A produção é rica e o grupo mostra muito empenho no palco, mas ainda falta experiência.

Crítica publicada no Jornal do Brasil – Caderno B
Por Lucia Cerrone – Rio de Janeiro – 04.09.1993

 

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Os exageros prejudicam as intenções 

A diferença de produção entre os espetáculos realizados em Niterói, infantis ou não, e as montagens cariocas é infinitamente maior que os 13 quilômetros de comprimento da ponte que une as duas cidades. Sem nenhum apoio institucional ou patrocinadores de plantão, os espetáculos, depois da ponte, são financiados em sua totalidade pelos próprios grupos que os apresentam.

Branca de Neve e os Sete Anões, em temporada no Teatro Ipanema, é o resultado do esforço conjunto de um desses grupos, o Artistando, que leva ao palco uma bem – intencionada produção, mas acaba se perdendo em exageros. Reunindo sob seu comando aproximadamente 30 pessoas, o autor, diretor e ator Jorge Azevedo, num tour de force de suas múltiplas funções, inovou o texto com alguns personagens extras que se mostram bastante interessantes. Para cada anão, o autor criou um paralelo no mundo animal. Antes da entrada dos homenzinhos, Branca de Neve se encontra com a sábia coruja (Mestre), com a mal-humorada raposa (Zangado) e assim por diante. Além disso, a personagem-título é representada, em idades diferentes, por três atrizes, entre elas um bebê de seis meses, que interpreta Branca em seu nascimento.

Entretanto, se o texto apresenta essas agradáveis inovações, o diretor Jorge Azevedo se vê em dificuldades com um numeroso elenco, composto em sua quase totalidade por atores muito jovens e inexperientes, que não conseguem acompanhar o time de seu diretor, quando em cena. Seguindo uma linha muito intuitiva e de particular humor, Jorge fica com as melhores cenas da peça, principalmente quando interpreta a terrível madrasta. Cercados por imensas molduras, cinco atores representam o espelho mágico da malvada, ao som de uma operística trilha sonora. É o cenário ideal para que esta quase drag queen arranque grandes gargalhadas da plateia.

A profusão de cenários e figurinos – que em alguns momentos reproduzem literalmente as veste criadas pelos estúdios Disney para o filme do mesmo nome – revela uma produção rica, mas de gosto duvidoso. Apesar dos contratempos, Branca de Neve e os Sete Anões tenta compensar suas deficiências técnicas com todos – produção e elenco – se empenhando em realizar o espetáculo da melhor maneira possível, numa demonstração de respeito, ao seu público.

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