Elaine da Silveira, Rose Vieira e Pedro Paulo Caffé em Zé Vagão da Roda Fina e Sua Mãe Leopoldina, que estreia hoje no Teatro Vanucci

Crítica publicada no Jornal A Noticia
Por Armindo Blanco – Rio de Janeiro – 14.04.1978 (?)

Barra

Hoje é Dia do Zé Vagão

Uma boa notícia: o Gama Grupo de Arte, Movimento e Ação, de Nova Friburgo, está descendo à planura. Da última vez que veio, trouxe-nos respeitável montagem de Um Grito Parado no Ar, de Guarnieri. Agora, envia-nos o seu time de teatro para crianças com a peça de Sylvia Orthoff, Zé Vagão da Roda Fina e Sua Mãe Leopoldina, que estreia hoje às 16h no Teatro Vanucci, Rua Marquês de São Vicente, 52, Shopping Center da Gávea.

Temos todo o prazer em dar a este acontecimento o destaque que merece. O Gama é uma das instituições teatrais mais importantes do Brasil: em seus 13 anos de existência, realizou 29 montagens para adultos e crianças, participou três vezes do Festival de Ouro Preto, ganhou o troféu Pascoal Carlos Magno como Melhor Grupo do Estado do Rio de Janeiro e já se apresentou com assinalável êxito em cidades de Minas Gerais, Goiás, Paraná, Espírito Santo e Bahia. Além disso, exerce ampla cultural em Nova Friburgo, participando da organização de feiras de artes, promovendo exposições permanentes de artes plásticas, editando livros e patrocinando a visita de grupos de fora. Por tudo isto, é considerado de utilidade pública municipal.

Entre as suas montagens figuram A Moratória, de Jorge Andrade; O Noviço, de Martins Pena; Eles Não Usam Black-Tie, de Guarnieri; Andorra, de Max Frisch; Auto da Compadecida, de Ariano Suassuna; O Que Mantém Um Homem Vivo, de Berthold Brecht; A História do Zoológico, de Albee e vários textos de autores locais. Na área infantil, tem apresentado criações coletivas e textos de Maria Clara Machado e Sílvia Orthof.

Este repertório e o nível das realizações justificam não só os muitos prêmios e encômios que o grupo tem colhido país afora, mas também o interesse com que aguardamos a estreia do Zé Vagão, um hino à liberdade, ao direito de ir e vir, a escolha da vida que cada qual quer viver. Ponteada de músicas especialmente compostas por João Gomes Neto, a peça relata a viagem de Zé Vagão, inteligente e manhoso vagãozinho, e de sua mãe Leopoldina, diligente e trabalhadora máquina que, como qualquer ”boa mãe”, não deixa de superproteger o seu “filho pequenino”. As peripécias se adensam quando aparece, em meio à viagem disciplinada sobre os trilhos, uma antibruxa, a Jubilosa, cheia de reformulações, de alegria de viver, de novas metas, magias e sonhos. Zé Vagão se empolga, Dona Leopoldina acha perigoso: sair dos trilhos, onde é que já se viu? E entre os pássaros, jabuticabeiras, boi-bumbás, rodas-gigantes e outras maravilhas e encantamentos, prossegue esta viagem em que Zé Vagão acabará descobrindo o caminho da felicidade.  O espetáculo, dirigido por Júlio Cesar Cavalcanti, tem coreografia de Mara Salete Pim, cenários e figurinos de Martingil Egypto, e elenco integrado por Rose Vieira, Jubilosa; Eliane da Silveira, Dona Leopoldina; Pedro Paulo Caffé, Zé Vagão, e João Gomes Neto, músico. Apresentações a partir de hoje, sempre aos sábados e domingos, às 16h.

Outras notícias sobre o Gama: o grupo está preparando no momento, a montagem, para adultos, de O Arquiteto e o Imperador da Assíria, de Arrabal; e, sob os auspícios do SNT, acaba de lançar o seu I Concurso de Dramaturgia Infantil, com prêmios de Cr$ 20 mil para os três primeiros classificados (os originais devem ser remetidos sob registro, para a Av. Rui Barbosa, 205, Nova Friburgo, RJ, até 30 de junho próximo).