
Foto: Christina Bocayuva
Crítica publicada em O Globo
Por Mànya Millen – Rio de Janeiro – 02.09.1995
Dispersos porém satisfeitos
Não há como negar a produção caprichada exibida pelo musical Cinderela, de José Wilker, dirigido por Eduardo Martini. Trilha sonora maneirinha composta por Caíque Botkay quando na primeira montagem da peça, há cinco anos, e um elenco que não faz, figurinos legaizinhos que respeitam aqueles criados pelo falecido Marco Aurélio quando da primeira montagem da peça, há cinco anos, e um elenco que faz feio no palco do Clara Nunes. Mesmo bonita, entretanto, esta Cinderela não vence a barreira do déjà vu e acaba entrando no rol de tantas outras encenadas por esse Brasil afora.
A inovação criada por Wilker para o enredo – três bichinhos que contam e vivem a história da moça – chega mesmo a confundir um pouco o pequeno público, que volta e meia se vê perdido nas reviravoltas literárias feitas pelos animaizinhos.
Mas a peça tem seus pontos altos e, como em toda boa história, quem acaba levando a melhor são os vilões. Neste caso, as vilãs, Luiza Thiré e Kika Tristão extraem de suas personagens, as feiosas irmãs engraçadas caretas e ataques histéricos, divertindo a plateia. Totia Meirelles, como uma fada aloprada, também encanta. Já Flávia Rinaldi, como Cinderela, tem seu talento como dançarina pouquíssimo explorado numa peça musical.
Aliás, a coreografia criada pelo diretor Eduardo Martini – um ótimo coreógrafo – fica aquém do esperado. Mas a criançada, mesmo dispersa no final, parece sair satisfeita, do teatro.