Programa do espetáculo  apresentado em 1999, no SESC Taubaté

Bonecos do Giramundo

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(INFORMAÇÕES DO PROGRAMA)

(Capa)

SESC São Paulo

Pocket Opera

A REDENÇÃO PELO SONHO

24 e 25 Abril 99

(Interior)

Monteiro Lobato e a Justeza do Sonho

Atuar de forma intensa e significativa no panorama cultural de
uma cidade como São Paulo requer dose diárias de inventividade.
Tal como em outros campos de produção de conhecimento, a
área de cultura, por vezes, conhece modelos que se repete
infinitamente, oferecendo ao público nada mais do que a palidez da pouca originalidade e o sem-sabor das eternas recorrências. Destacam-se positivamente, então, as iniciativas que aliam temas pouco visitados a formatos inovadores.

Durante o ano de 1998, o público paulistano pôde assistir a espetáculos, cênico-musicais que privaram destas características.

O projeto “Pocket Opera” do SESC Ipiranga – retirou das prateleiras da memória coletiva as artimanhas de Gianni Schicchi, o drama de amor e loucura de Ophelia e alguns depoimentos líricos que mesclavam amor e traição.

Ora, encerrando mais um ano desta empreitada tão bem-sucedida, o SESC optou por criar uma ópera. Tal ineditismo se encerraria aqui não fosse também a originalidade do tema: a vida e a obra de um criador incansável, Monteiro Lobato.

Nunca forma e conteúdo andaram tanto de mãos dadas. Trágica, lírica, patética e apaixonada, a vida de Monteiro Lobato somente se prestaria mesmo a um gênero como a ópera, de cujos contornos emanam as mesmas características.

Sob a direção musical do autor da obra – o maestro Tim Rescala – e a direção cênica de Álvaro Apocalypse – do antológico grupo mineiro Giramundo – um elenco composto por jovens cantores e por músicos convidados estará contando as aventuras reais e imaginárias do autor do sítio primordial de nossa infância.

Tanto quanto as grandes personagens da cena lírica, Lobato também conheceu a grandeza e o esquecimento, o êxito e o ocaso em vida. Incompreendido até mesmo por nossos modernistas (cujo criticismo exacerbado resultou em obscurantismo e arbítrio), Lobato foi um homem que encarou o Brasil com lentes de aumento, sempre. A Redenção pelo Sonho não é um testemunho lamentoso e contemplativo da trajetória do escritor, como as palavras podem até sugerir. Ao contrário, é um corajoso libelo contra a incapacidade de sonhar – que afetou os contemporâneos de Lobato, fazendo-o mergulhar em isolamento e solidão.

Passados cinquenta anos, porém o genial criador da boneca Emília não poderia estar em melhor companhia: transformar sonhos em concretudes tem sido a tônica do SESC desde sempre…
                                                                                      Danilo Santos de Miranda – Diretor Regional do SESC São Paulo

Quem conta Melhor uma História: Um Texto ou uma Partitura?

Existem muitas maneiras de se contar uma história. Se quem a ouve é uma criança e quem a conta é um velho, as possibilidades são infinitas. Se quem conta a história, porém, escolhe em vez de um único olhar atento, algumas centenas de olhos e ouvidos e em vez de um único olhar atento, algumas centenas de olhos e ouvidos e em vez de um quarto silencioso, um palco completamente iluminado, as possibilidades continuam infinitas, mas a chegada mansa do sono certamente não será tão tranquila.

O modo de se contar uma história para o público continua sendo uma questão central para quem escreve para teatro. Mas, será também problema para quem compõe uma música? E se teatro e música fizerem parte de uma mesma obra? Quem conta melhor uma história: um texto ou uma partitura? Ao longo do tempo, estas perguntas foram respondidas de várias maneiras por aqueles que trabalham com a ópera. Em alguns casos, maestro e encenadores pertencem a lados antagônicos; em outros, toleram-se, e raramente trabalham em harmonia, respondendo a estas questões conjuntamente.

As montagens do projeto “Pocket Opera” que o SESC realizou em 1998 são uma tentativa de juntar as pontas deste novelo. O trabalho de releitura de algumas obras para as dimensões do palco do SESC Ipiranga resultou num projeto ousado: uma obra inédita, homenageando um grande escritor brasileiro, composta sob encomenda, com um libreto em português. Para desenrolar o novelo, numa ponta, Tim Rescala e, na outra, Álvaro Apocalypse.

O sucesso deste formato para montagens de óperas é um caminho original que estamos construindo. Nas palavras de Fernando Peixoto: “afinal, se a ópera é teatro em música, cabe ao regente e ao encenador, unificados numa mesma concepção, redescobrir ou reinventar o sentido desta musicalidade teatralizada: persegui-lo não apenas nas melhores óperas tradicionais (…) mas igualmente apontar possíveis e desafiantes caminhos novos para o estabelecimento de óperas contemporâneas. Com tudo o que isto implica de risco.” Risco que, desde já, com muito prazer, assumimos.
                                                                         Sérgio Farah Escamilla – Curador do Projeto “Pocket Ópera”

Elenco

Monteiro Lobato: Lenine Santos
Tia Nastácia, Trabalhadora Rural e Corista: Edneia de Oliveira
Jeca Tatu, Oswald de Andrade, Mr. Slang e Zé Brasil: Lenine Santos / Adriano Pinheiro
Dona Benta, Emília, Corista e Trabalhadora Rural: Sandra Félix
Padre Salles Brasil, Visconde, Defensor Público e Trabalhador Rural: Leandro Fischetti

Piano: Ulisses de Castro
Flauta: Marcos Mesquita
Clarinete: Sérgio Wontroba
Trombone: Lulu Pereira
Violino: Davi Rissi Caverni
Violoncelo: Teresa Cristina Rodrigues
Percussão: Ednei Lima

Ficha Técnica

Regência: Tim Rescala
Direção: Álvaro Apocalypse
Cenografia, Figurinos e Iluminação: Álvaro Apocalypse

Marionetistas: Marcos Malafaia e Ulisse Tavares
Construção dos Bonecos: Equipe do Giramundo
Pintura dos Escudos: Sandra Bianchi
Assistente de Dir. Cênica: Ana Luísa Lacombe
Assistente de Dir. Musical: Marcos Mesquita
Assistente de Cenografia: Gustavo Noronha
Assistente de Iluminação: Ulisses Tavares

Projeto e Direção de Produção: Sergio Farah Escamilla
Produção Executiva: Adriana Apocalypse (Belo Horizonte), Ana Célia Martins Nogueira, Álvaro Guimarães, Germano Baía e Talita Miranda

Costureira: Judite Gerônimo de Lima
Camareira: Sinésia Dias Martins

Giramundo

Criado em 1970, pelos artistas plásticos Álvaro Apocalypse, Terezinha Veloso e Maria do Carmo Vivacqua Martins (Madu), o Giramundo tem se notabilizado como um dos grupos de teatro de bonecos mais atuantes e premiados em todo o mundo. Ao longo destes anos, suas mais de 25 montagens criaram um acervo de mais de 1000 bonecos. Além de adereços, máscaras, peças de cenografia, trilhas sonoras especialmente compostas, figurinos, peças gráficas e projetos de construção de bonecos. O Guarani, Cobra Norato e a Flauta Mágica são algumas das montagens realizadas pelo grupo.

Realização

Prefeitura Municipal de Taubaté
SESC Taubaté
Av. Eng. Milton Peixoto, 1264 – Esplanada Santa Terezinha
Telefone: (012) 232.3566 – Taubaté SP – E-mail: sesctaub@iconet.com.br

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Obs.
Este espetáculo teve sua temporada inicial de 19 a 29 de novembro de 1998, no SESC Ipiranga, de São Paulo. Em 2008, houve uma remontagem com direção de Chico Pelúcio.