Crítica publicada em O Globo – Rio Show
Por Luciana Sandroni – Rio de Janeiro – 27.12.1991
Uma Viagem a Idade Média
O Segredo bem Guardado recria história de época em montagem cheia de humor.
Uma viagem no tempo, mais precisamente à Idade Média. Esse é o convite do ótimo O Segredo bem Guardado, conto de origem camponesa que, de tão contado e recontado, já se tornou parte do nosso folclore oral. Juanelo, pobre camponês, acha um tesouro estupendo, mas sua alegria dura pouco: lembra da mulher, Leonela, que espalharia a notícia pelos quatro cantos. O camponês, então, tem uma ideia: desacredita a mulher diante de todos, que pensam estar diante de uma louca.
No começo, a adaptação de Márcia Frederico intimida o público com uma novidade: mostra o making of do teatro na Idade Média. O público é recebido por um guia que conta como eram os atores, como se vestiam e se pintavam. Ao chegar ao palco convencional, a história começa a ganhar mais agilidade – principalmente com a entrada em cena de Leonela. É quando se fica sabendo com Juanelo vai fazer para enfrentar a tagarelice da mulher.
É primoroso o trabalho de Ricardo Venâncio, que assina o figurino, os cenários e a direção. A pesada maquiagem torna a peça lenta no início, antes do bom humor aparecer. Na direção, ele consegue equilibrar bem o ritmo, criando um espetáculo de rara beleza plástica. A ótima história mostra que não é de hoje que o dinheiro pode não trzer tanta felicidade assim.
No elenco, Evandro Melo e Rogério Freitas / Gilberto Miranda estão muito engraçados nos papéis de vizinhas fofoqueiras, amigos de Leonela. Márcia Frederico compõe uma Leonela durona e mandona, fazendo contraponto com Venâncio, no papel do aflito Juanelo.
O Segredo bem Guardado é ótima sugestão para crianças e adultos e uma boa oportunidade para visitar o Paço Imperial.