Crítica publicada em O Globo – Rioshow
Por Mànya Myllen – Rio de Janeiro – 16.06.2001

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Dois Visionários em um vôo poético

Os Meus Balões: Um espetáculo rico em beleza em informações

Delicadeza, esmero, sensibilidade, apuro, ternura. Essas e outras palavras de sentido suave e semelhante já foram usadas para qualificar a forma pela qual Karen Acioly conduz seus espetáculos. Todas foram empregadas com acerto.

E em Os Meus Balões, em cartaz no Centro Cultural Light, uma opereta que trata justamente do desejo humano de ganhar asas e descobrir o mundo, o voo só poderia ser ainda mais poético e…delicado.

Desta vez, é através de um encontro (que na verdade nunca aconteceu) entre o brasileiro Alberto Santos Dumont (Leonardo Miranda) e o escritor francês Júlio Verne, autor do clássico Vinte Mil Léguas Submarinas, que Karen, também autora do libreto, mostra sua requintada capacidade de transformar sonho em história. Ou será história em sonho?

A história e o sonho pertencem a Santos Dumont (Leonardo miranda), que desde menino imaginava um futuro povoado por balões que uniriam os homens pelos céus. Fã de Verne (vivido por Guilherme, irmão gêmeo de Leonardo), ele é conduzido pelo escritor a esse futuro que lhe reservou glórias. A presença dos irmãos é um belo acerto: é com alegria contagiante que eles dão vida aos protagonistas, também gêmeos em suas ideias visionárias.

Dentro de um clima onírico, embalado pela música de Roberto Bürguel (autor da partitura original, diretor musical e também o pianista que toca ao lado do violinista Pedro Mbielli) e embelezado pelos figurinos de Paula Acioli (com a dose certa de romantismo, humor, suavidade e exagero em cada cena), o espetáculo tem um sopro de leveza que conquista o espectador desde o início. E segue enchendo os seus olhos com mimos cênicos, como objetos que voam, escadas iluminadas, o tecido diáfano que nas mãos dos atores vira um imenso balão…

Com um grande elenco de ótimos atores-cantores (Ana Madalena Nery, Camila Caputte, Marcelo Rezende, Flávio Bauraqui e Tadeu Mathias), a belíssima opereta de Karen consegue ser ao mesmo tempo etérea e “de peso”, ao mostrar ao público, com lirismo, uma boa parte da vida e dos sonhos do brasileiro que um dia ousou voar”.