre gostei. Tenho uma lista de histórias preferidas. Ainda faltam algumas para adaptar. Essa é uma delas. Queríamos fazer um musical, e o Beto convidou duas cantoras incríveis: Anna Bello e Olívia Torres. Também participaram Heitor Martinez e Eduardo Andrade, que além de ator, confecciona adereços maravilhosos e esteve comigo em vários e com Beto em outros espetáculos. Pela primeira vez ganhamos um edital da Prefeitura do Rio. Não era muito alto o valor, mas trabalhamos com conforto. Ronald Teixeira, nosso cenógrafo e figurinista fez milagres e foi muito criativo. Depois da temporada no Teatro Oi Ipanema, participamos do Festival de Angra.

Depois do Rouxinol, escrevi O Lobo sem Chapéu, encenado em 2012. Foi uma experiência de escrita muito diferente.

Quis fazer uma desconstrução, e recriar a saga de Chapeuzinho Vermelho de uma outra forma, vista de outra ótica. Queria também trabalhar com a ideia de subverter a personagem Chapéu em alguns aspectos. O resultado é que a Chapéu que criei questionava a própria peça, e também questionava o mundo que estava vivendo. O texto era livre, mas tinha coerência, com alguns momentos de brincadeira e outros de reflexão. Inicialmente Juliana Martins faria o papel, mas não conseguimos pauta e desistimos. Tempos depois, Beto mostrou o texto para a Marta Paret que produziu. Estreamos no Espaço SESC Copacabana. Eram apenas dois atores, Marta e Rogério Barros, música ao vivo e o cenário desenhado a giz de chão. Foi uma experiência muito interessante, diferente do que costumo fazer.

Um grupo de Fortaleza me convidou para adaptar um livro de cordel. Foi em 2014. O livro, bem poético, de Socorro Acioly, tornou-se um desafio para mim, pois não havia uma trama estabelecida e nenhum personagem com mais destaque. Eram muitos relatos curtos de figuras excêntricas e eu precisava escolher como contar. Bruce Gomlevsky foi convidado a dirigir e o resultado final me surpreendeu bastante. Com um elenco apurado, Inventários de Segredos aprofundou o meu vínculo com o Nordeste, em especial o Ceará.

O último texto que escrevi e que esteve em cartaz foi A Pequena Vendedora de Fósforos. Dayse Pozato, atriz e produtora me pediu que fizesse a adaptação. No início relutei. Embora gostasse muito do conto, eu o achava difícil, uma das histórias mais tristes de Andersen. Eu disse a ela que caso eu escrevesse, seria fiel e não mudaria o final, quando a menina morre de frio e de fome. Dayse concordou com a minha visão e após ganhar um edital insistiu no convite. Depois de pensar bastante no universo de Andersen, decidi inserir a figura do autor costurando a história, relutante e cuidadoso com o destino da menina dos fósforos. Inseri também outros personagens de Andersen como a bailarina e o soldadinho de chumbo, que transitavam pela história, levando a menina ao sonho. Mas o desafio e o meu sofrimento ao escrever essa peça foram recompensados. Pela primeira vez trabalhei com a Lucia Coelho, que dirigiu o espetáculo. No nosso primeiro encontro, ela foi objetiva e quase dura, dizendo que já fazia teatro há 50 anos e que o texto para ela era apenas uma referência. Disse também que no seu processo de trabalho, ela criava a peça durante os ensaios.  Seguimos na primeira leitura e todos choraram, emocionados. E a peça foi feita sem tirar uma única frase do que eu havia escrito.

Uma questão de fidelidade

Quando trabalho com uma história que não é minha, tenho uma questão muito forte com a fidelidade. Não mudo a essência da história, não troco o final. Para mim, não existe versão cor de rosa. Cyrano é um bom exemplo. A história original tem em torno de dezoito papéis e eu tinha apenas quatro atores. Para que dê certo, eu tenho que pensar numa matemática, como contar essa história. No caso de Cyrano eu sabia que tinha um ator muito bom, e fiz com que ele dobrasse vários personagens. Ele trazia a comédia, aliviava a tristeza do Cyrano e podia complementar o que eu precisava para contar a história original.

Cada caso é um caso, mas tenho como princípio, manter a alma da história. Os contos de La Fontaine por exemplo: como são fábulas e histórias muito curtas, me dão possibilidade de acrescentar movimentos ou eventualmente personagens secundários que me ajudem a contar essa trama. Quando trabalhamos com textos como Cyrano, que é uma história mais robusta, a questão é saber cortar, mas em todos os trabalhos, eu parto desse princípio, de não modificar a história original. Sou muito prática e penso em quantos atores eu vou poder trabalhar. Nas minhas primeiras peças eu tinha oito, nove pessoas no elenco. Com o tempo, aprendi que com elenco menor, até mesmo um solo, são possibilidades infinitas para se contar uma boa história. A moral fica, a criatividade voa.

Ideias originais

Independente se for para o universo infantil ou adulto, a ideia se impõe. Às vezes parto de um tema, de um personagem mais forte, ou até mesmo de uma notícia de jornal, O Segredo de Cocachim, por exemplo, saiu de foi um recorte de jornal. Dali me veio o “insight” e eu sabia que eu queria fazer uma caça ao tesouro, porque tem uma dinâmica, uma velocidade e um ritmo que me interessava trabalhar. Mesmo sem perceber, estou sempre experimentando, procurando novos desafios na escrita. Uma das minhas últimas peças é um texto adulto: O Começo do Fim. Sobre um casal que está se separando, e tem a guarda de um filho problemático para partilhar. Um filho às vezes violento, o filho que bate em outra criança, e não o que apanha.  O que tem de novo na peça é que a trama é contada de trás para frente. Começa com o final e você vai conhecendo aos poucos os personagens e suas motivações. Harold Pinter tem uma peça com essa estrutura, imagino que outros autores já fizeram esse formato, mas eu também quis experimentar.  Mas a essência do desafio não foi só o formato. O desafio dos pais de como criar essa criança é que me moveu a escrever. Era uma questão que eu queria trabalhar. Acho que as questões se impõem. Às vezes eu tenho uma ideia e acho que essa ideia pode crescer. Mas ela tem que ter uma força, uma força que me domina e me faz mergulhar de cabeça num novo projeto.

Eu comecei a escrever, escrevendo. Não fiz curso para começar a escrever. Só fui fazer cursos depois que já escrevia. Então, na época, ainda muito jovem criei meu próprio método, muito simples: três atos. Toda história tem começo, meio e fim. Parece pouco, mas isso me guia, mesmo que a trama seja descosturada, ou de trás para frente. É um princípio. Depois que tenho a ideia e vislumbro essas três partes, eu parto para a escaleta. Quando comecei, nem sabia que tinha esse nome, para mim era um guia, uma lista de acontecimentos com o drama já embutido nesses acontecimentos. Já na primeira peça que escrevi eu usei esse método, para me orientar. Eu chamava de esqueleto, o que seria a essência da história. Enquanto o esqueleto não está fechado eu não escrevo os diálogos.  É a parte mais difícil, e só quando está pronto, começo a escrever. Geralmente minhas peças tem de dez a treze cenas. É um número que eu acho dinâmico, que se completa, mas pode variar. Já aconteceu de eu não seguir exatamente o que estabeleci, mas é raro. Em geral, o esqueleto é o que me guia. Muitas vezes escrevo pedalando, as ideias chegam enquanto pedalo, paro, anoto e continuo no pedal. Eu chamo de “escrita em movimento”. Quando estou sem ideias, eu desço, dou uma volta de bicicleta, ou tomo uma ducha, a água correndo também me ajuda a criar. São dois recursos que uso, e que comigo funcionam. Acontece também de, às vezes, guardar um pouco a história e deixar para o dia seguinte. É preciso respeitar o tempo da criação. Apesar de ansiosa, de querer sempre terminar, as vezes é preciso deixar o texto em repouso, descansando de um dia para o outro, ou até mais, e em seguida retomar. As vezes gosto de escrever na rua, num café, numa mesa da lagoa, outras prefiro estar em casa, em absoluto silencio. Não existe uma receita única, eu misturo um pouco de tudo e é assim que para mim funciona o processo da criação.

O trabalho com diretores

Não sou muito adepta de acompanhar ensaios, Sou muito crítica em relação ao meu trabalho, sempre acho que poderia ser melhor, fico insegura com o resultado. Quando  acabo de escrever um texto, muitas vezes tenho a sensação que escrevi algo incrível, uma “obra prima” mas quando assisto a leitura, penso direto “que merda”. Assim que termino o trabalho eu oscilo entre a “obra prima” e o “que merda” de meia em meia hora. Em poucos minutos me pego sofrendo, achando que minha obra prima foi para o ralo, então prefiro não participar dos ensaios. Com o tempo eu entendo que foi apenas mais um trabalho…E que o próximo vai ser melhor.

Com meu irmão Beto, lembro que muitas vezes, levava caneta e papel para anotar, pensar se tenho que cortar, reescrever. Meu irmão, muitas vezes falava: “eu já mexi muito no seu texto!” Nem acho que ele tenha mexido tanto, mas irmãos tem mais intimidade, e quando a gente conversa, mesmo num ensaio, nunca é só sobre a peça. Freud explica, não? Por isso trabalhar com irmão é bom, mas muitas vezes vemos faíscas.

Com a Carina foi sempre muito tranquilo de trabalhar. Tenho saudades de trabalhar com ela. Eu ia um pouco nos ensaios, e quando ia, era como produtora. Mas não sou apenas eu que fico insegura. A Lucia Coelho me ligou à meia noite, do dia anterior a estreia da peça e falou: “Denise acho que você não vai gostar”. Eu lembrei a ela da primeira leitura em que todos se emocionaram e disse que confiava nela. A peça ficou linda.

Sempre confio nos diretores. Acho que eu nunca tive um diretor que me decepcionou. Algumas pessoas me perguntam se eu não tenho vontade de dirigir. Minha resposta é: “nenhuma, zero”. Acho que a minha parte está ali e é muito gratificante quando você reconhece seu texto na boca de bons atores. Tive a sorte de trabalhar com gente muito talentosa, famosos, não famosos atores e atrizes que eu nunca tinha visto na vida, falando meu texto. É sempre muito gratificante! A única coisa não gratificante para mim são as peças que ainda não foram montadas, as que estão guardadas. Tenho alguns textos que não foram encenados, esses para mim são os filhos enjeitados, mas que um dia ainda vão sair do papel.

O que ainda quero fazer

Em relação ao teatro para crianças, acabei de finalizar um texto para Marta Paret dirigir. Misturei um pouco de La Fontaine com duas atrizes desempregadas, sem trabalho, com o teatro fechado, vivenciando o que estamos passando neste momento, em 2020, com esse governo louco.  Achei que era importante contribuir de forma positiva e colocar questões relevantes para as crianças, de um jeito que elas entendam, que elas alcancem.  Sempre com um toque de humor e um pouco de dor. Fui tomada pela história. Fazia muito tempo que não escrevia para teatro e terminei a peça me sentindo mais leve, com a sensação do dever cumprido. Na primeira leitura as meninas já chegaram em casa com violão, com uma música pronta – um funk e um blues e cheias de disposição. E o combinado é que vamos fazer a peça em qualquer lugar. É nossa contribuição para um mundo melhor, e faremos do jeito que for possível.

Não fico pensando no que que falta fazer. Mas não tenho vontade de escrever para guardar. Gosto de desafios, de encontros, como esse com a Marta. Pessoas querendo peças, roteiros, séries… Se alguém me disser “quero uma peça do jeito que você sabe fazer”. Aí vamos encontrar um tema importante, que me dê vontade de trabalhar e nada me segura.  Já escrevi uma peça sobre bolsa de valores, de encomenda, e era para ser uma comédia. Após muita pesquisa concluí que não dava para mim. É difícil falar sobre algo que não me toca. Uma vez me pediram um texto sobre a Margareth Mee. Não fui capaz de contar essa história e travei. Os desenhos dela eram lindos, mas não consegui transformar sua história num texto que eu acreditasse ter qualidade. Dou esses exemplos pra confirmar que para desenvolver qualquer tipo de escrita, alguma coisa tem que me despertar.

Nesse momento, sigo trabalhando com roteiros para a televisão. A TV consome, é uma indústria. Lá dentro, sou apenas uma peça a mais. Mas eu também tenho prazer em escrever séries de humor como fiz com Os Suburbanos, Tô de Graça e Tocs de Dalila, séries bem populares que criei e fazem sucesso na TV. Na leitura desse último texto “Ah se La Fontaine estivesse por aqui”… minha filha observou e me disse: “você é muito mais feliz fazendo teatro do que fazendo tv, mãe!”. Eu repliquei: “Ah Elisa, que novidade”. Mas como é que eu ia pagar as contas?

E eu não fico parada, estou sempre inquieta, no momento estou desenvolvendo roteiros de desenho animado e decidi voltar a estudar. Estou fazendo um curso de Formação do Escritor. Comecei um curso de Escrita Performática, mas resolvi trocar para essa Formação que me parece mais acadêmica. Finalmente, quem sabe agora, vou estudar e aprender como se escreve!

2015 – A Pequena Vendedora de Fósforos, direção Lucia Coelho, Teatro Oi Futuro Ipanema
2014 – Inventário de Segredos, adaptação do livro de Socorro Acioly, dirigido por Bruce Gomlewski, estreou em Fortaleza (CE)
2013 – O Lobo sem Chapeu, direção Beto Brown, Teatro Sesc Copacabana
2012 – O Rouxinol e o Imperador, direção Beto Brown, Teatro Oi Futuro Ipanema
2012 – A Pequena Vendedora de Fósforos, direção Lúcia Coelho, Teatro Oi Futuro Ipanema
2009 – O Jardim do Rei – D. João e o Horto Real, direção Bero Brown, SESC (RJ)
2009 – Cyrano, direção Karen Acioly, Teatro Clara Nunes
2008 – O Jardim do Rei – D. João e o Horto Real, direção Beto Brown, Jardim Botânico (RJ)
2008 – A Arte de Viajar sem Sair do Lugar, direção Beto Brown, Jardim Botânico (RJ)
2004 – A Cigarra e a Formiga, direção Beto Brown, Teatro do Planetário
2000 – O Segredo de Cocachim, direção Robério Diógenes, Centro Cultural Dragão do Mar (CE)
1998 – O Segredo de Cocachim, direção Kalluh Araújo, Teatro da Assembléia (MG)
1996 – Pedro e o Lobo, direção Beto Brown, Teatro dos Quatro
1995 – Arraiá, direção Luiz Salem, Teatro do Barra Shopping
1995 – A Babá, direção Cezar Augusto, Teatro Ziembinski
1994 – Tem Areia No Maiô, direção Beto Brown, Teatro Delfin
1993 – Arraiá, direção Luiz Salem, Teatro Clara Nunes
1992 – Sapatinhos Vermelhos, direção Beto Brown, Teatro Cacilda Becker e Teatro Ipanema
1991 – Uma Fada nos Meus Olhos, direção Alice Koënow, Teatro Klauss Vianna (BH) e Cidade de Itaúna
1991 – O Gato de Botas, direção Margarida Drummond, Teatro Francisco Nunes (BH)
1990 – Babalu, direção Carina Cooper, Teatro Ziembinski
1990 – Ora Pílulas! Isto é um Museu!, direção Emmanuel Santos e Milton Quadros, Museu de Belas Artes (RJ)
1989/90 – O Segredo de Cocachim, direção Kalluh Araújo, apresentado nas cidades de Minas Gerais: Montes Claros, Divinópolis, Patos de Minas, Além Paraíba, Santos Dumont, Governador Valadares, Uberaba, Curvelo, Fortuna de Minas, Brumadinho, Moeda, São João del Rey, Uberlândia, Congonhas, Matosinhos, Ouro Preto, Mariana, Itabira
2000 – O Segredo de Cocachim, direção Robério Diógenes, Teatro Dragão do Mar (CE)
1991 – O Segredo de Cocachim, direção Kalluh Araújo, Palácio das Artes / Teatro Francisco Nunes /Sesiminas /Teatro Alterosa (BH)
1989 – O Segredo de Cocachim, direção Carina Cooper, Teatro Cândido Mendes e Teatro Ipanema
1989 – O Flautista de Hamelim, direção Carina Cooper. Auditório Augusta (SP)
1988 – O  Flautista de Hamelim, direção Stela Miranda, Teatro Cândido Mendes
1987 – Telefone Sem Fio, direção Beto Crispun Teatro Cacilda Becker
1987 – Pedro e o Lobo, direção Beto Crispun Teatro Cacilda Becker
1986 – Pedro e o Lobo, direção Beto Crispun, Teatro Cândido Mendes, Teatro Ipanema
1985 – Morangos e Lunetas, direção Beto Crispun, Teatro Maria Della Costa (SP)
1985 – Morangos e Lunetas, direção Beto Crispun, Teatro Ipanema

(Data em Pesquisa) ) Segredo de Cocachim, direção Ricardo Vandré

1991 – Gilda,Teatro Francisco Nunes (BH)
1995 – Boba que Sou, direção Beto Brown, Teatro Cândido Mendes (RJ)
2003 – Dois Garotos, (dentro do projeto Mural Mulher), direção Dudu Sandroni, Teatro Gonzaguinha (RJ)
2005 – Aeroporto, um Musical Clandestino, direção Beto Brown, Teatro de Bolso do Leblon (RJ)
2005 – Amor Perfeito, direção Beto Brown, Teatro do Leblon (RJ)
2004 – A Carpa, (em parceria com Melanie Dimantas), direção Ari Coslov, Teatro do Leblon (RJ)

Morangos e Lunetas, Prêmio Mambembe 1985
Pedro e o Lobo, Prêmio Mambembe 1986
Uma Fada Nos Meus Olhos, Premio Cauê 1991
O Segredo de Cocachim, Prêmio Cauê 1992
Sapatinhos Vermelhos, Prêmio Mambembe 1993
Tem Areia no Maiô, Prêmio Sharp 1994
Tem Areia no Maiô, Festival de Teatro de São José do Rio Preto – Melhor espetáculo Júri Popular
A Carpa, Prêmio FUNARTE 2004 – segundo lugar para texto de teatro adulto da Região Sudeste.

Acorda, Amanda, em parceria com Melanie Dimantas
Aquário, em parceria com Melanie Dimantas
Blue Chip (texto para teatro adulto)
O Nariz (texto para teatro adulto)
Quem é? (em parceria com Beto Brown)
Emergência (em parceria com Beto Brown)
Suspeitos (texto para teatro infantil)
As Histórias de Sherazade (texto para teatro infantil)
Espera aí que eu Também Vou (texto para teatro infantil)
Agora ou Nunca (texto para teatro infantil)

Morangos e Lunetas, edição do autor (tiragem 1.000 exemplares esgotada)
Pedro e o Lobo, Editora Agir, segunda edição de 3.000 exemplares (a primeira edição de 3.000 exemplares esgotada)
O Segredo de Cocachim, Ed. Nova Didática
Copacabana Jones em Recordações do Futuro, em parceria com Cláudio Lobato. Ed. Rocco
Um Pirata muito Só, Editora Escrita Fina
Pedro e Joaquim, Editora Fundação Dorina Nowill
Serra da Capivara.com. Os incríveis Desenhos desses Homens Misteriosos. Em parceria com Mariana Massarani, Editora Global
O Rouxinol e o Imperador, Editora Escrita Fina

Texto Teórico

International Guide to Children’s Theatre and Educational Theatre, (capítulo sobre a história do teatro infantil no Brasil). Editado por L. Swortzell – Grenwood Press, New York, 1989

Oficina de Escrita

Fábrica de Histórias: Lições entre a Escrita e a Imagem, teatro Dulcina e Teatro do Jockey, 2013

Curta Metragem

Apenas dois Garotos, direção de Sergio Bloch. Selecionado para a Mostra Internacional de Curtas Metragens do Rio de Janeiro, outubro 2007

Longa Metragem

Os Suburbanos, coautora, lançado em 2020

Oficina de roteiristas da TV Globo, coordenação de Flávio de Campos, 1995
Work-shop para Autores de Humor da TV Globo, coordenação Mauro Wilson, 1999
Roteirista do programa Marcas do Tempo, produzido pela MultiRio, veiculado na TV Bandeirantes e TVE (elaboração dos textos e comentários sobre episódios históricos que cobrem o período dos anos 10  aos anos 90 deste século), 1997
Roteirista do programa Renato Aragão Especial 97, TV Globo, coordenação Doc Comparato e Naum Alves de Souza
Roteirista do programa da Angélica, Caça-Talentos 97, TV Globo, coordenação de Ronaldo Santos
Roteirista do Programa Teca na TV , TV Futura, direção de João Alegria, 1998 /1999
Roteirista do programa Profissão/Talento, direção de Eduardo Nunes, produzido pela MultiRio,   exibido na TV Bandeirantes e TVE, desde  outubro de 1998
Roteirista da criação do programa de Ana Maria Braga, Mais Você, TV Globo, coordenada por Luiz Gleiser, maio/junho 1999
Roteirista do programa Gente Inocente, TV Globo, coordenação de Mauro Wilson,  estreia janeiro de 1999
Roteirista do programa Livros Animados, TV Futura, dezembro de 1999
Roteirista do Programa Teca na TV, TV Futura, direção de João Alegria, 2000/20001
Roteirista do Programa Meu Ambiente, TV FUTURA, direção de Marcos Freitas, 2001 (1o lugar  Prêmio Ecologia da Secretaria Estadual do Meio Ambiente e 2 o lugar no Prêmio Tião Sá, Prefeitura de Vitória / Secretaria do Meio Ambiente)
Roteirista do Programa Teca na TV, TV Futura, direção de Vicente Barcelo, 2002/2003
Roteirista do Projeto Crianças Incríveis, MULTIRIO, direção de João Alegria, 2003/2004
Roteirista do programa Tá Na Roda – Uma Conversa sobre Drogas, TV Futura, direção de Mario Marcio Bandarra, 2004
Roteirista do documentário Amazônia, Histórias da nossa História, dirigido por Sergio Bloch, TV Futura, 2007
Colaboradora roteirista da Novela Luz do Sol, de Ana Maria Moretszon, na TV Record, 2006/2007
Colaboradora roteirista na novela, Bela a Feia, adaptação de Gisele Joras, TV Record, 2008
Colaboradora roteirista no seriado Tapas e Beijos, de Claudio Paiva, TV Globo, 2011/2012
Colaboradora roteirista na séria Segunda Dama, de Heloisa Perissé e Paula Amaral, TV Globo 2014
Criadora e co-autora (em parceria com Rodrigo Santanna) dos seriados Os Suburbanos, (cinco temporadas), Multishow, 2015/2018
Criadora e co-autora (em parceria com Rodrigo Santanna) dos seriado To de Graça (quarta temporada) Multishow, 2017/2020
Autora da série Tocs de Dalila, com Heloisa Perissé, uma parceria Multishow. 2017

Depoimento dado à Antonio Carlos Bernardes, na sede do CBTIJ, Rio de Janeiro,  em 09 de março de 2020.