Ou Isto ou Aquilo, com o Grupo Hombu, está no Ipanema.
Foto Marcelo Magalhães

Crítica publicada no Jornal do Brasil –  Caderno B
Por Lucia Cerrone, Rio de Janeiro – 06.02.1993

 

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Brincando com o som das palavras

Trazer a cena um espetáculo cujo tema central é a poesia não é tarefa das mais fáceis. O desafio, no entanto, encontra endereço certo quando se trata do grupo Hombú. Em cena há 12 anos, o grupo parece conhecer todos os códigos do universo infantil.

Ou Isto ou Aquilo, cartaz do Teatro Ipanema, é uma incursão a poesia de Cecília Meireles, onde o texto brinca com a sonoridade das palavras, num jogo semelhante aos das brincadeiras e cartilhas infantis. Brincando de brincar, o Hombú encena 24 poesias, e a história aos poucos vai se revelando aos olhos do espectador, como se este visitasse o livro.

As Duas Velhinhas, encenada com muita graça por Silvia Aderne e Emmanuel Santos, dá inicio a uma viagem pelo tempo circular das idades – infância, adolescência, velhice -, fio condutor do enredo. A Língua do Nhem, com todo elenco, O Mosquito Escreve e O Vestido de Laura dão o toque de humor, enquanto Jogo de Bola é literalmente uma brincadeira com a plateia. E A Chácara do Chico Bolacha aparece como um gostosíssimo jogo de sonoridades, a ser saboreado lentamente.

Com músicas de Caíque Botkay e Beto Coimbra que desta vez também atua, o espetáculo repete o bom gosto habitual nos cenários e figurinos de Carlos Veiga e na sempre bem-vinda luz de Jorginho de Carvalho. No elenco, as cinco pontas da estrela – Leninha Pires, Ronaldo Mota, Emmanuel Santos, Beto Coimbra e Silvia Aderne – completam o seu brilho com a participação de Cássia Kiss, integrada ao estilo tão peculiar do grupo. Com o Hombú em cena, a passagem pelo teatro se torna quase obrigatória.

Cotação: 2 estrelas (Bom)