Critica publicada no Jornal Papo Teatral
Por Anja Bittencourt – Rio de Janeiro – Ago 1993

Barra

Um belo dia o Rei Nabo precisou viajar e deixou em seu lugar a bela rainha Furta Flor no comando do reino. Pronto! A pobre da rainha cai como uma patinha nos planos do Duque Rude que, através de uma estola de pele, a faz espirrar enlouquecidamente e assinar todos os decretos e mandatos que o vilão precisa para desmatar o reino e enriquecer com seus empreendimentos imobiliários e comerciais. Ainda vem que o Conde Clorofila está atento e nem os guardas Napo e Sol vão impedi-lo de salvar o reino de uma catástrofe ecológica. Esta é a estória da Rainha Alérgica, texto de Teresa Frota escreveu especialmente para o Festival de Ecologia no Teatro Infantil que a Coca-Cola promoveu o ano passado na Casa de Cultura Laura Alvim. Mas apesar da seriedade do tema e as denúncias que contêm (como os problemas causados pelo desmatamento e o extermínio de animais para a confecção de bolsas e sapatos), esta A Rainha Alérgica na verdade é um bem-humorado musical onde tudo se passa de maneira cômica e muito dinâmica,m ficando a quilômetros de distância da chatice didática das peças feitas “para ensinar”, que andaram assolando os palcos infantis.

Renato Icarahy dirigiu o espetáculo com muito acerto, criando marcas ágeis, gags, e nos dando a impressão de ter muito mais gente no elenco do que na verdade. Teresa Frota compõe uma rainha muito engraçada sem cair em chavões maniqueístas de boa ou ruim. Raul Serrador é um conde Clorofila que cativa a simpatia da plateia com sua aparente fragilidade. O ator é dono de uma bela voz, saindo-se  muito bem nos números musicais. Isio Ghelman e Marcelo Escorel, como guarda Sol e Guarda Napo, resgatam as infalíveis duplas cômicas no estilo Gordo e Magro e são responsáveis pela parte mais pastelão do espetáculo. Impossível não rir das trapalhadas que os dois aprontam. Numa composição histriônica de efeito prá lá de positivo, Elisa Pragana nos diverte com a obesa Princesa Liduína. No dia em que assistimos ao espetáculo, o ator Henri Pagnoncelli, que acumula os papéis de Rei Nado e Duque Rude, estava sendo substituído (diga-se de passagem, com muito bom humor) pelo diretor Renato Icarahy. O ator estava preso nas gravações da novela de que participa e não foi liberado a tempo.

A Rainha Alérgica deve muito de seu charme ao coloridíssimo cenário de Olinto Mendes de Sá, aos figurinos muito bem bolados de Teresa Frota, à animadíssima trilha sonora de Cacau Ferreira e Charles Kahn e a bela iluminação de mestre Aurélio de Simoni.

Resultado alegre, divertido e muito consequente, Arainha Alérgica é programa certo para desde as crianças mais novinhas até os barbados papais; Não deixe de ver.

Serviço:
A Rainha Alérgica, de Teresa Frota, direção: Renato Icarahy, com Teresa Forta, Henri Pagnoncelli, Elisa Pragana e outros. Teatro SESC Tijuca, Rua Barão de Mesquita, 539 – Tijuca, Tel: 208.5332, Sábados e domingos, às 16h30