Crítica publicada no Jornal O Globo
Por Rita Kauffman – Rio de Janeiro – 05.12.1986

Barra

Depois de um longo período de escassez de produções de qualidade, o Teatro Alaska abre espaço para um grupo jovem, mas com um trabalho consistente e, mais do que isso, renovador em termos de teatro. O grupo Idade Mídia é dirigido por Márcio Trigo, um dos fundadores do Manhas e Manias, de onde saíram, entre outros, Andrea Beltrão, Débora Bloch e Cláudio Baltar. Trigo é músico e tem em seu currículo a direção musical de peças como Vida de Cachorro, Sapomorfose, Woisec, Recordações do Futuro, Idade Mídia e Aprendiz de Feiticeiro.

Depois de Dois, a peça que reabilita o Alaska, é uma criação coletiva do elenco, Cláudia Martelotta, Cláudio Mendes, Isa Vianna, Lizanne Paulo e Orlando Leal, e do diretor. O texto tem como tema “o amor não tem idade”: o grupo pretende mostrar como as crianças veem o amor, considerando as inibições, repressões, complexos. Os autores levaram em consideração a influência da televisão nas fantasias amorosas infantis, o poder do relacionamento dos pais e a forte presença da escola, onde normalmente se descobrem amizades e namoros.

Os cinco atores interpretam 36 personagens e falam a linguagem da garotada de hoje, com a participação de heróis como Super-Homem e Rambo, reproduzem situações do dia-a-dia e até rememoram a velha brincadeira de “pera-uva-maçã”.

Na ficha técnica, vale destacar a iluminação de Maneco Quinderé, um craque, as coreografias de Michel Robin, os figurinos das tabladianas Patrícia Nunes e Flavia Leão e a direção musical de Márcio Trigo.