Crítica publicada no Jornal O Globo
Por Mánya Millen – Rio de Janeiro – 18.02.2001

Barra

Uma Diversão simples com lição de higiene

Investindo cada vez mais na faceta de Contadora de Histórias, a atriz e diretora Fatima Café também parece cada vez mais á vontade ao dividir o palco apenas com bonecos de espuma e adereços. Em Joãozinho Cabeça de Piolho, em cartaz no teatro Candido Mendes, Fátima volta a mergulhar no universo dos contos populares brasileiros (já presente em alguns de seus espetáculos anteriores e uma linha na qual ela investe a sério) para exercitar a arte da narrativa.

Assinar a direção e a concepção do espetáculo, bem como a criação de bonecos e adereços, não é novidade para Fátima. Mas, desta vez, simplicidade humor em doses maiores ajudaram a “limpar” pouco mais a cena, dando melhor visibilidade ao bom trabalho da atriz. Dançando, brincando, procurando utilizar todo o espaço do pequeno teatro, Fátima mostra a segurança de sua interpretação.

No palco, ela tira uma história dentro de outra: uma mãe tenta convencer o filho a deixar catar seus piolhos e, para isso, começa a contar a história de uma princesa que tinha um piolho de estimação. O bicho cresce e será o responsável por um estranho concurso que dará á princesa um marido.

É um enredo muito, muito simples, um texto sem brilho especial, apimentado pelos múltiplos adereços e bonecos que Fátima vai tirando de sua cartola.
O problema porém, é que em muitos momentos o folego do espetáculo parece ser esticado com demasia pela atriz, com cenas que poderiam ser bem reduzidas. Fica um tanto cansativa e nem mesmo toda a energia de Fátima, que se desdobra em muitos personagens, é suficiente para dar agilidade ao todo.

Mesmo sem empolgar, Joãozinho Cabeça de Piolho tem seu mérito: Fatima consegue dar uma pequena lição sobre hábitos de higiene sem ser maçante ou professoral.