Matéria publicada na Revista Teatro Jovem
Por Antonio Carlos Bernardes – Rio de Janeiro – Jul 1998
O novo caminho para a união
Há menos de três anos um grupo de pessoas que participava de uma das edições do Festival promovido pela Coca-Cola percebeu no meio da discussão coletiva que era preciso restabelecer um movimento ou uma associação que permanentemente trabalhasse pelo interesse de todos no desenvolvimento e fortalecimento do teatro para crianças e jovens.
Era uma história já conhecida e que devia ser retomada. Todos pareciam estar de acordo e assim foi feito. Afinal era fruto de trabalhos e ideias de mais de 25 anos de diversos profissionais de todo país cuja última manifestação resultara no MOTIN – Movimento de Teatro Infantil, que acabou na época do Collor.
Meses e meses de longas (e chatas, mas necessárias) reuniões para discutir estatutos, regulamentos, enfim dar forma legal ao que seria o CBTIJ.
Acredito que todos que leem esta Revista conhecem ou já ouviram falar, mas no caso de algum leigo, não saber aí vai: O Centro Brasileiro de Teatro para Infância e Juventude CBTIJ – ASSITEJ BRASIL, foi oficialmente criado em dezembro de 1995, e é uma instituição que visa contribuir para o desenvolvimento de um teatro infanto-juvenil que traduza o respeito à sensibilidade e à inteligência da criança e do adolescente.
Seus principais objetivos são: fornecer meios e promover ações para a divulgação, difusão e desenvolvimento do teatro profissional jovem com alto nível artístico e técnico; favorecer uma política de aumento de espaços em teatros, escolas, imprensa; influir na política cultural dos diversos níveis governamentais e promover intercâmbios nacionais e internacionais.
O CBTIJ está associado à ASSITEJ – Associação Internacional de Teatro para a Infância e Juventude, entidade que difunde esses mesmos princípios. Em atividade em mais de 60 países, a ASSITEJ tem contribuído, junto a governos e instituições, para uma política de dignidade profissional nesta área e de desenvolvimento da infância através do Teatro.
Temos uma sede própria, que, até o final do mês de setembro (com o apoio da Funarte) estará totalmente reformada para ser utilizada como local de ensaios e reuniões. Neste espaço já está sendo montada uma biblioteca de livros teóricos e textos teatrais relativos à criança e ao jovem. Estamos em fase de recolher contribuições para que todos tenham um acervo digno de ser pesquisado.
Tivemos nossa segunda eleição e concluímos que, apesar de termos feito pouco, fizemos muito. Pode parecer um contrassenso, mas não é. Não vou aqui descrever o que foi feito. Basta nos telefonar ou escrever para o endereço abaixo para receber nossa correspondência (mesmo as anteriores). Tampouco vou ficar em conjecturas do que poderia ter sido feito a mais, mesmo porque neste tipo de Associação, onde praticamente tudo ainda está por fazer, “o céu é o limite”.
Mas voltemos ao assunto inicial desse artigo: da coletividade disposta a criar o que seria o CBTIJ e que participou das primeiras reuniões, poucos (mas muito poucos mesmo) foram os que levaram as ações até o final do mandato.
Na verdade, gostaria de levantar a questão por que existe tanta falta de interesse por parte dos que fazem teatro infantil e jovem com relação ao CBTIJ, já que a maioria dos profissionais reconhece a importância de uma Associação para solucionar em diversas instâncias os problemas de cada um, que, na verdade são comuns a todos.
Não digo que haja má vontade, mas um jeitinho de deixar para depois, para próxima reunião, de nunca ter tempo para dar uma força, de estar sempre “disposto a querer ajudar”, sem nunca poder contribuir (e nem digo financeiramente, porque aí a situação complica terrivelmente).
Não acredito que esta seja uma situação particular ao CBTIJ. Se pensarmos melhor, isto também acontece em outras associações. Buscamos um caminho em que todos coloquem um pouco de sua energia e muito de seus sonhos porque é com esta matéria que gostamos de trabalhar. Na ação conjunta, os resultados aparecerão mais rápidos e mais contundentes. E, portanto, quanto maior for o número de pessoas que estiverem juntas, melhor será o resultado.
ATENÇÃO: O CBTIJ não é um sindicato, e também não é um órgão representativo de um segmento da classe, portanto todos podem participar, inclusive os não profissionais. Basta ter os mesmos objetivos. Se estamos neste barco, é porque acreditamos no que fazemos. E queremos mais: contar não apenas com a aquiescência, mas com uma verdadeira colaboração de todos. Portanto, sejam bem-vindos e tragam ideias e projetos! O CCBB nos abriu as portas e como já é tradição, nos reunimos toda primeira terça-feira do mês, no 4º andar, às 19 h. Apareçam!
Agora vamos falar um pouco do que estamos fazendo no momento: as comemorações dos50 Anos de Teatro para a Infância e Juventude no Brasil. No mês de julho estaremos lançando a primeira etapa no desenvolvimento de nossa campanha: com o apoio da TELERJ/TELEBRAS criamos 09 (nove) cartões telefônicos com uma tiragem de quase 3 milhões de unidades, com fotos e cartazes de alguns dos espetáculos que marcaram época nesta trajetória.
Nos próximos meses outras etapas da campanha serão realizadas: em agosto, lançaremos o cartaz comemorativo dos 50 Anos, com arte de Elifas Andreato e com o apoio da TVE, também lançaremos um série de vinhetas institucionais. Possivelmente em 17 de outubro, faremos um grande evento ao ar livre, comemorando esta data. Para isso, estamos em conversação com a Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro. Até o final de novembro, também lançaremos a Revista do CBTIJ – um número especial sobre os 50 Anos.
Para finalizar, estamos lançando uma nova logomarca. Também estamos solicitando nosso enquadramento como entidade de utilidade pública e nos registrando no Conselho Municipal da Criança e do Adolescente e em breve poderemos apresentar projetos que atendam nossos objetivos culturais e sociais. Portanto, mais uma vez: Participem! A porta está aberta, é só entrar.
Antonio Carlos Bernardes, Presidente do CBTIJ