A peça fala sobre a preservação do meio ambiente

O cenário conta com prédios, árvores e casas. Fotos: Pedro Andreeta

Crítica publicada no Site da Revista Crescer
Por Dib Carneiro Neto – São Paulo – 13.01.2017

Barra

Destruição das florestas é tema da nova peça da Pia Fraus

A Última Árvore estreia domingo em São Paulo, encenada a partir do conceito de um presépio animado

Desde 2014, o veterano grupo de teatro de bonecos Pia Fraus não estreava peça nova no circuito paulistano. Pois teremos agora em cartaz, na mostra de férias do Teatro MorumbiShopping, em São Paulo, a grande novidade do grupo, A Última Árvore, que estreia neste domingo, dia 15. A peça já foi testada em 20 cidades no interior de São Paulo, no ano passado, graças ao apoio do ProAC-ICMS.

Com direção de Beto Andreetta e Wanderley Piras e atuação de Jucie Batista e André Zeronian, A Última Árvore é montada no palco a partir do conceito de um presépio animado. Fala de uma árvore que vê sua floresta sumir aos poucos, perdendo espaço para o concreto de uma grande cidade. O tema da preservação do meio ambiente, da salvação do planeta e da importância da sustentabilidade mais uma vez é abordado pela Pia Fraus – e desta vez com bonecos de formatos diferentes, como nos conta na entrevista abaixo o diretor e fundador da companhia, Beto Andreetta.

Neste espetáculo novo, como são os bonecos? Quem criou, quais os materiais, qual o porte (grandes, pequenos) e como serão manipulados (qual técnica)?

Beto Andreetta: É uma vontade muito grande que eu tinha, quando era criança. Eu e muitos. Eu escutava história em toca discos de vinil, esses “disquinhos” coloridos, e eu adorava aquilo quando menino. Morava numa vila no Itaim-Bibi, na Rua Miguel Calfat. Era uma vila de 10 casinhas muito simples, com dois quartinhos e quintal. Naquele tempo, a Rua João Cachoeira ainda era de terra. Nós éramos quatro irmãos, dormíamos todos no mesmo quarto, somos de uma família de classe média baixa e muito satisfeitos, muito felizes. O ambiente era muito agradável. Hoje tenho 54 anos. Uma das minhas boas lembranças da infância é escutar esses “disquinhos” de história. Com isso, quando eu resolvi fazer ‘A Última Árvore’, quis criar um espetáculo a partir desse mote. Nós nunca tínhamos produzido um espetáculo com um texto gravado. Faço um prólogo para contar às crianças como era a minha infância, as brincadeiras que fazíamos, onde nós brincávamos. Por exemplo, eu principalmente gostava muito de Fort Apache (os bonequinhos de plástico). Sempre tive vontade de colocar esses bonecos em um espetáculo de minha criação, adorava brincar com isso. Fiz duas cenas, uma de bichos de plástico, esses tipos de “fazendas industriais”, já prontos, e outra cena para mostrar às crianças uma “vitrolinha”. Eu me recordo muito bem disso, adorava a “vitrolinha” e meus disquinhos. Fazemos uma cena introdutória, com o prólogo, e logo depois cai a história de ‘A Última Árvore’ propriamente dita e muito simpática, com uma vitrola antiga, que encontrei ali na Benedito Calixto, em São Paulo.

Existem nesta peça os bonecos que são mais intimistas, menores desta vez. É uma coisa que nosso grupo resolveu experimentar, ousamos um pouquinho fazendo-os pequenos, mudando muito a lógica dos nossos bonecos em outros espetáculos, pois estes agora são todos muito pequenos. O espetáculo acontece em uma bancada, como se fosse uma mesa, com bonecos de cerca de 20 cm no máximo, produzidos com pinturas em pedaços de madeira, que são os humanos da história – e os movimentamos como se fossem Lego na selva. Os bonecos foram produzidos pela Karen Matias e pelo Jucie Batista. O Jucie é uma pessoa que está com a Pia Fraus há mais de 10 anos, e ele fez mais do que bonecos. Desta vez, fez com que nós descrevêssemos o cotidiano de uma floresta, que é onde havia animais, árvores, índios e, na sequência, vem a acidade, os prédios. Ele fez essa parte do cenário: as árvores, casas e prédios. Eu, Beto Andreetta, depois de muitos anos, também fiz alguns bonecos, que são os pequenos animais. Uma parte dos bonecos foram comprados: transformamos e ‘instalamos’ neles uma maneira de manipulação. São bonecos com manipulação direta em pequena dimensão, ideal para o Teatro do Shopping Morumbi, que propõe uma intimidade, uma peça intimista com essa narrativa que nós nunca tínhamos experimentado.

Como foi a repercussão do novo espetáculo, nas apresentações já feitas?

Beto Andreetta: Foi muito bacana! Quase todos os espetáculos da Pia Fraus nascem de uma maneira e depois vão se transformando e crescendo. Foi assim com Bichos do Brasil, Gigantes de Ar Filhotes da Amazônia. Esse último talvez tenha nascido mais pronto, mas faz parte da nossa tradição os espetáculos irem crescendo. Nós vamos descobrindo coisas, por mais que nos aprofundemos nos ensaios. Preparamos muitos os espetáculos, mas descobrimos novas possibilidades no encontro com o público e dessa vez foi a mesma coisa. Temos um projeto chamado “Teatro Portátil”, que é um teatro inflável portátil, onde fizemos a peça pelo ProAC-ICMS. Fomos a 20 cidades no interior de São Paulo no ano passado e a peça “A Última Arvore” foi produzida para isso especificamente. No entanto, tinha algumas características específicas, como, por exemplo, apenas 25 minutos de duração, pois ela era repetida várias vezes em cada cidade no mesmo dia.  Desde nossos projetos especiais com os ônibus itinerantes (Buzum), percebemos que esse é um tempo bom de espetáculo, principalmente quando é feito fora do ambiente teatral clássico, fora de uma sala de teatro. Em menos de meia hora, uma criança se satisfaz muito mais e você consegue estabelecer um vínculo emocional com ela, desenvolver uma ideia. Então, esse espetáculo nasceu dessa maneira. Foi muito satisfatória a reação, o entendimento, a relação emotiva e intelectual das crianças e adultos nesse espetáculo. Porém, quando você transporta para uma sala clássica de teatro, surgem outras linguagens, sentimos a necessidade de mexer, alongá-lo mais. Transformar em projeto de sala teatral. A expectativa que as pessoas comumente constroem a partir de uma sala teatral é ficar no mínimo 45 minutos com uma criança dentro do local do espetáculo. Então foi isso que nós fizemos: nesse novo momento do espetáculo, nesta versão desse Festival, a peça está com 45 minutos.

Serviço

Pia Fraus no Festival de Férias do Teatro MorumbiShopping
Temporada: de 10 a 29 de janeiro de 2017

Teatro Shopping Morumbi
Av. Roque Petroni Júnior, 1089, Jardim das Acácias, São Paulo
Ingressos a R$ 50 e R$ 25

A Última Árvore
Domingos às 12 e às 15 horas
15, 22 e 29 de janeiro

Demais espetáculos da mostra:

Gigantes do Ar
10, 17 e 24 de janeiro, terças-feiras, 15h

Círculo das Baleias
11, 18 e 25 de janeiro, quartas-feiras, 15h

Filhotes da Amazônia
12, 19 e 26 de janeiro, quintas-feiras, 15h

O Vaqueiro e o Bicho Froxo
13, 20 e 27 de janeiro, sextas-feiras, 15h

Bichos do Brasil
14, 21 e 28 de janeiro, sábados, 12h e 15h