Crítica publicada no Jornal Última Hora
Por Maria Teresa Amaral, Rio de Janeiro, 17.04.1980
Flicts
Autores: Aderbal Júnior e Ziraldo. Direção: José Roberto Mendes. Música: Sérgio Ricardo. Cenário e Figurinos de Sérgio Silveira e Lídia Kosovski. Coreografia de Deoclides Gouveia. Produção: Rodrigo Farias Lima e Elvira Rocha. Interpretação: Alby Ramos, Lígia Diniz, Cacá Silveira, Daniela Santi, Elvira Rocha. Cláudia Fares, Carla Camuratti, Teresa Mascarenhas.
O texto e o espetáculo são encantadores. Poética, bem marcada, com cenário e figurino criativos, esta produção de Rodrigo Farias Lima compensa com um Ziraldo, agora aliado a Aderbal Júnior, o desacerto do seu Ziraldo adulto, Esse Banheiro é Pequeno Demais para Nós Dois, e para qualquer espectador bem informado.
Flicts já é um clássico do teatro infantil, com direito a remontagens, que possam ser vistas por gerações sucessivas de crianças. A ótica da peça é válida, os percalços da cor mineira, esbulhada dos seus direitos de cor, por ser nova brasileira, comoventes. Embora a solução final não esteja ao alcance de todos, o fim da miséria da gente, por mais que levantarmos os nossos narizes pro alto, não vai cair da lua. Atores, bem (embora as mudanças de clima devessem ser mais nítidas); soluções de direção: competentes; cenário e figurinos surpreendentemente nos mostrando um profissional empenhado no uso de materiais simples, baratos, e nossos, com resultados compensadores. A música de Sérgio Ricardo é bonita, mas repetitiva e seria preferível tê-la cantada pelos atores e não no off, disfarçado pelo acende e apaga luz. Já a coreografia se recente do defeito da maioria das congêneres (mesmo em teatro adulto) – pouco criativa e antiga. Mas tem muito pior por aí. E o espetáculo resulta agradável para crianças e adultos. Sem ser alienante, um refresco para esses dias de calor e de horror.
Avaliação: Dois sinais positivos