Critica publicada no Jornal Última Hora
Por Maria Teresa Amaral – Rio de Janeiro – 25.06.1981
Exercício de inteligência
Peça pra criança e pra adulto – sem dúvida a melhor que vi este ano. É de capa e espada, volta por cima na Disneylândia, com pessoas bonitas, talentosas, que fazem do representar um exercício de inteligência.
Quem não sabe o que é realismo crítico, estilo brechtiano, vá ver O Anel e a Rosa: o TAPA dá aula. Tolentino dirige com a perfeição de um veterano e fresco infantil. Figurino curtível, a luz também. Cenário: ruinzinho (pra que aqueles sinos?) Os autores brincam, com eficácia impecável, passando do heroísmo – história em quadrinhos ao desrespeito “made in England” e escracho brasileiro. O TAPA, que já se saiu muito bem do teatro de absurdo (Uma peça por outra), agora excursiona por ridículo país das maravilhas, fantasia de Thackeray no século XIX. Todos os atores estão bem, unidos na grande brincadeira.
Imperdível lição pra profissionais do teatro de marmanjos: como inventar em liberdade, sem preocupações com os críticos, os contratos pra TV, os amigos quadrados, as camisas de força ideológicas que tanto impossibilitam a verdadeira criação teatral.
Diretor: Eduardo Tolentino. Figurinista: Lola Tolentino. Cenógrafo: Paulo Flaksman e Luís Stein. Iluminador: Eduardo. Sonoplastia: Danny Shpielman. Atores: Aline Fausto, Beth Berardo, Charles Myara, Denise Weinberg, Eduardo Wotzik, Flávio Antônio, Laís Chamma, Marcelo Escorel, Mozart Júnior, Priscilla Rozenbaum, Renato Icarahy, Renato Yablonowsky e Vera Barroso
Avaliação: Três sinais positivos