Os bonecos na peça Estação Terra em cartaz no Teatro Cândido Mendes, em Ipanema

Crítica publicada no Jornal do Brasil – Caderno B
Por Lucia Cerrone – Rio de Janeiro – 21.08.1993

 

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Recado Ecológico

Quando as portas do minúsculo Teatro Cândido Mendes se fecham, a escuridão é total. Flutuando ao som de música suave, o mundo gira acompanhado de perto por duas naves espaciais. Vai começar Estação Terrao day after de Floresta de Duendes, também de autoria de Alexandre Pring, apresentada em 1991.

Se no primeiro espetáculo, o homem não consegue deixar a floresta limpa e organizada, com a enorme quantidade de lixo que produz a cada piquenique, no segundo, ele se instala de maneira mais agressiva, construindo um faraônico espigão, com todos aqueles atrativos de lazer – sauna, piscina, quadra de squash – que compõem o paraíso da vida moderna, Alexandre Pring, também responsável pela direção, apresentada em 1991.

Se no primeiro espetáculo, o homem não consegue deixar a floresta limpa e organizada, com a enorme quantidade de lixo que produz a cada piquenique, no segundo, ele se instala de maneira mais agressiva, construindo um faraônico espigão de lazer- sauna, piscina, quadra de squash – que compõem o paraíso da vida moderna.

Alexandre Pring, também responsável pela direção, concebeu personagens muito interessantes para contar sua história. Do mendigo Armstrong (uma dupla homenagem ao astronauta Neil e ao músico Louis) à exagerada perua do terceiro andar, que luta com o dono da Construtora Entulhos, por melhores condições de funcionamento do Pombal’s Club. O enredo se desenvolve em cenas estanques que, sem prejudicar a unidade, muito se assemelham às histórias em quadrinhos.

Pring brinca com as imagens em diversos planos e tamanhos, mostrando detalhes da cena, feitas com teatro de sombra em duas telas colocadas um pouco abaixo do cenário base, ou mostrando a ação contínua do mesmo personagem, usando a silhueta e logo depois o boneco manipulado.

Porém, se a utilização da linguagem das histórias em quadrinhos se mostra bastante atraente para o público, o uso do texto previamente gravado não contribui para sua agilidade, tornando o espetáculo às vezes um tanto lento e com poucos recursos para o improviso.

Além dos quatro manipuladores – Bia Braga, Jorge Elias Nascimento, Tarcísio Ribeiro e Alexandre Pring – Estação Terra – conta ainda com trilha sonora original de Gui Tavares e o saxofone, muito oportuno, de Mário Seve. Enfim, um espetáculo bastante adequado para as frias tardes, quando o escuríssimo teatro acaba se tornando aconchegante, e que dá o seu recado em pequenos toques ecológicos, sem exageros explícitos.

Cotação: 2 estrelas (Bom)