A peça encanta adultos e crianças de todas as idades

Crítica publicada no Site da Revista Crescer
Por Dib Carneiro Neto – São Paulo – 28.07.2017

O figurino é criativo e bem acabado. Fotos: Barbara Campos

Braguinha e seus Disquinhos

Peça encanta com saudosismo da coleção Disquinho

Cia. Coisas Nossas de Teatro cerca-se de excelentes parceiros para contar histórias do compositor Braguinha

Nos anos 1960, quando se ouvia música em vitrolas, fez muito sucesso no Brasil uma coleção de discos compactos coloridos de vinil chamada Disquinho, da gravadora Continental. Cada compacto tinha uma cor diferente e trazia uma fábula completa, graciosamente narrada e intercalada por canções. (Em 2001, a Warner relançou 50 dessas histórias em edição remasterizada).

Carlos Alberto Ferreira Braga (1907-2006), conhecido como Braguinha e também por João de Barro, foi o compositor oficial da série toda. Pois agora ele, sua obra e, sobretudo, a coleção Disquinho serviram de inspiração para o competente espetáculo infantil da Cia. Coisas Nossas de Teatro, em cartaz no SESC Ipiranga, em São Paulo, Braguinha – Sons, Canções e Histórias.

Com dramaturgia do premiado Paulo Rogério Lopes, direção de Cristiano Tomiossi e Kiko Rieser, direção musical de João Poleto e cenografia e figurinos a cargo de Kleber Montanheiro, a peça é puro acerto. Você e seus filhos vão sair do teatro encantados. O espetáculo é de um astral delicioso, um clima de euforia contagiante.

A eficiente equipe criativa cuidou para que um saudosismo fascinante enredasse os adultos que conheceram a coleção Disquinho na infância, ao mesmo tempo em que um ritmo ágil, quase frenético, e moderno faz as crianças da atual geração também curtirem bastante a atração, que se apoiou basicamente em quatro fábulas: A Cigarra e a Formiga, Festa no CéuChapeuzinho Vermelho e Viveiro de Pássaros.

Com o auxílio luxuoso das projeções de Zeca Rodrigues e ilustrações de Carol Carreiro, Montanheiro fez um cenário pulsante e vivo, apoiado nas fortes cores dos discos da coleção. É incrivelmente linda a cena em que o palco todo se enche desses disquinhos, projetados em forma de painel animado.

Os figurinos de Montanheiro também impressionam pelo cuidado com os detalhes e o acabamento  – o que deveria ser regra básica no teatro, mas infelizmente não é: tem muito figurinista ainda que faz um trabalho improvisado e descuidado. Adorei a versatilidade do casaco de Chapeuzinho Vermelho, por exemplo.

A dramaturgia sempre esperta de Paulo Rogério Lopes mescla as tramas e seus diversos personagens e canções, de maneira a evitar o enciclopedismo chato. Inspirado em Braguinha, o personagem Seu Braga cativa do começo ao fim, sem ficar desfiando verbetes biográficos, o que seria fatal. O elenco, todo carismático, está muito bem: Dani Nega, Débora Veneziani, José Eduardo Rennó e Tayrone Porto. Recomendo esse ‘Braguinha’ com louvor. Teatro de qualidade acima de qualquer suspeita.

Serviço

Local: SESC Ipiranga – Teatro
Rua Bom Pastor, 822 – Ipiranga, São Paulo
Telefone: (11) 3340-2000
Capacidade: 200 lugares
Quando: Domingos, às 11h
Ingressos: Grátis para crianças até 12 anos
R$ 17,00 (inteira), R$ 8,50 (meia-entrada) e R$ 5 (credencial plena/SESC)
Classificação etária: Livre
Duração: 70 minutos
Temporada: De 25 de junho a 30 de julho de 2017