Crítica publicada no Site da Revista Crescer
Por Dib Carneiro Neto – São Paulo – 06.09.2013

Barra

Uma história de coragem vinda da Eslovênia

Cia. Ópera na Mala apresenta o divertido e bem pesquisado espetáculo A Princesa e o Dragão

Responsável por grandes e premiados sucessos no teatro (O Fantasma da Ópera e A Rainha Marmota) e um raro longevo programa de contadores de histórias na televisão (Baú de Histórias, desde 2005 na TV Cultura e na TV Rá-Tim-Bum), a Cia. Ópera na Mala, formada pelo casal Cris Miguel e Sergio Serrano, estreou recentemente, no Teatro Alfa, o espetáculo A Princesa e o Dragão.

Essa nova peça, como eles nos contam no caprichado programa, é inspirada nas imagens, personagens e lugares que conheceram durante sua viagem para os Bálcãs no ano passado, para participar de um festival de animação em Zagreb, na Croácia – de onde saíram premiados por um júri especial infantil. Em Liubliana, capital e maior cidade da Eslovênia, conheceram um miniteatro dedicado principalmente aos bonecos – e agora o reproduzem no palco para nosso deleite.

No enredo do espetáculo, a princesa, que se chama justamente Liubliana, vive trancada numa torre por medo. O rei, seu pai, também tem muito medo – de perder a coroa. A ideia é tratar desse tema de forma a estimular na plateia a coragem de agir com o coração, não com a valentia dos heróis de força desmedida.

Figurinos bem cuidados, iluminação certa, trilha sonora atraente (baseada em canções eslovenas populares) e uma excelente carroça cenográfica são o que há de melhor em A Princesa e o Dragão, pois tudo remete ao eficiente trabalho de pesquisa iconográfica do grupo. Divertida é também a brincadeira de fazer a plateia cantar – a cada vez que algum personagem pronuncia a palavra Aldeões.

Na dramaturgia, o recurso da repetição proposital de bordões é bem sucedido e inteligente. A personagem de Cris Miguel, por exemplo, a cada cinco minutos de peça quer encerrar a história com um final feliz. Por sua vez, Sergio Serrano diverte a todos querendo o tempo todo saber se as coisas citadas são grandes, pequenas ou médias. Isso funciona muito bem.

Um pequeno problema, desta vez, é o excesso de euforia e cacos. Os dois atores/contadores interrompem muitas vezes o fio da história, para fazer comentários, gags, piadas com o público ou com eles mesmos. Isso seria saudável, se não estivesse passando um pouco da medida. Mas vale citar também a ótima ideia de, no final, inventarem um enredo feliz para cada coisa ou personagem citados na peça: pato, bruxa, aldeões, circo…

Serviço

Teatro Alfa – Sala B
Rua Bento Branco de Andrade Filho, 722 – Santo Amaro
Tel.: 5693-4000
Lotação: 200 lugares

Recomendado para crianças a partir de 3 anos
De 28 de julho a 15 de setembro, sábados e domingos, às 17h30
Crianças até 12 anos: R$15; adultos: R$30
Duração: 50 minutos