Programa do evento que aconteceu na cidade de São Paulo, de 21 a 25.06.1999

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(INFORMAÇÕES DO PROGRAMA)

(Capa)

UM MERGULHO NA DRAMATURGIA PARA O PÚBLICO ADOLESCENTE

Debates
Oficinas
Aulas-Espetáculo
Espetáculos

21 a 25 de junho/99

(Logo) Sesc São Paulo

(Verso da Capa e Página 01)

Uma das linhas orientadoras do trabalho de ação cultural desenvolvido pelo SESC de São Paulo reside na busca constante de propostas que estimulem a reflexão sobre temas atuais.

Reflexões suscetíveis de gerar projetos e realizações pertinentes a todos os públicos, da criança ao idoso.

Foi pensando num público particularmente instigante e sensível, o adolescente, que o SESC associou-se ao Instituto Goethe para, em parceria, criar o projeto Um Mergulho na Dramaturgia para Público Adolescente. Trata-se da abertura, mais que oportuna, de uma ampla discussão envolvendo a qualidade dos textos e adaptações teatrais dirigidos a esse segmento específico.

Com a participação de autores, encenadores e intérpretes, tanto brasileiros como do exterior, o evento reúne painéis de debates, oficinas, aulas-espetáculos e espetáculos.

A iniciativa é mais uma, entre tantas, que o SESC promove tendo em vista contribuir para o incentivo, valorização e difusão das artes cênicas entre nós.

Danilo Santos de Miranda – Diretor do Departamento Regional do SESC no Estado de São Paulo


(Páginas 02 e 03)

Introdução ao Tema Dramaturgia Para Adolescentes – 6

Sobre as Mesas de Debate

Mesa 1 # Iniciativas de Estímulo à Produção Dramatúrgica – 12
Mesa 2 # Faixa Etária e Dramaturgia – 14
Mesa 3 # Educação versus Estética – 16
Mesa 4 # Relato de Experiências – 18
Mesa 5 # Teatro como Produto Cultural – 21

Sobre as Oficinas

Criação de Texto – 26
Adaptação de Textos – 27
Por dentro do Imaginário Juvenil – 27
Dramaturgia Autoral – 28
Relação entre Texto e Imagem – 29
Elaboração de Roteiros – 31
RPG (Roling Play Games), Imaginário e Interatividade Didática versus Fantasia – 32

Sobre os Espetáculos e Aulas-Espetáculo

Clarão nas Estrelas – aula-espetáculo – 34
Cuidado: Garoto Apaixonado! – aula-espetáculo – 35
Só in Cena – aula-espetáculo – 36
O coração de um Boxeador – espetáculo – 37
A Filha do Rei dos Canalhas – espetáculo – 38

(Páginas 04 e 05)

Introdução ao Tema Dramaturgia para Adolescentes

(Páginas 06 e 07)

Especificidade do Teatro Adolescente

Adolescer significa crescer, desenvolver, o que traz implícita a ideia de algo que não está pronto, mas traçando um caminho. A adolescência é uma etapa de vida muito específica e, sem dúvida, a mais turbulenta. Ser adolescente é enfrentar processos conflituosos de mudanças psicológicas e físicas, questionando, contestando, sofrendo, se esforçando para se afirmar como pessoa.

Se a roupa é diferente, se o cabelo, a linguagem, os problemas são diferentes, a arte como um todo e o teatro em particular, terá sempre que ser diferente se pretender conquistar esse público. Não há qualquer chance de sucesso numa empreitada de teatro para adolescente, se o próprio não conseguir se identificar seja com os personagens ou com situações a que assiste no palco.

 Tensão entre Poética e Didática

Uma tendência grande quando se escreve ou se dirige para adolescentes é esquecer que a peça é uma obra de arte que vai passar sempre mensagens subliminares como qualquer obra e reforçar, desnecessariamente, um aspecto didático, escancaradamente professoral, que o jovem detecta com facilidade e simplesmente detesta.

É muito comum autores subestimarem a inteligência e a sensibilidade do adolescente e construírem peças que conseguem ter um efeito danoso sobre o que lutamos tanto para conseguir, que é conquistar o adolescente como público de teatro, afastando-o cada vez mais. Não são necessários discursos óbvios, ou tentativas de se ensinar condutas durante o espetáculo. O que for importante, relevante para a sua vida, o jovem vai apreender por si só e absorver de forma até inconsciente.

O exercício de escrever, dirigir e produzir para jovens é rico e útil, se conseguir penetrar no seu universo singular, enxergá-lo e entendê-lo pelo olhar do adolescente e traçar conflitos e situações que lhes sejam próprios, mas que falem a uma alma de qualquer idade.

Teatro é poesia, não é aula.

Risco de Estereótipos

Adultos criando para adolescentes costumam incorrer em erros comuns, traçando uma imagem do jovem que não é real, mas estereotipada. O jovem revoltado, drogado, com uma imagem negativa, que costuma aparecer em propagandas de TV, bem como o adolescente tímido, de óculos “fundo de garrafa”, incapaz de falar uma única frase para um desconhecido, e tantos outros tipos que conhecemos, são armadilhas fáceis para aqueles que esqueceram o que é ser adolescente.

Entre os adolescentes, como entre os adultos, esses tipos existem, mas não são a maioria. Como todo mundo, os jovens buscam o equilíbrio entre as emoções, os desejos, os medos, só que de forma muito mais acentuada do que um adulto, pois lhes faltam ferramentas emocionais necessárias para lidar com muitas situações que estão acontecendo em suas vidas pela primeira vez. E nesse ponto que reside uma finalidade essencial para escrever e fazer teatro adolescente, pois permitindo que ele assista a situações que lhe são cotidianas, e a forma que os personagens, seres comuns e não estereotipados, encontram para solucionar seus conflitos, o teatro já está colaborando com o seu amadurecer.

(Páginas 08 e 09)

Questões Técnicas

Costumam me perguntar se existe uma técnica própria para se escrever teatro adolescente – eu acredito que sim. Num primeiro momento temos que fazer concessões artísticas, porque o objetivo é criar um teatro que tenha público. Se esses jovens não costumam ter o hábito da leitura, como conquistá-los com um texto clássico, com uma linguagem que eles desconhecem, com situações que lhes são estranhas? Minha opinião: não se conquista!

Temos que partir do seu mundo, utilizando uma linguagem coloquial, com personagens adolescentes no palco, peças mais curtas e se possível com situações de maior ação. Nesse primeiro momento, até a conquista definitiva desse público, é preciso que a peça aborde temas e problemáticas adolescentes. Temos também que ter grande quantidade de peças de qualidade em cartaz. É preciso que existam diversas opções de estilo e que o jovem possa discutir entre amigos, na família, na escola, o que assistiu, o que gostou e o que não gostou, como faz com tudo que é parte de seu mundo.

Quando tivermos toda uma geração de adolescentes enxergando o teatro como uma diversão tão inserida em seu contexto como o cinema e a TV, eles estarão prontos para recebê-lo com as diferenciações que lhe são características e com a riqueza que lhe é peculiar. O teatro para adolescentes então, não terá limites quanto ao conteúdo e à profundidade, discutindo tudo o que é inerente ao ser humano.
Esse deve ser nosso objetivo.

Situação da Dramaturgia para Adolescentes no Brasil

De um teatro que praticamente não existia na década de 80, para um teatro que já é objeto de estudo e uma realidade cada vez mais presente na nossa sociedade, evoluímos muito.

Tínhamos um verdadeiro buraco entre o teatro infantil e o adulto e era nessa fase que perdíamos, muitas vezes definitivamente, o público de teatro. A criança acostumada a ir ao teatro, e a gostar, perdia completamente o hábito quando entrava na adolescência, pois tanto as peças infantis quanto as adultas, eram incompatíveis com sua idade. O adolescente não ia ao teatro simplesmente porque não existia teatro para ver. E o que era pior, ele acabava ficando com a imagem de um teatro chato, que não se animava a reexperimentar, mesmo na idade adulta.

É o teatro adolescente o elo de ligação e a continuidade de um processo que deve começar na primeira infância, de formação teatral. Se o teatro adolescente cumprir seu papel, em poucos anos teremos um público de teatro, no Brasil, muito maior do que temos hoje e que só tenderá ao crescimento.

Como qualquer manifestação artística no seu início, o teatro adolescente ainda está tateando pois, com menos de uma década, ele ainda é criança. Vamos tentar, errar, refazer, aprender e adolescer junto com nosso público e ter sempre em mente que, se é uma fase de imensos conflitos, é também aquela da qual teremos as melhores lembranças.

Miriam Bevilacqua

Miriam Bevilacqua é formada em Jornalismo e em Direito, com pós-graduação em Marketing pela ESPM. Professora de português e autora de livros infanto-juvenis, é a jornalista responsável pela Revista Radar, o único veículo infanto-juvenil distribuído gratuitamente dentro de 120 escolas de São Paulo. Como autora de teatro escreveu A Pedra Mágica, as peças para adolescentes Se Você Me Ama… e Nó de Gravata.

(Páginas 10 e 11)

Sobre as Mesas de Debate

(Páginas 12 e 13)

Mesa de abertura

Iniciativas de Estímulo à Produção Dramatúrgica.

Dia 21/06, na Sala Ômega

Danilo Santos de Miranda, Diretor do Departamento Regional do SESC no Estado de São Paulo,
Valéria Café, Gerente de Relações Externas da Panamco Brasil,
Bruno Fischli, Diretor do Instituto Goethe em São Paulo e participação especial de Henning Fangauf, Diretor do Jugendtheaterzentrum de Frankfurt

Sinopse da fala de Henning Fangauf

O teatro infanto-juvenil na Alemanha mostrou um desenvolvimento muito positivo nos últimos dez anos. Certamente o trabalho do Centro de Teatro Infanto-Juvenil em Frankfurt, instituição do Ministério da Família, do Idoso, da Mulher e da Juventude, tem contribuído para isto. Através de seminários, festivais e publicações, o Centro tem como objetivo o incentivo a jovens nas artes cênicas.

Uma outra prioridade são os cursos de aperfeiçoamento para pedagogos, autores e produtores de teatro. Este Centro de Teatro Infanto-Juvenil não pode ser representado sem o seu vínculo no contexto europeu, em que a Alemanha tornou-se o “melting pot” para peças e espetáculos de vários países. Fangauf falará sobre os pontos fortes e fracos da cena teatral alemã, dos programas de aperfeiçoamento e das tendências europeias.

Henning Fangauf nasceu em Hamburgo em 1954. Formou-se em germanistica e história e, a partir de 1980, vem atuando com dramaturgo em vários teatros na Alemanha. Desde 1989 trabalha no Centro de Teatro Infanto-juvenil em Frankfurt, onde, a partir de 1996, ocupa o cargo de diretor suplente. Fangauf ocupa também o cargo de primeiro Presidente da Associação Interplay Europe, que se empenha no fomento de jovens dramaturgos europeus. Editou várias publicações de dramaturgia infantil e juvenil e é também editor da coleção de peças teatrais Interplay Europe da editora Deutsche Theaterverlag.

Sinopse da fala de Valéria Café

A Panamco Brasil vem investindo no teatro jovem há 3 anos e este contato com profissionais e críticos de teatro nos levou a aprimorar o projeto e adequá-lo às necessidades da comunidade e da classe teatral.

O Programa “Coca-Cola no Teatro” vai patrocinar 4 montagens inéditas, premiar os melhores profissionais com espetáculos dirigidos a crianças e jovens e inova ao promover também a integração do teatro à educação.

Queremos facilitar o acesso de crianças de escolas públicas às peças e, a partir daí, estimular o uso do teatro como ferramenta no processo de aprendizado. A Panamco Brasil levará turmas das escolas da rede municipal para assistirem a peças teatrais e participarem de atividades pedagógicas patrocinadas pela empresa.

Este ano também promoveremos em parceria com o SESI uma Mostra de teatro no interior paulista (Rio Claro, Campinas e Piracicaba) e todo litoral paulista onde traremos os melhores espetáculos dessas regiões para se apresentarem em São Paulo.

Investir nas artes cênicas para a infância e adolescência é fundamental para aprimorar, o horizonte deste público através do mundo imaginário que o teatro representa.

Valéria Café trabalha na Panamco Brasil há 6 anos e atua como gerente de Relações Externas há 4 anos. É formada em Publicidade e Propaganda pela FAAP e pós-graduanda em Marketing pela ESPM.

(Páginas 14 e 15)

Mesa 2

Faixa Etária e Dramaturgia.

Dia 22/06, na Sala Ômega

Vladimir Capella, autor e diretor de peças infanto-juvenis,
Vera Achatkin, diretora teatral e pesquisadora,
Lidia Aratangy, psicóloga e autora de livros para adolescentes.

Sinopse da fala de Vladimir Capella:

Tenho desenvolvido meu trabalho no sentido de deixar mais tênues as fronteiras que separam o teatro do teatro. Penso que as classificações terminam sendo restritivas.

Acho que existem especificidades, sim. Mas por uma série de razões optei por um teatro que procura a comunicação com o Homem. Tenha ele a idade, a raça e o credo que tiver.

Vladimir Capella é dramaturgo, diretor e compositor. Principais espetáculos: Panos e Lendas, Como a Lua, Filme Triste, Avoar, Maria Borralheira, Antes de ir ao Baile, O Dia de Alan, o Saci, Píramo e Tisbe, O Homem das Galochas e Clarão nas Estrelas. Entre os prêmios que recebeu, estão: Molière, Sharp, Mambembe, Apca, Apetesp e Governador do Estado.

Sinopse da fala de Vera Achatkin:

Todas as escolhas que fazemos na vida são norteadas por critérios, sejam eles pessoais ou sociais, conscientes ou inconscientes. Assim, não é de estranhar que quando nos deparamos com a tarefa de escrever um texto, no caso para teatro, o façamos também segundo critérios. Pensamos no que vamos escrever e em como vamos escrever. Difícil acreditar que, nesse pensamento, não incluamos imediatamente também aquele para quem vamos escrever. Aliás, e muito provavelmente, em função do quem acabemos por desenvolver o que de um ou outro modo.

Se é verdade que um bom texto para crianças ou jovens pode encantar e ser também um excelente texto para o público adulto, o inverso não é verdadeiro. Idades diferentes implicam em níveis maturacionais diferentes. Um olhar, um experimentar e um compreender o mundo de uma forma muito específica. A maneira como uma criança de 4, uma de 8 e um adolescente de 14, por exemplo, interpretam um mesmo fato, difere. O que interessa a um, não interessa necessariamente ao outro. Por que, então, impingir a todos as mesmas experiências como se infância e adolescência fossem rótulos designativos do mesmo tipo de pessoas? A própria realização deste seminário de dramaturgia voltada ao público jovem implica no reconhecimento de uma diferenciação de público.

Se levarmos em conta as diferenças, estaremos não só nos comunicando melhor com público, mas, principalmente, oferecendo, experiências que respeitam sentimentos, conflitos e visões de mundo inerentes à diferentes fases da vida.

Vera Achatkin é atriz formada pela Escola de Comunicações e Artes da USP e psicóloga formada pela Universidade Católica de Santos. Realiza trabalho em teatro nas áreas de direção, interpretação e dramaturgia e, há 3 anos, está desenvolvendo o Projeto Teatro de Repertório Para Faixas Etárias Diferenciadas, um projeto de pesquisa e formação.

(Páginas 16 e 17)

Sinopse da Fala de Lídia Aratangy:

Shakespeare ou Milkshakespeare?

Até que ponto existe um paralelo entre a vida afetiva e a intelectual, ao longo do desenvolvimento?

Sentimentos morais, como o de justiça e injustiça – dependem do desenvolvimento intelectual?

A experiência emocional é independente da idade cronológica?

Lídia Rosenberg Aratangy é psicóloga formada pela USP, trabalha com terapia de casal e família desde 1976. Ex-diretora da Faculdade de Psicologia da PUC de São Paulo, é autora de vários livros dedicados às questões adolescentes. Entre eles: Doces Venenos. Conversas e Desconversas sobre Drogas (Ed. Olho D’água); A Difícil Arte do Encontro. (Ed. Ática); Tesouros da Juventude (Ed. Olho D’água); Desafios da Convivência (Ed. Gente).

Mesa 3

Educação versus Estética

Dia 23/06, na Sala Ômega,
Daniel Herz, diretor da Cia. de Teatro Atores de Laura,
Marcus Vinícius de Arruda Camargo, autor e diretor da Cia. Indiopelado de Artes,
Beto Andretta, da Cia. Pia Fraus.

Sinopse da fala de Daniel Herz:

Há 12 anos dou aulas de teatro e há 8 dirijo a Cia. De Teatro Atores de Laura. Minha experiência anterior era como ator, ou seja, um executor/realizador das ideias e ideais de outros. Ser ator para mim é, até hoje, imprescindível, não só pelo prazer da arte de interpretar, como pelo conhecimento profundo que isso me dá do ser ator, possibilitando entender o universo de inseguranças e vaidades deste ofício.

Essa preliminar introduza talvez o que, creio, seja o grande problema de qualquer encenação/ensinamento. É preciso que o professor/diretor compreenda que a forma só é possível a partir da profunda compreensão e aceitação do aluno/ator. E que cada um é único e diferente: portanto é preciso que o maestro tenha sensibilidade para conduzir a todos, a partir de todos, em função do resultado que ele creia como o melhor.

A forma é resultante de um conteúdo e, para se chegar a ela é preciso conhecer as engrenagens das máquinas. Esse é o grande trabalho do educador/diretor

Daniel Herz dá aulas de teatro na Casa de Cultura Laura Alvim. Em 1992 criou e passou a dirigir, em parceria com Susanna Kruger, a Companhia de Teatro Atores de Laura, com quem montou vários espetáculos, entre os quais: A Entrevista, de Bruno Levinson e Daniel Herz; Sonhos Shakespereanos de uma Noite de Inverno, espetáculo de plateia itinerante; Decote, criação coletiva da Companhia, com roteiro e dramaturgia de Daniel Herz e A Casa Bem Assombrada, de Susanna Kruger. O recente Auto da Índia ou Arabutã, criação coletiva da Companhia de Teatro Atores de Laura, também com roteiro e dramaturgia de Daniel Herz, que integrou o projeto Coração dos Outros, Saravá! Mário de Andrade.

Sinopse da fala de Marcus Vinícius de A. Camargo:

Não devemos arrancar da criança e do jovem a oportunidade de empreenderem alguma coisa nova e imprevista para nós. Dado que o mundo é antigo, sempre, inevitavelmente, voltamos ao passado. O jovem necessita de um espaço de fruição para experimentar o mundo como ele é. O teatro é um espaço onde o jovem pode partilhar experiências, encontrando uma linguagem atual que incentive o seu pensamento intuitivo e criativo, estimulando uma pluralidade de significados. Educar o jovem para a tarefa de renovar o mundo.

A poesia – onde experiências vividas e apropriações de significado são de cada um – liberta o existir para suas múltiplas possibilidades.

(Página 18)

Permite ao jovem espectador sonhar e completar a obra. “Não é o adulto nem a criança que detêm as possibilidades de desenvolvimento da criança, mas o próprio envolvimento dos dois no jogo do solicitar e corresponder, que guarda o mistério e o desvelamento de cada desenvolvimento” (Bia Cytrynowicz, in Introdução ao Desenvolvimento – Uma Primeira Aproximação).

Marcus Vinícius de Arruda Camargo estudou Artes Cênicas na ECA-USP. Foi assistente de direção de Ulysses Cruz no Grupo de Arte Boi Voador e trabalhou como roteirista e autor do teleteatro do Programa Bambalalão, produzido pela TV Cultura. Para o teatro jovem, escreveu e dirigiu Desce do Muro, Moleca! e Um Jeito Assim… Ganhou o prêmio APCA de melhor direção de 1998 e o Prêmio Lei de Incentivo à Cultura-LINC como roteirista do curta-metragem Iminente Luna, a ser rodado em junho de 99.

Sinopse da fala de Beto Andretta:

Analisar alguns dos aspectos que interferem no processo de criação e concepção de um espetáculo teatral direcionado para uma faixa etária específica é a proposta, considerando-se que este processo muitas vezes surge de forma anárquica. Nós, do grupo Pia Fraus, elaboramos um método de criação e abordagem do universo jovem onde se misturam intuição, experiência e conhecimento. A possibilidade de trocar, escutar, falar, conhecer outros processos, estar abertos a reler conceitos e ampliar a alma, nos faz participar deste evento.

Beto Andretta é ator e um dos autores do texto teatral O Vaqueiro e o Bicho Frouxo, indicado para o Prêmio Coca-Cola de Teatro Jovem 97. Dedicado inicialmente à arte-educação, encontra-se agora diretamente ligado ao trabalho de pesquisa de linguagens que o grupo Pia Fraus Teatro vem desenvolvendo desde 1984, atuando nas produções que compõem atualmente o repertório, como: Flor de Obsessão, Eonoé, uma Cosmogonia, Gigantes de Ar e Malefício da Mariposa. Participa atualmente da montagem do espetáculo Navegadores, que estreia no próximo mês de julho, na piscina do SESC Consolação.

(Páginas 19 e 20)

Mesa 4

Relato de Experiências.

Dia 24/06, na Sala Ômega

Lutz Hübner, dramaturgo alemão,
Ad de Bont, dramaturgo holandês,
Roberto Lage, diretor de teatro

Sinopse da fala de Ad de Bont:

Comparado com os anos setenta e oitenta, as produções de teatro nos anos noventa, na Alemanha – após a queda do muro de Berlim – estão tratando mais diretamente das realidades sociais. Não que nos anos oitenta não se tivesse uma consciência social, mas hoje parece que existe uma necessidade maior de saber o que acontece no mundo lá fora e como podemos reagir a isso. Outro fator importante a ser considerado é o fato de a sociedade estar se tornando cada vez mais “colorida”, multicultural, de forma que histórias da cultura turca, marroquina ou surinamesa também devam ser contadas. O nosso trabalho, nessa direção, começou com uma peça que tratava das raízes do fascismo, em seguida veio a peça Mirad, um Menino da Bósnia e assim por diante.
É sempre uma experiência muito especial trazer uma peça de alto nível cultural da Companhia “Wederzijds” para dentro de uma distante e desconhecida escola.

Não há necessidade de haver “templos” de arte para se conhecer a arte.

É muito mais excitante misturar arte com o dia-a-dia, do que deslocar a criança para um prédio que não tem vida própria a não ser quando uma peça está sendo encenada lá.

Wederzijds é uma das mais antigas companhias de teatro juvenil da Holanda. Ela foi criada em 1970 quando surgiram políticos radicais, movimentos feministas e grupos de teatro jovem. “Wederzijds” significa “mútuo”. As reivindicações e os desafios são mútuos para ambos: o grupo de teatro e a plateia. Todas as peças são desenvolvidas para vários espaços da escola, para salas de aula, quadras de esporte e pátios e isto é visto como um desafio artístico, não como uma restrição. Estes espaços, marcados pela ordem nas classes, sinos escolares e regras dos professores, são transformados em espaços mágicos, que fazem esqueceras aflições do dia-a-dia.

Ad de Bont, nasceu na Holanda em 1949 e é diretor do Teatro Wederzijds de Amsterdã desde 1982. Estudou Ciência da Educação, Pedagogia do Teatro e Animação e freqüentou a Escola de Teatro de Amsterdã. Seus livros são editados pela Verlag der Autoren, em Franfurt am Main. Entre suas peças mais conhecidas do teatro infantil estão:. (A Vida Especial de Hilletje Jans), 1983, com co-autoria de Allan Zipson; Dussel und Schussel (Bobo e Cabeça-de-Vento), 1984, Die Ballade von Garuma (A Balada de Garuma), 1989, Mirad, ein Junge aus Bosnien, (Mirad, um Menino da Bósnia), 1993.

Sinopse da fala de Lutz Hübner:

As duas peças de teatro jovem de Hübner foram elaboradas em conjunto com o Gripstheater, Berlim, que tem como princípio de trabalho somente contar, no palco, histórias fundamentadas em pesquisas. Trata-se de um longo processo de trabalho de estudos em torno do tema, que de fato só termina na estreia da peça. Hübner vai falar de suas experiências como autor no desenvolvimento dessa forma específica de criação de peças.

Lutz Hübner nasceu em Heillbronn, Alemanha, em 1964. Formou-se em Teatro. Desde 1996 atua como autor e produtor autônomo e mora em Berlim. Entre suas peças estão: Tränen der Heimat, (Lágrimas da Pátria), 1994, Letzte Runde (A última volta), 1995, Gretchen 89ff, 1997, Alles Gute (Tudo de Bom), 1998. A peça Das Herz Eines Boxers (O Coração de um Boxeador) teve sua estreia no Gripstheater de Berlim em 1996 e desde então já foi encenada em dez teatros diferentes. Em 1999/2000 vários teatros estarão apresentando as peças Herzmündig, (Boca em Formato de Coração), Der Maschinist (O Maquinista) e Einfache Freuden (Alegrias Simples) bem como a ópera. Seus livros são editados pela Hartmann & Stuffacher, em Colônia.

(Página 21 e 22)

Sinopse da fala de Roberto Lage:

Fará um histórico do teatro para jovens em São Paulo, desde os anos 60 até os dias de hoje. Ressaltará que, na década de sessenta, montavam-se clássicos como Molière ou Martins Pena para jovens, com preocupação claramente didática e que, foi só nos anos oitenta, que a situação se modificou: as encenações começaram a levantar questionamentos pelos quais o adolescente passa em seu processo de formação, como homossexualismo, drogas, conflito de gerações e relações afetivas.

Roberto Lage começou sua carreira de diretor de teatro em 1968, dirigindo infantis; nos anos 70, participou com Carlos Meceni e Ilo Krugli do Teatro Censura Livre, que inovava ao atrair um público de adolescentes. Até o final dos anos 80, se dividiu entre direção de infantis e de teatro adulto, ganhando, seguidamente, os prêmios APCA e Mambembe. E também tradutor de suas montagens: Baal, de Bertold Brecht, Sonho de uma Noite de Verão, de Shakespeare, A Voz Humana, de Jean Cocteau e Agatha de Marguerite Duras. Algumas de suas recentes direções: Opera do Malandro, em Portugal e Canção dos Direitos das Crianças, de Elifas Andreatto e Toquinho.

Mesa 5

Teatro como Produto Cultural.

Dia 25/06, na Sala Ômega

Antônio Bivar, autor e diretor de teatro,
Cinthya Rachel, apresentadora do programa Turma da Cultura,
Lizette Negreiros, programadora de teatro infanto-juvenil do Centro Cultural São Paulo.

Sinopse da fala de Antônio Bivar:

Há coisa de alguns anos, provavelmente na segunda metade da década de 80, num desses jantares onde se reúne a nata dos formadores de opinião, um jornalista yuppie – O yuppieismo era o último grito naquele período -, editor do caderno de entretenimento de um de nossos jornais, disse que o jornal dele não dava espaço ao teatro – “ordens superiores”, porque teatro não era arte industrial.

O teatro, penhorado, entendeu a mensagem. E aproveitando das novas leis vigentes de incentivo cultural e apoios, colheu patrocínios de grandes empresas e corporações e industrializou-se. Ou seja, se paginou de glamour e estampou anúncios de seus espetáculos nas páginas desses mesmos jornais, anúncios do mesmo tamanho e com a mesma arte final dos tijolaços – página inteira – dos filmes blockbusters feitos por Hollywood. Com isso o jornal passou a dar cobertura maior aos espetáculos teatrais.

Afinal, o que entendo por produto cultural? Entendo assim: se uma montagem – e estou falando de teatro – por mais jovem, amadora, ou mesmo ingênua, que seja, se tiver aquele sopro vital que faz a plateia inspirar fundo e se sentir de algum modo transportada, é, sem dúvida, um produto cultural. Mas existe o outro lado, e me ocorre agora um dito de Gilberto Gil, da década de 70: “Lançar um novo disco é como lançar um sabonete”. Ou seja, sem patrocínio e sem apoio, sem empresa e empresário não tem sabonete.

Antônio Bivar é autor de Cordélia Brasil, As Raposas do Café e outras peças premiadas. E também memorialista – Verdes Vales do Fim do Mundo e Longe Daqui, Aqui Mesmo -, ensaísta – O que é Punk e Alma Beat – e foi parceiro de Rita Lee em vários projetos, entre eles o programa Rádio Amador, na rádio 89 e na série TVLeeZão, na MTV. Seus trabalhos abrangem também jornalismo, literatura, direção de shows musicais, palestras e oficinas culturais. Recentemente, Bivar foi o dramaturgo da ópera punk Existe Alguém + Punk do que Eu?

(Página 23 e 24)

Sinopse da fala de Cinthya Raquel:

Faltam produtos para jovens. Não só teatro, como programas de TV. Falta diversão, falta lazer. Há uma lacuna.

Temos programas para crianças, adultos, debates, desenhos, entrevistas. E para jovens, os poucos programas que existem ou não têm qualidade, ou não têm conteúdo, ou não tem informação. Não estimulam a capacidade intelectual do jovem. Assim como o teatro, é raríssimo ver anunciado algum outro espetáculo para esse público.

Faltam aos autores agilidade e rapidez, falta uma linguagem pop e jovial……

Cinthya Rachel iniciou sua projeção a partir do seu desempenho em comerciais. Apresentou, por dois anos, o programa Cometa Alegria na TV Manchete. Na TV, foi chamada para fazer 0 Professor, na Rede Cultura, e na mesma emissora, em 94, ganhou a participação no Castelo Ra-Tim-Bum, como a personagem Biba. Em 95 aceitou o convite da Rede Manchete para atuar em sua primeira novela, Tocaia Grande. No ano de 97, no Teatro Tuca, atuou na peça Castelo Ra-Tim-Bum, onde está o Nino? Por quase dois anos vem apresentando ao vivo, todas as noites, o programa Turma da Cultura, dirigido ao público adolescente.

Sinopse da fala de Lizette Negreiros:

O Teatro adulto. O teatro infantil. O teatro infanto-juvenil. Do meu ponto de vista, enquanto atriz e programadora cultural na área infanto-juvenil, a existência de tais terminologias acaba levando à uma rígida restrição de faixa etária – poderia-se mesmo arriscar a hipótese de que os adolescentes não queiram ir a um espetáculo que carregue o estigma “infanto-juvenil”. Quanto ao teatro jovem ou ao teatro para jovem, onde ele se enquadra? Existe efetivamente no teatro uma política cultural voltada a alcançar o jovem? A partir de que idade? Quais os fatores para encaixá-lo como consumidor de um produto cultural que permita que ele seja tratado com inteligência e sem preconceitos? São abrangentes as perguntas. Abre-se um leque imenso de possibilidades e conceitos. A partir de minha experiência, poderia dizer que o desafio do teatro para jovens incide principalmente na renovação da linguagem. Esses são alguns dos aspectos que poderão ser abordados acerca do teatro enquanto produto cultural.

Lizette Negreiros é profissional de teatro há 30 anos. Foi presidente da APTIJ – Associação Paulista de Teatro para a Infância e Juventude – entidade que, durante as décadas de 80 e 90, serviu como local de discussão da dramaturgia e da adequação dos espetáculos para crianças e adolescentes. Dentre os principais espetáculos para adultos em que participou estão: Missa Leiga, O Poeta da Vila e seus Amores, A Falecida e O Mambembe. Destacam-se entre os infantis: Gato Malhado e a Andorinha Sinhá, Guaiu, Ópera das Formigas e Sexo, Chocolate e Zambelê.

(Página 25)

Sobre as Oficinas

(Páginas 26 e 27)

Criação de Texto

De 22 a 25/06 das 10 às 13h, no Mini-auditório do CEM

Cíntia Alves, dramaturga e diretora de teatro

Essencialmente prática, esta oficina pretende dar os fundamentos para a escrita do texto teatral, através da observação dramática de acontecimentos cotidianos. Será dividida em três partes:

1 – A partir da narração de um jogo de futebol, vão-se elaborando as regras básicas da narrativa dramática: ação dramática, situação dramática e personagem dramática.

2 – Construção e reconstrução de narrativas dramáticas, para tratar de enredo e roteiro. Serão abordadas a adaptação de textos, a tensão dramática, a sequência começo, meio e fim e serão realizadas, também, leituras e análises de textos.

3 – Criações – individual e em grupo – explorando todos os elementos trabalhados na oficina

Cíntia Alves, diretora e dramaturga, é bacharel em Direção Teatral pela Escola de Comunicações e Artes da U.S.P. Seus principais trabalhos e prêmios são: Prêmio Coca-Cola de Teatro Jovem de Melhor Texto por Moby Dick, em 1997; Troféu Mambembe de Melhor Texto e Espetáculo, em 1996, por Uma História que a Manha Contou ao Tempo para Ganhar a Rosa Azul; Prêmio A.P.C.A. de Melhor Direção em 1995, por Pedro Paulo Pedregulho. Seus trabalhos mais recentes são Romance e Dormilinda.

(Página 27)

Adaptação de Textos

De 22 a 25/06 das 10h às 13h, no Estúdio B do CEM

Toni Brandão, diretor de teatro

A finalidade dessa oficina é estimular a criatividade para quem vai se comunicar com o adolescente, através da construção de personagens e cenas ágeis, que gerem interesse e intimidade com o público jovem. Pretende-se usar recursos que vão da história em quadrinhos à multimídia.

Toni Brandão é formado em Comunicação e autor de livros de comportamento para pré-adolescentes, como Aquele Tombo que Eu Levei e Guerra na Casa do João. É autor e adaptador do espetáculo Cuidado: Garoto Apaixonado!, com o qual ganhou o prêmio APCA de melhor autor e está concorrendo a três Mambembes.

Por Dentro do Imaginário Juvenil

De 22 a 25/6, das 10h às 13h, no Estúdio A do CEM

Lídia Aratangy, psicóloga e escritora (vide pag.16)

Com o objetivo de encontrar caminhos para a comunicação com os jovens, pretendemos discutir características e dificuldades inerentes à condição do adolescente. Entre elas: lutos da adolescência, o adolescente e o amor, o adolescente e a ética. Textos que retratam o universo da juventude servirão de base para investigar o processo de identificação, através do qual o protagonista serve de ponte entre o mundo interno do adolescente e a realidade.

(Página 28)

Dramaturgia Atoral
De 22 a 25/06 das 10h às 13h, na Sala Ômega

Luiz Päetow, ator do Centro de Pesquisa Teatral do SESC Consolação

A oficina visa:

1 – Permitir aos dramaturgos a conexão essencial entre a impermanência do ator/personagem e a atenção mental (afastamento) do escritor. Através de exercícios físicos, pode-se estimular a acuidade do criador em relação aos processos mentais, jogando com o perceptual e com uma sensibilidade “controlada”.

2 – A possibilidade de uma criação/extração com o auxílio emergente da Nova Retórica (em contraposição à Poética aristotélica). Tais exercícios práticos, ao mesmo tempo que conduzem um desmembramento da tessitura dramática, asseguram uma lógica perfeita para a célula teatral: o antimodelo (padrão x modelo na transcrição de uma peça teatral) linguagem do silêncio (sistemas criativos jogando com o “fluxo de consciência” narrativo e com a gênese vertical da personagem) probabilidades (contraparte / refração dos eventos, ideograma / 1+1=1, contraponto)

3 – Compreensão da memória passada e futura como matéria-prima para a metáfora. Decupando o tempo impresso com a ajuda da filosofia da linguagem e a polifonia de ar (l) es.

4 – Investigação do espaço vazio: jogos de contigüidade, jamming, reductio ad absurdum, colapso do diálogo, cinema mudo.

Luiz Päetow é ator do Centro de Pesquisa Teatral do SESC (CPT). Fez curso de pós graduação em Cinema na ECA- USP e de Ator na Escola de Arte Dramática. Trabalhou com grupos estrangeiros, entre eles Iztok Kovak BMC e Sasha Waltz Tanztheater. No CPT, é coordenador do Círculo de Dramaturgia e assistente de Antunes Filho. Participou no desenvolvimento do projeto Prêt-à-Porter, atuando nas Jornadas de Prêt-à-Porter e em Prêt-à-Porter 2. Assistente de direção de Daniela Thomas em Da Gaivota. Atualmente é atore assistente de direção em Fragmentos Troianos de Antunes Filho.

(Página 29 e 30)

Relação entre Texto e Imagem

De 22 a 25/06 das 10h às 13h, na Sala Sigma

Marco Antonio Lima, da Cia. A Cidade Muda

A Cia. A Cidade Muda desenvolve, há 16 anos, uma pesquisa calcada na imagem, com Teatro de Animação. O objetivo dessa oficina é mostrar o processo de elaboração dos roteiros dos espetáculos da Companhia.

Através de exercícios corporais e jogos teatrais que visam o estudo das dinâmicas do movimento, o estar em cena, a relação entre objeto e sua animação, chegar à composição de uma dramaturgia. Construir cenas, part indo da tradução da literatura, som, movimentos, objetos, para chegar em imagens teatrais.

Marco Lima é cenógrafo, figurinista e bonequeiro, atua em vários campos artísticos e é responsável pela direção de arte e criação de roteiros para os espetáculos da Cia. A Cidade Muda, da qual é fundador e integrante. Ganhador dos prêmios APCA, Shell e Mambembe por espetáculos que marcaram a carreira da Companhia como Crack (89) e Circus (95). Atualmente, lança o mais recente trabalho – Oca – inspirado na obra literária A Terra dos Mil Povos, de Kaka Wera Jecupe, que integrou o projeto Coração dos Outros, Saravá! Mário de Andrade.

Elaboração de Roteiros

De 22 a 25/06 das 14h às 17h, na Sala Omega

Márcia de Almeida, jornalista e roteirista

A oficina oferecerá noções básicas para a feitura de um roteiro nas suas 12 horas de duração, incluindo o trabalho prático de uma sinopse – primeiríssimo passo para a estruturação de um roteiro. Uma boa sinopse pode determinar o início de um trabalho, ou pô-lo a pique. A seguir temos o argumento e, depois, o primeiro tratamento do roteiro, mas estes aspectos serão abordados apenas de forma teórica.

A oficina será dividida da seguinte forma:

1° dia: Estrutura do roteiro
Tema: às vezes uma boa ideia, é apenas uma boa ideia. Exercício prático: apresentação individual por escrito de um tema

2° dia: Personagem
Construção do personagem. Diferenças entre as diversas formas de roteiro (curtas, comerciais, ficção e roteiros para vídeos institucionais)

3° dia: Sinopse/ argumento (diferença entre os dois e suas estruturas)

4° dia: Escolha de tema único e feitura de uma sinopse ( turma dividida em 5 grupos). Leitura e discussão dos trabalhos apresentados

Márcia de Almeida, carioca, jornalista, escritora e roteirista, fez o Programa para Cinema, TV e Vídeo na Universidade de Nova York, no começo dos anos oitenta e, desde então, assinou diversos trabalhos, entre eles o roteiro original do longa Pagu, institucionais e documentários. Foi uma das vencedoras do Prêmio Roteiro/1988, patrocinado pela Fundação Ford no centenário da Abolição, com o trabalho A Cor do Sexo (em parceria com Sandra Tavernari) – estudo em vídeo sobre o preconceito racial nas relações sexuais, no Brasil. Também é autora dos vídeos sobre trabalho escravo infantil feitos pela Secretaria do Trabalho do Governo Franco Montoro (Mãos de Iguape, Breu Urbano e Vale do Chá). Como escritora, publicou 5 livros e tem mais três a serem publicados. Como jornalista, trabalhou em diversos órgãos da mídia nacional e internacional e foi correspondente brasileira na guerra da Bósnia Herzegovina (1992/1996).

(Página 31)

RPG (Roling Play Games), Imaginário e Interatividade

Dias 23 e 25/06 das 14h às 18h. na Sala Sigma (23/06) e Sala Delta (25/06)

Luiz Eduardo Ricón, autor de livros de R.P.G.

Pretende dar uma visão geral sobre o que é RPG e quais são suas relações com o Teatro.
Demonstrar o RPG como um instrumento de incentivo à criação e ao desenvolvimento de personagens, da narrativa e da “improvisação”.
Analisar os elementos que formam a estrutura do RPG e quais as suas semelhanças e diferenças com a linguagem teatral, buscando determinar como a utilização de técnicas do RPG pode criar a pré-disposição dos adolescentes para o “jogo” teatral.

Conteúdos básicos abordados:

– O que é RPG
– Exemplo de jogo
– Personagem
– Cenário
– A aventura
– O Mestre do Jogo
– A narrativa no RPG
– A interpretação no RPG
– Roteiro de RPG vs. Roteiro de Teatro
– Discussão do texto o mundo da representação: a linguagem teatral de Hamilton Vaz Pereira

Luís Eduardo Ricón é coordenador e autor da linha mini GURPS, uma série de livros de RPG inspirados em temas históricos (O Descobrimento do Brasil – RPG para Iniciantes/ abril de 1999 e O Quilombo dos Palmares – RPG para Iniciantes/a ser lançado em junho de 1999). E assistente de edição, desempenhando as funções de tradutor, revisor e produtor gráfico na Devir Livraria, desde maio de 1996. Também realiza consultoria sobre a aplicação do RPG em bibliotecas e escolas, com palestras e workshops ministrados a bibliotecários e educadores.

(Página 32)

Didática versus Fantasia

Dias 23 e 25/06 das 14h às 18h, no Estúdio A do CEM

Marcus Vinícius de Arruda Camargo, autor e diretor da Cia. Indiopelado de Artes. (vide pag. 18)

A oficina oferece reflexão e vivência sobre a construção do texto teatral para jovens. Pretende-se elaborar textos que possibilitem apropriações por parte do leitor espectador, discutindo a relação entre didática (o já conhecido) e poesia (o revelar). Dois atores da Companhia Indiopelado de Artes – Randall Fidencio e Kiara Terra – encenarão trechos de textos do coordenador da oficina e também os elaborados pelos participantes durante o processo.

A oficina estará dividida em três módulos:

1 – Apresentação e discussão – A motivação do texto – Didática X Poesia
2 – Texto e Encenação – Trechos de trabalhos – Apropriação e possibilidades
3 – Criação – A palavra viva – A ideia do texto – Reflexões

(Página 33)

Espetáculos e Aulas-Espetáculo

(Página 34 – Foto do Espetáculo)

Clarão nas Estrelas (aula-espetáculo)
Dia 21/06, na Sala Ômega

Texto e Direção: Vladimir Capella (vide pág. 14)

A partir de algumas cenas da peça clarão nas Estrelas, a aula-espetáculo terá a finalidade de mostrar como a direção pode influir na dramaturgia. Será trabalhada a dramaturgia da encenação, ou seja, como a direção pode contribuir e até solucionar questões mal resolvidas no texto, preservando a proposta dramatúrgica.

(Página 35 – Foto do Espetáculo)

Cuidado: Garoto Apaixonado! (aula-espetáculo)

Texto: Toni Brandão
Direção: Débora Dubois
Dia 22/06, na Sala Omega

Cuidado: Garoto Apaixonado! surgiu da ideia de se levar ao público pré-adolescente um espetáculo onde a identificação fosse imediata, através de um texto no qual valores e sentimentos – primeiro amor, amizade, medo – são tratados de maneira poética e divertida. Esse texto foi trabalhado no sentido de enxugar ao máximo as cenas sem com isto prejudicar seu entendimento.
Na interpretação dos atores tomou-se cuidado para não infantilizar as relações entre os jovens, e no tratamento dado à linguagem teve-se a preocupação de não passar lição de moral nem explicar exaustivamente nada. Em sua aula-espetáculo, a diretora falará sobre a pesquisa de texto e a procura de atores que antecederam a montagem, tendo em vista o público que se pretendia atingir – jovens de 9 a 13 anos. Serão encenadas, em seguida, as cenas mais importantes da peça, para então se discutirem as transformações pelos quais o texto original passa até se transformar no espetáculo final.

Débora Dubois é atriz e diretora. Formada em arte dramática em 1988 pelo Instituto de Artes e Ciências, trabalhou como atriz em diversos espetáculos junto a diretores como Roberto Lage e Fernando Peixoto. Trabalhou como diretora-assistente de William Pereira na Escola de Arte Dramática da USP (EAD), na montagem de Luzes da Bohemia de Ramón del Valle Inclán. Como diretora, estreou em 1998 com peça juvenil Cuidado, Garoto Apaixonado, de Toni Brandão, em cartaz desde abril de 98 no teatro FAAP, pela qual está indicada para o Prêmio Mambembe 1998 como melhor diretora de teatro infantil. Posteriormente, dirigiu o espetáculo Anjo, de Wagner Salazar, apresentado no projeto “Mundão” do Sesc.

(Página 36 – Foto do Espetáculo)

Só in Cena (aula-espetáculo)

Texto: Bianca Ramoneda
Direção: Eduardo Wotzik
Dia 23/06, na Sala Omega

Só in Cena dispara flashes sobre a vida cotidiana nas grandes cidades. A solidão, o estresse a busca do sucesso e a tentativa de conter são temas dos monólogos apresentados com humor, ironia e indignação pelo personagem. A montagem traz para o palco dez textos do livro Só e explora os recursos da fotografia, através das projeções de audiovisuais no cenário e sobre a atriz.
Na aula espetáculo, apresentara trechos do espetáculo Só in Cena e, em seguida, serão abordados os seguintes temas:

– Sobre o que fala o trabalho a preocupação na escolha dos temas a serem abordados.
– A adaptação do texto: dificuldades e facilidades de encenar o que você mesmo escreve, a criação do personagem, a relação atriz X autora,
– Edição das cenas: um roteiro que não segue uma dramaturgia tradicional.
– A utilização do recurso da fotografia: a importância das imagens.

Bianca Ramoneda é atriz e escritora. Trabalhou em diversos espetáculos como Tróia, Yerma e Fala Copacabana, sob a direção de Eduardo Wotzik. Participou também no filme As Meninas, do cineasta Emiliano Ribeiro. Desde o ano de 1994, Bianca tem se apresentado nos palcos cariocas encenando textos de autores como Maiakovski, Ferreira Gullar, Millôr Fernandes, Luís Fernando Verissimo, além de outros de sua própria autoria. “Só”, o primeiro livro de Bianca, nasceu dos palcos, a pedido de espectadores que queriam levar para casa os textos escritos pela atriz.

(Página 37 – Foto do Espetáculo)

O Coração de um Boxeador (espetáculo)

Texto: Lutz Hübner Direção: Amauri Falseti
Dia 24/06, no Hall de Convivência

A peça, baseada em um texto premiado no último concurso de dramaturgia juvenil em Frankfurt (Deutscher Jugendtheaterpreis), trata do encontro do jovem e desorientado Jojo, que cumpre pena prestando serviço comunitário num asilo, com Léo, um velho boxeador, ídolo no passado, hoje totalmente desamparado. O diálogo entre os dois, difícil no início, acaba trazendo à tona questões delicadas, como o conflito de gerações e o clichê do herói masculino e termina com uma delicada cumplicidade entre Jojo e Léo.

(Página 38  – Foto do Espetáculo)

A Filha do Rei dos Canalhas (espetáculo)

Texto: Ad de Bont e Barbara Buri
Direção: Amauri Falseti
Dia 25/06, no Hall de Convivência

Através da história de Julinha, filha de reis gananciosos, toca-se em problemas sociais como a corrupção, o divórcio, a relação entre pais e filhos e o desrespeito à terceira idade. O texto, que mistura elementos de contos de fadas com uma linguagem realista, foi premiado no concurso alemão de dramaturgia Deutscher Kindertheaterpreis, em 1988, em Frankfurt.

Amauri Falsetti é diretor de espetáculos teatrais na Escola Waldorf Rudolf Steiner de São Paulo. Participou da fundação e dirige atualmente a Companhia Paidéia de Teatro, além de desenvolver projetos culturais em comunidades carentes da cidade de São Paulo. Foi um dos responsáveis pela criação do Centro Cultural Monte Azul, que dirigiu por muitos anos. Ganhou o Prêmio Coca-Cola de Teatro Jovem, na categoria especial.

(Página 39)

SESC – Serviço Social do Comércio

Administração Regional no Estado de São Paulo

Presidente do Conselho Regional: Abram Szajman
Diretor do Departamento Regional: Danilo Santos de Miranda
Superintendente Técnico Social: Joel Naimayer Padula

Gerente de Ação Cultural: Ivan Paulo Giannini
Gerente do SESC Consolação: Ernesto Corona
Gerente Adjunto: Laura Maria Casali Castanho

Um Mergulho na Dramaturgia para Público Adolescente

Coordenação Técnica: Sueli Guimarães, Walter Macedo Filho e Ricardo Muniz Fernandes
Pesquisa e Coordenação de Produção: Ilana Seltzer Goldstein, Juliano de Souza e Maria Teresa La Macchia
Apoio Operacional: Décio dos Santos e Equipe, Arlindo Tomino e Equipe, Leonora Grillo e Equipe, Kátia Veríssimo e Equipe
Assessoria de Imprensa: Rita Solimeo Marin

SESC – Serviço Social do Comércio

Administração Regional no Estado de São Paulo
Av. Paulista, 119 – CEP 01311-903 – São Paulo – SP Tel.:31793400 – Fax:288-6206

(Página 40)

(Logo) SESC – Serviço Social do Comercio – São Paulo

Membros Efetivos
Antonio Funari Filho, Cícero Bueno Brandão Júnior, Dante Ancona Montagnana, Eduardo Vampré do Nascimento, Eládio Arroyo Martins, Ivo Dall’Acqua Júnior, José Maria de Faria, Luciano Figliolia, Luís Eduardo dos Santos, Manuel Henrique Farias Ramos, Orlando Rodrigues, Paulo Fernandes Lucânia, Pedro Labate, Roberto Bacil, Walace Garroux Sampaio.

Suplentes
Amadeu Castanheira, Arnaldo José Pieralini, Fernando Soranz, Henrique Paulo Marquesin, Israel Guinsburg, Jair Toledo, João Herrera Martins, Jorge Sarhan Salomão, José Maria Saes Rosa, José Santino de Lira Filho, Mauro Zukerman, Rafik Hussein Saab, Roberto Mário Perosa Júnior, Valdir Aparecido dos Santos, Walter Chede Domingos

Representantes junto ao Conselho Nacional
Efetivos: Abram Szajman, Euclides Carli, Raul Cocito
Suplentes: Ubirajara Celso do Amaral Guimarães, Aldo Minchillo, Manoel José Vieira de Moraes
Diretor do Departamento Regional: Danilo Santos de Miranda

CONSELHO REGIONAL DO SESC DE SÃO PAULO

Presidente: Abram Szajman

(Verso da Última Capa)

(Última Capa)

Apoio

(Logos) Instituto Goethe, Consulado Geral dos Países Baixos

SESC Consolação

SESC Consolação – Rua Dr. Vila Nova, 245
CEP 01222-020 Tel.: 234 – 3000 – Fax: 2562223
E-mail: email@consolacao.sescsp.com.br
Visite a Página da Semana de Dramaturgia: www.sescsp.com.br