Cartaz, 2007

Barra

(INFORMAÇÕES DO PROGRAMA)

(Capa)

Petrobras apresenta

A MORENINHA

Um musical de Tim Rescala
Baseado no romance de Joaquim Manuel de Macedo

Direção Musical: Bruno Jardim
Direção Artística: Josiane Kevonkian
Direção Cênica: Alexandre Rudá e Fábio Enriquez
Preparação Vocal: Érika Muniz
Supervisão Geral: Ruth Staeke

Um espetáculo do projeto Bem me quer Paquetá
Uma realização: Casa e Artes Paquetá

(Página 01)

Projeto Bem me quer Paquetá

A Ilha de Paquetá é um dos bairros mais antigos da nação. Sua ocupação remonta à expedição de Estácio de Sá, em sua missão de expulsar os franceses de Villegaignon e de colonizar as novas terras, com a fundação da cidade do Rio de Janeiro. Um bairro que cresceu estreitamente ligado ao desenvolvimento da cidade e que a partir do século XIX se torna refúgio de tranquilidade da nobreza e da população do Rio de Janeiro, a então capital da Corte.

Sua identidade bucólica e romântica começa a se formar com a vinda da Família Real para o Brasil em 1808 e a imediata paixão de D. João VI pela ilha, a quem batizou carinhosamente de Ilha dos Amores.

Ainda nesse século, em 1844, o jovem escritor Joaquim Manuel de Macedo publica seu primeiro livro, que tem também o mérito de ser o primeiro romance brasileiro: A Moreninha. O livro foi um sucesso e colabora definitivamente na formação desse imaginário da Ilha que perdura até hoje.

São séculos de ocupação que, aliados ao relativo isolamento geográfico e à legislação de preservação específica, formam um raro patrimônio cultural, com casario histórico e ruas de saibro sem a circulação regular de carros, lendas indígenas, escravas e românticas, belezas naturais e paisagismo único. Um bairro inspirador para sua comunidade e para todos que o visitam.

A Casa de Artes Paquetá é uma instituição comprometida com ideais de preservação dessa rica identidade e de revitalização social e cultural sustentável da Ilha, tendo a própria comunidade como principal promotora desse processo.

Bem Me Quer Paquetá é, sem dúvida, o principal projeto desenvolvido pela Casa de Artes, oferecendo capacitação artística / cultural e cidadania para crianças de Paquetá. São diversos núcleos de formação – música, iniciação artística e artes cênicas – e a cada ano o projeto desenvolve um tema relacionado à identidade cultural da Ilha, e um espetáculo musical, articulando o trabalho desses diversos núcleos e valorizando o trabalho em equipe.

Em 2007, escolhemos A Moreninha para trabalhar com a garotada, e o romance de Joaquim Manuel de Macedo foi a inspiração para nosso convidado Tim Rescala ser o compositor e libretista desse novo espetáculo. Uma mágica parceria que temos agora o orgulho de apresentar.

(Página 02)

Velhos e Novos Encantos

Nós, cariocas, desde criança somos levados a conhecer os encantos da Ilha de Paquetá, para onde, em fins de semana memoráveis, fugimos do estresse da vida numa grande cidade. Em Paquetá encontramos a tranquilidade e adquirimos uma nostalgia saudável e bucólica do que teria sido o Rio antigo.

Que outro lugar – na verdade um bairro do Rio de Janeiro – tem os encantos de Paquetá, onde aprendemos a andar de bicicleta, a passear sem medo por suas ruas, a prosear com os passantes, querendo à ilha voltar o mais cedo possível?

Assim como tantos de nós, Joaquim Manuel de Macedo também se encantou por Paquetá, sendo levado a escrever em 1844 aquele que é considerado o primeiro romance brasileiro, A Moreninha. Também pela ilha se encantou D. João VI, cuja vinda, com toda a família real portuguesa, duzentos anos atrás, comemoramos em 2008.

Não foram apenas reis e escritores que se encantaram por Paquetá, mas também músicos, como Anacleto de Medeiros, nascido na própria ilha, ou pintores, como Pedro Bruno. Na verdade, pelos encantos de Paquetá todos se deixam levar, artistas ou não.

E esta ilha – que assim é classificada por estar cercada de água por todos os lados – adquiriu, há alguns anos, um novo encanto: a Casa de Artes – uma ilha dentro de outra. Conduzi da pelo empenho e o carinho de um casal de ilustres moradores, este novo encanto de Paquetá, também está cercado por todos os lados. Como sede do projeto Bem Me Quer Paquetá, a Casa de Artes cerca-se de criatividade, de calor humano, de bem-estar social e cultural, de carinho e colaboração de sua comunidade. Enfim, a Casa de Artes Paquetá é o novo encanto desta ilha.

Convidado a criar um novo espetáculo para o grupo de crianças que nela cria e recria diariamente, fui mais um a ficar encantado. Esta adaptação livre do romance A Moreninha, de Joaquim Manuel de Macedo, procura ser também um meio para se conhecer melhor este lugar tão especial.

Sob a condução dos próprios personagens de uma história leve e romântica, os convido, como que embalados num passeio de charrete, a conhecer os velhos e os novos encantos desta ilha tão singular.
                                                                                                                                                                 Tim Rescala

(Página 03)

Programa Musical

Paqueta
Arranjo Tim Rescala

As Moças
Arranjo Tim Rescala

Falar é a Maior Diversão
Arranjo Bruno Jardim

Paqueta
Arranjo Tim Rescala

Os Dois Breves, Branco e Verde
Arranjo Bruno jardim

A Balada do Rochedo
Arranjo Tim Rescala

Menina Solteira
Arranjo Felipe Machado

Sarau
Arranjo Tim Rescala

Segredos
Arranjo Tim Rescala

Por Amor
Arranjo Felipe Machado

A Balada do Rochedo
Arranjo Tim Rescala

O Amor Distante
Arranjo Bruno Jardim

As Moças
Arranjo Tim Rescala

Paquetá
Arranjo Tim Rescala

Todas as Músicas são de Autoria de Tim Rescala
Regência Bruno Jardim

Músicos Convidados
Lourenço Dias de Vasconcellos – Percussão
Felipe Machado – Violão

(Página 04) 

Músicas

Paquetá

Paquetá,
em história pra se contar.
Uma ilha igual não há,
E nem pode haver.

Paquetá,

Que a todos sabe encantar,
Quem já foi sempre quer voltar,
Não consegue esquecer.

Paquetá,

Faz você se apaixonar.
Se um amor você procurar,
Ele vem pra você.

Paquetá,

Deus não deixa de abençoar,
Essa paz que tem o lugar.
Sempre assim há de ser.
Ilha da Moreninha,
Ilha de Dom João,
Ilha que está no nosso coração.

Que namora o dia inteiro
Com o Rio de Janeiro.

Praias e muito verde,
Que dão inspiração
E criam coisas como esta canção.

Bem em frente à Baía
De Guanabara está a Ilha de…

Paquetá,
Lá você pode descansar
Sob a sombra de um baobá,

Que dá gosto de ver

Paquetá,
Uma barca vai te levar.
Paraíso a beira-mar
Que espera você.

Paquetá!

As Moças

As moças morenas, loiras e ruivas
Vamos flertar.
Heroicos, numa canoa

Remando até Paquetá.
Donzelas, das mais prendadas
Estão a nos esperar
E vamos, qual marinheiros,
As moças lá encontrar.

Falar é a Maior Diversão

Falamos de tudo e de todos,
Pois falta de assunto não há.
De todas as coisas do mundo,
A mais divertida é falar.
Nem sempre se fala a verdade,
Também se fala por falar.
Pois muitas palavras enganam
Ou ficam soltas pelo ar

Às vezes falamos baixinho
De alguém que aqui não está.
Quem é que não faz mexericos
Se há sempre alguém pronto a escutar?
Há muitos que falam bem pouco
Ou ficam a balbuciar.
E outros que não fazem pausa,
Enquanto estão a falar.

Os Dois Breves, Branco e Verde

Faz muito tempo, eu ainda era criança,
Mas guardo na lembrança o amor que eu vivi.
Foi numa praia, onde as férias eu passava,
Uma menina tão formosa eu conheci.

Juntos brincamos, inocentes e felizes,
Colhendo conchas e mirando o azul do mar.
Mas foi então que outro menino conhecemos
E cujo pai, enfermo, fomos ajudar.
Numa choupana muito pobre ele vivia.
A enfermidade foi a fome que causou.
E o dinheiro que guardávamos nos bolsos,
Lhe ofertamos e isso muito o tocou.

O ancião, profundamente agradecido,
Belo futuro para nós profetizou.
Minha mulher ela seria e eu seu marido.
Felicidade e amor eterno vislumbrou.

Com os dois breves a união abençoando,
A mim o branco, a ela o verde, veio dar.
Que os guardássemos em prova de constância,
Os reunindo quando fôssemos casar.

Nos despedimos e a brincar nós retornamos,
Nos separando um do outro logo então.
Na esperança de revê-la unindo os breves,
Mantenho livre, porém triste, o coração!

(Página 05)

A Balada do Rochedo

Eu tenho quinze anos
E sou morena e linda!
Mas amo e não me amam,
E tenho amor ainda:
E por tão triste amar
Aqui venho chorar.

O riso dos meus lábios
Há muito que murchou;
Aquele que eu adoro
Ah! Foi quem o matou:
Ao riso, que morreu,
O pranto sucedeu.

O coração tão puro
Já sabe o que é o amor,
Aquele que eu adoro
Ah! Só me dá rigor:
O coração, no entanto
Desfaz o amor em pranto

Diurno aqui se mostra
Aquele que eu adoro;
E nunca ele me vê,
E sempre o vejo e choro;
Por paga a tal paixão
Só lágrimas me dão!

Aquele que eu adoro
É qual o rio que corre,
Sem ver a flor pendente
Que à margem murcha e morre:
Eu sou a pobre flor
Que vou murchar de amor.

São horas de raiar
O sol dos olhos meus,
Mau sol! Queima a florzinha
Que adora os olhos seus:
Tempo é do sol raiar
E é o tempo de chorar

Menina Solteira

Menina solteira deseja casar
Não caia em amar a homem nenhum.
Nem seja notável por sua esquivança
Não tire a esperança de amante nenhum.

Mereçam-lhes todos os olhares ardentes,
Suspiros ferventes bem podes soltar.
Não negue a nenhum protesto de amor,
A qualquer que for o pode julgar

Os velhos não devem formar exceção,
Porquanto eles são um grande partido,
Que, em falta de moço que fortuna faça,
Pois não é desgraça um velho marido.

Ciúmes e zelos, amor e ternura
Não vai ser loucura fingida estudar.
Assim ganhar tudo, se tem isso visto,
Se faz muito isso antes de se casar

Contra os ardilosos oponha o seu brio.
Tenha sangue frio pra saber fugir.
Em todos os casos sempre deve estar
Pronta pra chorar, pronta pra fugir.

Pode bem a moça, assim praticando,
Dos homens zombando, a vida passar.
Mas, se aparece algum solteirão,
Sem mais reflexão, é logo casar.

Segredos

Segredos, segredos
Quem é que não os tem?
Se tens um segredo
Não contes a ninguém.

Quem vive de segredos
E deles faz abuso,
Acaba tendo o troco
Por ter feito um mau uso.
Nós, moças casadoiras,
Segredos cultivamos,
Pois os mais valiosos são
Daqueles que amamos.

Segredos, segredos,
Quem é que não os tem?
Se tens um segredo
Não contes a ninguém

Quem sabe um segredo,
Mas não o quer guardar
Mais tarde ou mais cedo,
Ele a todos vai contar.

Segredo é vil moeda,
Que pode machucar.
Será maior a queda
Para quem mais segredar

Segredos, segredos
Quem é que não os tem?
Se tens um segredo
Não contes a ninguém.

(Página 06)

Por Amor

Por amor fazemos de tudo,
Não importa o que pode ser.
Em seu nome é que nos lançamos
Na aventura maior que é viver.

Escrevemos bilhetes e cartas,
Exaltamos sempre o seu louvor.
Aprendemos canções ao piano
Isso tudo em nome do amor.

Aceitamos qualquer provação,
Nos curvamos a qualquer favor.
Mesmo sendo uma humilhação,
Nós cedemos por causa do amor.

Por amor fazemos de tudo,
Não importa o que pode ser.
Em seu nome é que nos lançamos
Na aventura maior que é viver

o amor nos enreda em seu círculo
E também nos obriga ao ridículo.
Nossas pernas também ficam fracas
E por fim nos transforma em panacas

o amor é a maior maravilha,
Mas também nos prepara armadilhas.
O amor é da vida o termômetro,
Mas que deixa um homem atônito

Por amor fazemos de tudo,
Não importa o que pode ser.
Em seu nome é que nos lançamos
Na aventura maior que é viver.

Por amor fazemos de tudo,
Não importa o que pode ser.
Em seu nome é que nos lançamos
Na aventura maior que é viver.

A Balada do Rochedo – 2a parte

Somente pra teus beijos
Te guardo a boca pura;
Em que lábios tu podes
Achar maior doçura?..
Meus lábios, murchareis,
Teus beijos, não tereis!

Ingrato! Ingrato! Foge…
E aqui não tornes mais,
Que, sempre que tornares,
Terás de ouvir meus ais:
Ingrato! Morrerei…
E não te abraçarei.

O Amor Distante

Com o amor distante, ela adoeceu.
O riso de antes desapareceu.
Sem ter mais notícias do seu doce amor,
O seu coração num luto mergulhou.

É tão jovem ainda, mas já sofre tanto.
E parece infindo todo esse pranto.

Onde está aquele amor,
Que trouxe tanta ilusão?
O seu peito é só rancor,
E é só dor seu coração.

(Página 07)

Os Pequenos Músicos

Ana Beatriz Gitsos Moraes Porto: Flauta-Doce
Beatriz Silva Moraes: Flauta-Doce
Breno Augusto de Oliveira Araújo: Flauta-Doce
Bruna Rodrigues Leonardi: Violoncelo
Diego Nicácio de Lima: Percussão
Fausto Maniçoba Júnior: Violão e Flauta-Doce
Fernanda Costa Praça: Flauta-Doce
Ícaro Protásio de Santana: Flauta-Doce
João Marcos Silva Moreira: Flauta-Doce
Joyce Mycaella Manfredi dos Santos: Flauta-Transversa e Flauta-Doce
Lara Costa Kevorkian: Violoncelo e Flauta-Doce
Larissa Fernandes de Souza Bernardo: Violino e Flauta-Doce
Leonardo Gonçalves da Silva : Violino e Flauta-Doce
Lígia de Oliveira Pinto da Silva: Violoncelo, Piano e Flauta-Doce
Luana Andrade Gomes de Lima: Flauta-Doce
Luca Costa Kevorkian: Violino e Flauta-Doce
Lucas Monteiro da Silva: Violão
Luiz Felipe de Moraes Coutinho: Percussão
Manuela Costa Praça: Violino e Flauta-Doce
Mateus Augusto Lontra Almas: Flauta-Doce
Maurício Silva Moreira: Violino e Flauta-Doce
Raquel da Silva Freire: Clarineta
Rayanne Guedes Moreira: Flauta-Doce
Sabrina de Oliveira Ferreira: Flauta Transversa e Flauta-Doce
Sara da Silva Freire: Violino e Flauta-Doce
Tatiane Ferreira da Silva: Flauta-Doce e Flauta Transversa
Thamirys Coelho de Souza: Flauta-Doce
Thuany Ficher Monteiro: Flauta Transversa e Flauta-Doce
Tiago Augusto Lontra Almas: Violino
Vinícius Thomé da Silva Rego: Flauta-Doce
Victor Hugo da Silva Rego: Clarineta e Piano

(Página 08)

Elenco

Joaquim Manuel de Macedo: Diogo Inácio do Nascimento
D. Carolina – Moreninha: Lara Costa Kevorkian
Augusto: Victor Hugo da Silva Rego
Guia: Vinícius Thomé da Silva Rego
Dona Ana: Bruna Rodrigues Leonardi ou Sabrina de Oliveira Ferreira
Filipe: Maurício Silva Moreira
Clementina: Manuela Costa Praça
Fabrício: Tiago Augusto Lontra Almas
Joaninha: Lígia de Oliveira Pinto da Silva
Leopoldo: Lucas Monteiro da Silva
Quinquina: Rayanne Guedes Moreira
Dona Violante: Fernanda Costa Praça
Pai do Augusto: Breno Augusto de Oliveira Araújo

E ainda Pâmela e Davi no papel de Carolina e Augusto quando crianças.

(Última Capa)

Agradecimentos

XXI Região Administrativa, Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro, Sala Municipal Baden, Powell, Associação de Moradores da Ilha de Paquetá, Chácara da Moreninha, Hotel Fragata, Pousada Recanto de São Roque, Paquetá late Clube, Padrinhos Culturais, Neném Krieger, Márcia Lavrador Kevorkian, Gisela Marchiori, Cinira de Souza Faria, Carlos Alberto Choca Silva, Antonieta Félix da Silva, Júlio Marques, Ricardo Miranda Motta, Fernando Praça, Célia Costa.

Ficha Técnica

Composição e Libreto: Tim Rescala
Direção Musical: Bruno Jardim
Direção Artística: Josiane Kevorkian
Direção Cênica: Alexandre Rudáh e Fábio Enriquez
Preparação Vocal: Érika Muniz
Supervisão Geral: Ruth Staerke
Núcleo de Música: Josiane Kevorkian, Bruno Jardim, Lúcia Morelenbaum Ronildo Alves, Carla Rincón, Érika Muniz, Felipe Machado, Rafael Lima, Vanessa
Núcleo de Iniciação Artística: Vera de Freitas Weber
Núcleo de Artes Cênicas: Fábio Enriquez – Alexandre Rudáh
Figurinos: Joana Lavallé
Assistente de Figurino: Isabela Carneiro
Costureiras: Jô de Felice – Adélia Andrade
Fotografia e Vídeo: Glauco Guigon
Sonorização e Iluminação: Pablo Rodrigues
Programação Visual: Júlio Pereira
Produção: Paquetá Produções
Equipe da Casa de Artes: Sandra Maria, Aparecida Silva, Cleide Maria, Raquel Belarmino, Lica, Ferreira, Andréa Kevorkian, Gildo Jorge Culturais
Coordenação do Projeto: José Lavrador Kevorkian

Apoio

Padrinhos Culturais. Barcas S.A.

Realização

Casa de Artes Paquetá
Paquetá Produções

Patrocínio

(Logos) Petrobrás
Lei de Incentivo a Cultura / MINC
Brasil – Um País de Todos – Governo Federal