Matéria publicada no Jornal do Brasil – Caderno B
Por Rachel Almeida – Rio de Janeiro – 15.05.2005
Teatro, infância e juventude em debate no Rio
3º Seminário Nacional SESC CBTIJ investiga o uso do teatro infanto-juvenil por empresas, na educação e até pela publicidade.
Se engana quem pensa no teatro infanto-juvenil somente como forma de expressão artística ou lazer, sem levar em conta sua contribuição à educação e até à publicidade.
E são exatamente as discussões em torno de sua utilidade na sociedade contemporânea que marcam a realização do 3º Seminário Nacional SESC CBTIJ de Teatro para a Infância e Juventude. Com o tema Teatro pra que serve?, o evento acontece de terça a quinta no SESC Tijuca, mas abre hoje, no Parque dos Patins, na Lagoa, com atividades gratuitas de 10h às 16h.
Buscando aprofundar os debates dos dois seminários anteriores, que trouxeram à tona temas como arte-educação e dramaturgia, o encontro deste ano se concentra na realização de duas mesas-redondas: Da for mação à contestação (terça-feira, das 19h às 22h) e Teatro institucional ao comercial (quarta-feira, das 19h30 às 22h). Com a mediação de Kil Abreu, jornalista e membro da Associação Paulista de Críticos de Arte, os debates contarão com a presença da diretora Maria Helena Kühner e do sociólogo e integrante do grupo de teatro de bonecos Giramundo, Marcos Malafaia, entre outros participantes.
– Nosso objetivo, na primeira mesa, é abordar questões referentes à relação entre a arte e a educação, incluindo a utilização do teatro no ensino formal e também na formação artística do indivíduo. É um debate que deve atrair muitos professores para a plateia – comenta Kil Abreu.
A segunda mesa-redonda, Teatro institucional ao comercial, não vai ficar restrita ao teatro infanto-juvenil. Além de discussões envolvendo o uso das artes cênicas para fins comerciais e os mecanismos para atrair o consumidor mirim, os debates do dia lembram a utilização crescente do teatro em empresas dos mais variados ramos.
– No segundo dia de discussões, lembraremos a importância do teatro para o aumento de produtividade das empresas, mas também questionaremos o uso das artes cênicas na publicidade. Existem atividades recreativas nos shopping centers, por exemplo, que incentivam as crianças a consumir. E isso é um sinal da nossa época. Não é um dado para causar espanto, mas para ser discutido – observa Kil.
O seminário está entre as atividades anuais promovidas pelo CBTIJ – Centro Brasileiro de Teatro para a Infância e Juventude, que comemora este ano seu décimo aniversário. Com o objetivo de promover ações ligadas às artes cênicas que contribuam para a afirmação social das crianças e adolescentes do Brasil, a entidade promove, este ano, mais do que mesas redondas.
Nos três dias de eventos, serão organizados fóruns de discussões em que profissionais devem relatar suas experiências, e três oficinas comandadas por profissionais renomados, como Gilberto Gawronski, Suzana Saldanha e Mirna Spritzer, com inscrições a R$ 10. Também serão exibidos os espetáculos Circo minimal, da Cia Gente Falante; e A mulher gigante, do Grupo Cuidado que Mancha; além da leitura dos textos inéditos, Histórias de pássaros, de Cibele Fraga, e Criando asas, de Marco Aureh.
Mas é hoje, no Parque dos Patins, que o público ganha uma boa amostra do que vem sendo produzido atualmente no teatro infanto-juvenil. A partir de 10h, sete grupos e artistas se apresentam na Lagoa: Valdevinos de Oliveira (com espetáculo sem título); Irmãos Brothers (A inenarrável estória de Bobinaldo e seu trombone); Juliana Manhães (Divino Emaranhado); Cuidado que Mancha (A família sujo); Cia. Será o Benedito?! (As aventuras de Pedro Malazartes); Fuzarca da Lira (Fuzarca da Lira ataca novamente); e Zé Zuca (Rádio maluca).
Procuramos selecionar grupos que desenvolvam uma linguagem de rua – afirma a coordenadora do seminário, Ine Baumann.