Matéria publicada no Jornal Diário da Tarde – Caderno 2
Sem Identificação – Belo Horizonte – 20.09.2006

Valorizando a arte do teatro infantil

Uma entidade cultural maravilhosa, sem fins lucrativos, foi fundada em dezembro de 1995: o Centro Brasileiro de Teatro para a Infância e Juventude (CBTIJ), na rua do Catete. Desde então ele tem crescido e ajudado muitíssimo as produções para esta faixa etária e pretende crescer por todo o Brasil. Em dezembro de 1998, Antônio Carlos Bernardes, do Conselho de Administração do CBTIJ, falou, em entrevista para do DT, que o centro é uma ONG filiada à Associação Internacional de Teatro Infantil (ASSITEJ), ligada à UNESCO e que existe em 70 países. Seu objetivo é valorizar a arte do teatro infantil, dando condições para que atores, diretores e produtores mostrem seus trabalhos, abrindo campos de trabalho, aumentando locais para apresentação, tentando fazer com que o teatro infantil seja tão valorizado quanto o teatro adulto.

E o trabalho de Bernardes e da turma do CBTIJ tem sido sensacional. Sempre com atividades e projetos visando a expansão de um teatro que traduza o respeito à sensibilidade e à inteligência da infância e da juventude. E seguindo este princípio, o CBTIJ, por meio do Prêmio FUNARTE de Teatro Myriam Muniz, está realizando uma programação dirigida aos profissionais de teatro e público em geral.

Amanhã e sexta-feira, no SESC Teresópolis, e na próxima semana, no SESC Nova Iguaçu, haverá a oficina ¨Capacitação de educadores¨, com os orientadores Fátima Café, Ine Baumann e Sérgio Miguel Braga. Em 26 de setembro, a Universidade Federal Fluminense apresenta, em parceria com o Centro de Pesquisa e Estudo do Teatro Infantil (CEPETIN), o seminário O que é qualidade em literatura e teatro infantil? com os debatedores Maria Helena Kühner, Carlos Augusto Nazareth, Anna Cláudia Ramos e Gustavo Bernardo. Ele será realizado no Auditório Macunaíma do campus Gragoatá da UFF. O CEPETIN tem em seu site (www.cepetin.com.br) notícias sobre teatro, indicações de livros e as diversas atividades oferecidas, como o Fórum Permanente de Dramaturgia do Texto Teatral para Crianças.

A arte de representar nasceu com o povo nas ruas, como todas as outras modalidades da arte (música, artes plásticas, dança, circo). A arte (e suas modalidades) deixou o povo e foi levada pelos poderosos para as salas fechadas. Por isso é muito importante a apresentação do teatro, dança, artes plásticas e circo nas ruas, para o povo. E o CBTIJ tem valorizado essa questão. Dessa forma, a entidade vem incentivando a criação e a inclusão social de crianças e adolescentes por meio do teatro. Conforme disse Antonio Carlos Bernardes ao DT, em dezembro de 1998, um dos objetivos do CBTIJ é abrir vários núcleos pelo Brasil, pois assim os outros estados poderão trabalhar para o engrandecimento do teatro infanto-juvenil.

E é bom lembrar que o diretor Vladimir Capella, autor do Grupo Ventoforte (SP), é um dos maiores nomes do teatro infanto-juvenil. Sua peça Como a lua (bastante elogiada) está em cartaz até 24 deste mês, no SESC-Tijuca, aqui no Rio, sob a direção do mineiro Afonnso Drumond.

Vladimir Capella, na mesa redonda do 2º Seminário Nacional SESC CBTIJ, no ano passado, disse o seguinte: ¨Minha honrosa, prazerosa e mal compreendida profissão é essa de mostrar o mundo às crianças por meio do teatro. Com direito a muita fantasia, mágica e sonho, sim. Mas não para distrair ou fugir da realidade, ao contrário, para fortalecer a fé, a esperança e a coragem para enfrentar as dificuldades representadas pelos dragões que habitam o mundo, dentro e fora de nós. Estar preparado e bem provido para buscar a tal da felicidade¨. Palavras bem ditas e significativas do que representa o atual teatro infanto-juvenil.