Crítica publicada no Site da Revista Crescer
Por Dib Carneiro Neto – São Paulo – 20.12.2013

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O dia em que a morte aprendeu a ter amigos

O Grande Mergulho trata desse tema com humor e poesia, desfilando competência em todos os quesitos

Em 2011, um espetáculo para crianças esteve em cartaz em São Paulo com muito destaque, por tratar de um tema tabu, a morte, de um jeito brincalhão, poético e sensível. Era O Pato, a Morte e a Tulipa, montagem de tocante simplicidade, a cargo da Cia. De Feitos, com texto e direção de Carlos Canhameiro. A peça foi buscar inspiração no livro de mesmo nome, escrito pelo alemão Wolf Erlbruch, que também é ilustrador e já foi premiado com o chamado ‘Nobel da literatura infantil’, o Prêmio Hans Christian Andersen.

Pois neste fim de ano tivemos em São Paulo mais uma boa adaptação desse mesmo livro de Erlbruch, que no Brasil foi lançado pela editora Cosac Naify. A peça, que encerra temporada neste fim de semana, desta vez se chama O Grande Mergulho, uma realização da produtora Tulipa, com dramaturgia de Alexandre Acquiste e Luis Fabiano Teixeira, direção cênica de Gabriela Winter e direção geral de Cléia Mangueira.

Na trama, a morte vem buscar o pato, mas, antes, a esperta ave decide ensiná-la a ser menos sisuda, a brincar e a se divertir, até relaxar. Quando a morte dorme nos braços do pato (uma cena linda), ele poderia aproveitar para fugir, mas os dois já ficaram tão amigos que isso não acontece. Além disso, a morte, por sua vez, em troca de ter aprendido o que é amizade, mostra ao pato que morrer faz parte de viver. É tudo muito sensível, com ótimas atuações dos dois atores, Alexandre Acquiste (no papel de Morte) e Aldemir Lima (o Pato).

A diretora realizou com a dupla um trabalho bastante caprichado de linguagem clownesca e de bufonaria. Há deliciosas cenas típicas de palhaços populares de circo. A cenografia, assinada por Rogério Falcão, é de uma beleza notável (árvore de notas musicais, lago em espiral, sol e lua com rostos expressivos). A iluminação (Tulio Pezzoni) cria os climas certos e ambientes que enchem nossos olhos de fantasia.

Os figurinos, a cargo de Emilia Reily, são ricos e criativos, apoiados em tons crus e em tecidos de texturas diferenciadas. A trilha sonora (Felipe Gomide) é de um instrumental bastante sofisticado, com sutis toques de brasilidade. Ou seja, tudo funciona. Vale muito a pena escolher O Grande Mergulho como a última peça infantil que você vai ver com sua família em 2013.

Serviço

Teatro do Centro da Terra
Rua Piracuama, 19 – Sumaré
Telefone (11) 3675-1595
Sábado e domingo, às 16h
Última semana. R$ 30 inteira / R$ 15 (meia-entrada)