Crítica publicada no Jornal do Brasil – Caderno B
Por Lucia Cerrone, Rio de Janeiro – 24.04.1993
Dizem os cinéfilos que 1939 foi um ano inesquecível para o cinema americano. Entre tantas outras coisas, Hollywwood lançou para o mundo a saga de Scarlett O’Hara em… O Vento Levou, Ginger Rogers e Fred Astaire dançaram juntos pela última vez e a jovem Judy Garland maravilhava seu público com O Mágico de Oz, tornando impossível não se lembrar do filme em sua adaptação para qualquer outro veículo. O Mágico de Oz, em cartaz no Teatro América, com texto original de Lyman Frank Baun, transposto para o palco por Cláudia Torres, Lincoln Magalhães, Leão Leibovich, chega à cena sem nehuma pretensão de reproduzir literalmente o que se viu na tela, sem, no entanto abrir mão totalmente de interessantes efeitos cinematográficos.
Leão Leibovich, mais uma vez, optou por cuidar do espetáculo, concentrando toda a sua atenção na concepção de cenas ricas em efeitos, que já tornaram a sua marca registrada. Desta maneira, mesmo que o elenco não atinja grandes momentos de interpretação, a qualidade da produção é mantida pela mão forte do encenador. Ainda assim, algumas atuações se destacam, com o caso de André Lagge, no papel do Espantalho, Bira Cavalcanti no Leão Medroso e Otávio Reis se distribuindo em interpretações de alguns vilões. A grande novidade, no entanto, fica com a participação da cachorrinha Pipoca. Treinada a exaustão por Willbert Michalsky, Pipoca reproduz quase que na totalidade as peripécias que seu antecessor Totó fazia no filme de Victor Flemming.
Apesar da proximidade da plateia, das luzes e de outros efeitos especiais de cena, a cachorrinha tem todas as reações na hora certa. Entre outras coisas, hostiliza a professora antipática e fica estática quando enfeitiçada pela Bruxa Má do Oeste. Sua empatia com o público é instantânea.
O Mágico de Oz tem ainda trilha sonora bastante criativa do próprio Leibovich, a partir da música original do filme, que unida à iluminação de Washington Duarte e aos cenários e figurinos de Maria Helena Salles dão ao espetáculo uma unidade plástica bem concebida, encontrando endereço certo nos fãs do entretenimento.
Cotação: 2 estrelas (Bom)