Crítica publicada no Jornal O Globo
Por Rita Kauffman – Rio de Janeiro – 31.01.1986
Música Salva a Sátira Política para Crianças
Apesar do nome pouco atraente, A Constituinte da Nova Floresta, cartaz do Teatro Vanucci, angariou algumas indicações ao Prêmio Mambembe 85 – produtor, atriz e categoria especial – e não foi à toa. O texto adaptado do livro de Arnaldo Niskier por José Roberto Mendes pretende passar um “conteúdo político de forma amena”. Se isto é possível, o objetivo não é alcançado. Apesar de serem óbvias para os adultos as relações com a realidade nacional da história do Presidente Cavalo Manhoso e de seu Ministro da Fazenda Bode Galvão, um presidente autoritário e incompetente, deposto por força da imprensa, representada pelo repórter Justino Tigre, para as crianças a história fica maçante.
O início da peça é interessante. Os 22 atores que compõem o elenco apresentam seus personagens e a ficha técnica. A direção de Rodrigo Farias Lima é eficiente como um todo, na direção dos atores e na escolha da equipe, mas deixa a desejar nos diálogos, com muitas falas monótonas, arrastadas mesmo. O que faz A Constituinte da Nova Floresta atraente são sem dúvida os números musicais. Aí o espetáculo cresce e prende a plateia. A qualidade de movimentação cênica dos atores, a música ao vivo, em destaque o sax de Eliseu Mariotti, a direção musical impecável de Bia Bedran, ela assina a trilha sonora junto com Mauro Perelman e Zé Zuca, são comparáveis à coragem e arrojo da produção de A Constituinte que levou à sério o teatro infantil, quando contratou um elenco de 22 atores, em que se destacam Adalberto Nunes, Cavalo Manhoso, Jegue Severino, Tigre de Bengala; Tarcísio Ortiz, Macaco; Silvia Aderne, Coruja e Anay Claro, ótima cantora, entre outros.