Matéria publicada em O Estado de São Paulo – Caderno 2
Por Beth Néspoli – São Paulo – 04.10.2002

Despejo ameaça apoio ao teatro infantil 

Entidade fundada por criadores de peças juvenis pode ter de abandonar sua sede, no Rio.

Há sete anos um grupo de diretores e atores criou o Centro Brasileiro de Teatro para a Infância e Juventude (CBTIJ), no Rio. A entidade hoje conta com 160 associados, entre eles 30 companhias voltadas para o teatro infantil. Entre os objetivos do centro está a conscientização dos órgãos públicos, da sociedade e da imprensa para a importância das artes cênicas voltadas para esse público.

Se no teatro adulto é árdua a batalha por apoios, a situação é pior no infantil. Até elogios enfatizam o aspecto da “formação de plateia”, quando o essencial é a atuação sobre a subjetividade da criança, a influência da arte em sua maneira de olhar o mundo.

Daí a criação do CBTIJ (consulte www.cbtij.org.br) que em sete anos alcançou credibilidade entre a classe artística. Tanto que, em quatro dias, a entidade conseguiu mais de mil assinaturas em protesto contra uma ordem judicial que exige a desocupação de sua sede, na Rua do Catete. O espaço foi cedido pela Funarte, único apoio oficial recebido pelo centro. Ocorre que o prédio pertence ao INSS que está retomando o imóvel. “Na segunda-feira, teremos uma nova reunião com Márcio de Souza, presidente da Funarte. Ele vai tentar também garantir a nossa sede”, diz Antonio Carlos Bernardes, presidente do CBTIJ.

O Movimento dos artistas sensibilizou Humberto Braga, um dos aliados da entidade desde o primeiro momento, quando ainda estava na diretoria da Funarte. Atualmente ele ocupa, em Brasília, o cargo de secretário da Música e Artes Cênicas. Na quarta-feira, reuniu-se com representantes do INSS. “Levei um ofício do Ministro Francisco Weffort e muitos documentos comprovando a importância do CBTIJ. Houve sensibilização para o caso. Uma das possíveis soluções será a doação da sala à Funarte, por meio da Secretaria do Patrimônio da União. Importante dizer que nem o INSS nem o Ministério da Cultura estão indiferentes ao caso. Vamos buscar soluções para o impasse.”