Crítica publicada no Site da Revista Crescer
Por Dib Carneiro Neto – São Paulo – 25.10.2013

Barra

Duas amigas unidas pela vontade de ser princesa

Trilha de balada, atrizes competentes, direção segura e adaptação criativa fazem de Até as Princesas Soltam Pum um grande espetáculo para todos

O livro de Ilan Brenman, meu colega colunista deste site, já é um grande sucesso desde 2009, quando foi lançado pela Brinque Book. Agora, o seu Até as Princesas Soltam Pum virou peça de teatro. Em cartaz já há algumas semanas no Teatro Alfa, em São Paulo, o espetáculo é encantador e livremente inspirado na história original. Adoro adaptações como esta, que não são reverentes demais ao autor, mas que ao mesmo tempo em que inventam e recriam também preservam toda a essência dos livros.
Na obra do premiado Brenman, a curiosa protagonista Laura conversa o tempo todo só com o pai. A peça opta por trocar o pai por uma amiguinha, a sapeca Luiza, valorizando e celebrando, assim, a linda amizade entre duas meninas sonhadoras e brincalhonas, que querem, elas próprias, um dia ser princesas.

Montagem da companhia Toc Toc Posso Entrar, surgida em 2010 com foco na chamada contação de histórias, e com direção e dramaturgia assinadas por Cristiana Ceschi, a peça é bastante movimentada e animada, sobretudo pela escolha acertada de uma trilha sonora executada ao vivo por Cristina Bosch (diretora musical) e Pedro Ribeiro. Trata-se de uma inusitada trilha para um infantil, pois não tem momentos muito melosos ou sentimentais. Ao contrário, a música é uma festa, nada óbvia, com ritmos dançantes de rave, valorizando o pop rock das baladas. Sensacional!

As duas atrizes dão um show. Danielle Barros (como Luiza) e Fabiane Camargo (como Laura) jamais lançam mão da voz infantilóide e da linguagem tatibitate – e, ainda assim, nos convencem de que são meninas, graças aos gestos, trejeitos, entonações, inflexões… A direção acerta também no uso criativo das imagens em telão, a cargo de Beatriz Carvalho e Diogo Nii Cavalcanti, do Estúdio Donguri.

Também é magnífico o momento em que as garotas devem criar um conto de fadas, como se fosse uma prova para virarem princesas de verdade. Luiza não se anima a inventar nada, Laura aceita a desafio e conta a cativante história de um hipopótamo azul, o que também não consta do livro de Ilan Brenman. É um conto muito bonito, a ponto de atiçar em Luiza a vontade de terminar a história que a amiguinha começou. Romântica, ela cria um final feliz. Só esta cena do hipopótamo azul já valeria a peça toda. Mas o arremate do espetáculo é ainda mais emocionante, quando finalmente bate o sono nas duas meninas, depois de tantas brincadeiras à noite no quarto. Você vai se encantar com o carinho e a cumplicidade entre Laura e Luiza. Não perca e não deixe que seus filhos fiquem de fora deste inegável sucesso. Vida longa para o espetáculo.

Serviço

Teatro Alfa – Sala B
Rua Bento Branco de Andrade Filho, 722 – Sto. Amaro
Tel. 11 5693-4000
Sábados e domingos, 17h30
Até 24 de novembro
Ingressos: até 12 anos: R$ 15; adultos: R$ 30