Crítica publicada no Jornal O Globo
Por Rita Kaufman – Rio de Janeiro – 26.12.1986
Montagem difícil, mas bem resolvida, “segura” o público.
A primeira coisa que se pode dizer de Fio de Linha, cartaz do horário para crianças no Teatro Ipanema, é que a diretora Alice Koenow não optou pelo fácil quando resolveu montar a peça. A começar pela escolha do texto de Marilda Kobachuk e Diana Ribeiro, premiado em 1980 no Concurso de Dramaturgia do Inacen, que apresenta as situações cênicas em diversos planos, entremeando realidade e ficção. Apesar de a situação inicial não ficar muito bem resolvida, o público embarca na fantasia pelo inusitado das situações e a forma pela qual é apresentada. E fica de olho preso no palco, os sentidos despertados muito mais pelo que é visto e ouvido que pelo próprio texto. Mas é levado a pensar, se torna personagem ativo e não um mero receptáculo de informações, como é comum acontecer.
A produção é inteligente, apesar de não ser “rica”, de cenários imponentes e figurinos deslumbrantes. A opção da direção foi clara: trabalhar com a imaginação, sem fazer concessões ao fácil. O que resultou em verdadeiros achados cênicos, como a feira humana, o circo, a iluminação que aumenta e diminui o espaço. Bonecos e atores se misturam de maneira coesa e num ritmo que não deixa ninguém cochilar.