O Diamante do Grão Mogol, de Maria Clara Machado, volta ao Tablado
Foto de Marcos Vianna



Crítica publicada no Jornal do Brasil – Caderno B
Por Lucia Cerrone – Rio de Janeiro – 17.07.1993

 

Barra

Vigoroso, divertido e novinho em folha

Quando se chega aos 40, a expectativa de que tudo vai ficar muito diferente pode trazer, por algum tempo, mudanças. Dois anos depois de comemorar a data redonda, o Tablado deu uma sacudida nas remontagens anuais e saiu na frente com o vigoroso e novinho em folha O Diamante do Grão Mogol. O texto de Maria Clara Machado, concebido em 1967, chega ao palco com direção da autora e colaboração de Guida Vianna, convertendo-se num dos mais emocionantes espetáculos da temporada.

Na aconchegante sala de tijolinho aparente, um afinado coro de moças e rapazes, estrategicamente colocados na lateral do teatro, abre a encenação, cantando seu enredo e apresentando os personagens. Ambientado nas Minas Gerais dos diamantes, por lá se desenrola a disputa pelo coração de Isabela (Clara Serejo), filha única de Inácio Pacífico (Paulo Ernesto Mara). Dos três pretendentes, Augusto Bombom (Alexandre Pantaleão), Jacó Montanha (Raphael Molina) e Ricardo de Montalves (Leonardo Brício), o terceiro é o favorito de Isabela, e é ele que desmascara o vilão, luta contra seus capangas, recupera o diamante e beija a mocinha no final.

Misturando romance e aventura, a história se conta num ritmo exato. Os figurinos de Ana Letícia revelam-se harmoniosos e funcionais, o mesmo se dando com cenários e adereços creditados à artista. Para as cenas de luta dos capangas de Jacó Montanha contra os irmãos de Ricardo de Montalves, Gaspar Filho e Leonardo Brício imprimiram uma veracidade de arrepiar a plateia.

No elenco de atores equilibrados se destacam as atuações de Cícero Raul, o Fenelon Tramóia. E a hilariante Ritinha, feita pela atriz Juliana Guimarães, com gestos marcados e pensados.

O espetáculo que reúne, entre elenco e apoio técnico, 55 profissionais mostra ao público uma concentração de talentos a ser revelada a cada cena da bem contada história. Em grande estilo, mais uma vez, o Tablado surpreende, até mesmo aos assíduos e cultuadores do teatro do Patronato da Gávea.

Cotação: 3 estrelas (Ótimo)