Crítica publicada no Jornal do Brasil
Por Ana Maria Machado, Rio de Janeiro, 31.08.1974
Brincando de Circo
Desde que a criança esteja preparada para ver teatro e não espere feras de verdade num picadeiro, Gran Circo Gonzaga pode ser uma ótima escolha, e o próprio fato de ser um espetáculo encenado num circo de lona, com arquibancada e cadeira dobrável, pode acabar sendo um atrativo extra. A história contada não tem nada de extraordinário, mas sua simplicidade e despretensão ajudam a formar parte do encanto, ao se apoiar num elenco que sabe o que está fazendo, seguro por uma direção que consegue manter um bom ritmo na montagem. Destaque especial para a macaca Lucrécia, ótima composição do personagem. Um aspecto fortemente negativo, e que faz cair muito o nível do espetáculo, ao interromper a comunicação real com a plateia é o uso do playback – talvez fosse o caso de pendurar um microfone para tentar enfrentar as dificuldades de acústica, em vez de evidenciar que não é o personagem quem canta na hora.