Programa RJ, 1990

 

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(INFORMAÇÕES DO PROGRAMA RJ)

(Capa)

Aliança Francesa do Rio de Janeiro e Grupo TAPA
apresentam

SENHOR DE PORQUEIRAL

de Molière

7 a 18 Março

(Interior)

Uma Produção Aliança Francesa do Rio de Janeiro e Grupo TAPA

Há duzentos anos a Revolução Francesa mudava os rumos da História do mundo ocidental. A Aliança Francesa, que sempre se destacou na divulgação da cultura francesa, não poderia ficar fora dessa comemoração. Assim, entre outros eventos, escolheu no campo do teatro produzir uma comédia de Molière e convidou o Grupo TAPA para realizar este projeto.

Convite não foi feito por acaso. Levou-se em conta a seriedade do repertório do grupo (Ibsen, Maquiavel, Nélson Rodrigues, Brecht). O prestígio que nomes significativos do teatro brasileiro emprestaram ao conjunto em várias montagens (Beatriz Segall, Paulo Autran, Aracy Balabanian): os trinta e cinco prêmios que o grupo conquistou em suas 17 montagens (Molière, Mambembe, APCA, APETESP, Governador do Estado, Shell, FUNDACEN). Além disso, o Grupo TAPA vem desde 1986 arrendando o Teatro da Aliança Francesa de São Paulo e desenvolvendo um projeto de profundo alcance cultural com enorme sucesso, tanto do ponto de vista artístico, quanto administrativo. Ainda por uma feliz coincidência, o grupo contemplou dez anos em 1989, ano do Bicentenário da Revolução Francesa, sendo uma grande felicidade comemorar essa data com uma montagem de uma peça de Molière em co-produção com a Aliança Francesa.

Quanto à opção pelo autor, dispensa maiores comentários. Molière não é só o comediógrafo mais popular da França, em todos os tempos, mas um daqueles raros autores que conseguiu retratar profundamente a sociedade de sua época e ao mesmo tempo dimensionar o ser humano de forma universal e atemporal, O texto escolhido foi Senhor de Porqueiral, inédito no Brasil, e que só por isso já merece uma montagem.

(Interior)

Por que Senhor de Porqueiral?

O nome de Molière é, com razão, associado às chamadas grandes comédias – O Burguês Fidalgo, O Avarento, D. Juan, Tartufo, O Misantropo. Corre-se, no entanto, o risco de se esquecer uma obra mais vasta, onde os pequenos textos farsescos, as deliciosas comédias-balé podem revelar surpresas como bem mostrou Roger Planchon, ao resgatar George Dandin.

É o caso de Senhor de Porqueiral – verdadeiro “erzatz” do Burguês Fidalgo, e que, a uma leitura atenta, vai mais longe que um simples texto encomendado para a diversão de Luís XIV, improvisado a partir de situações tradicionais de Comédia dell’ Arte.

Já esse resgate, bem como o ineditismo de sua montagem em palcos brasileiros justificariam a escolhe. Alie-se a esses dois fatores a surpreendente atualidade de uma comédia que poderia se passar no Brasil de hoje – ou em um país imaginário do lado de baixo do Equador – e está respondida a pergunta inicial. Com efeito, em uma grande cidade para a qual convergem todo o tipo de estrangeiros, espertos e otários nosso herói será a vítima ideal de um enorme e bem urdido conto do vigário. Cruza de Georges Dandin e Monsieur Jourdains, Porqueiral é o caipira rico e vaidoso que quer penetrar na alta sociedade da capital, através do casamento. Se não é um idiota (afinal, trata-se de um advogado que conhece bem as leis), sua ingenuidade de caipira rico perdido na selva da cidade e sua vaidade de “nouveau riche” fazem sua perda, nas mãos de Arlequim-Sbrigani.

Comédia truculenta, que ridiculariza anarquicamente o saber e o poder oficiais, implacável demonstração da lei do mais esperto na sobrevivência do dia-a-dia, visão carnavalizadora e macunaímica de toda uma sociedade, Senhor de Porqueiral nos é, afinal de contas, sintomaticamente Familiar.

Numa enorme nau de insensatos, onde a autoridade – Família, Justiça, Faculdade, Medicina – se sustenta porque ocupa o espaço do poder e, portanto, faz-se o naufrágio comandado pelos marginais – jovens, criados mulheres estrangeiros, pobres, idiotas – e na apoteose final, bem entendido, tudo termina em samba. Estávamos – quem diria? – em Versailles, ou na Marquês de Sapucaí?

(Interior)

Grupo TAPA

Fundado em 1979 no Rio de Janeiro, o Grupo TAPA montou 17 espetáculos e conquistou 35 prêmios da crítica especializada do Rio de Janeiro e São Paulo, Em 1988, o grupo conquistou o Prêmio Shell de Teatro – Categoria Especial, e o Prêmio Molière – Categoria Cenografia. Além disso, representou o Brasil no VI FITEI (Festival Internacional de Teatro de Expressão Ibérica), que se realizou em Portugal, em 1983, com a peça Viúva, Porém Honesta, de Nelson Rodrigues.

Em 1986, tendo conseguido o Teatro Aliança Francesa de São Paulo como sede, o Grupo TAPA transferiu-se do Rio de Janeiro para São Paulo e levou à cena as seguintes peças:

1986
O Tempo e os Conways
De J. B. Priestley com Beatriz Segall

1987
Viúva, Porém Honesta
De Nelson Rodrigues

Pinóquio
De C. Collodi

Uma Peça por Outra
De Jean Tardieu

1988
A Mandrágora
De Maquiavel

Solness, O Construtor
De Ibsen com Paulo Autran

1989
Senhor de Porqueiral
De Moliére

Nossa Cidade
De Thornton Wilder

(Interior)

Senhor de Porqueiral

Elenco

Christiane Couto: Julia
Denise Weinberg: Nerina
Jarbas Toledo: Erasto
ZéCarlos Machado: Sbrigani
Guilherme Sant’Anna: Senhor de Porqueiral
Brian Penido: Boticário, Advogado 1 e Turista 1
Ernani Moraes: Médico 1 e Oficial
Paulo Moraes: Médico 2 e Advogado 2 e Turista 2
Cássio Scapin: Oronte e Camponês 1
Valnice Vieira Bolla: Lucete e Camponês 2
Gustavo Kurlat: Músico

Ficha Técnica

Titítulo Original: Monsieur de Pourceaugnac
Autor: Molière
Tradução: Pina Coco
Músicas: Lulli (Versão Livre Sobre os Originais)

Direção: Eduardo Tolentino de Araújo
Direção Musical: Gustavo Kurlat
Figurinos Lola Tolentino
Iluminação: Wagner Freire
Cenário: Juvenal Irene dos Santos
Maquiagem: Ana Van Steen
Divulgação: Jussara Pedrollo
Produção Executiva: Jarbas Toledo e Wagner Freire
Produção: Aliança Francesa e Grupo TAPA

(Última Capa)

O Grupo TAPA traz ao Rio de Janeiro em curtíssima temporada duas peças do seu repertório do ano de 1989.

Senhor de Porqueiral, de Molière e Nossa Cidade, de Thornton Wilder.

Senhor de Porqueiral, espetáculo co-produzido pela Aliança Francesa vem de uma carreira de nove meses de sucesso apenas interrompida pelo breve período de apresentações no Rio de Janeiro.

Nossa Cidade foi dentre 45 propostas, o vencedor do Projeto Arte em Cena da Caixa Econômica Estadual, tendo cumprido uma temporada na capital e mais uma viagem por 36 cidades do Estado de São Paulo.

Ambos os espetáculos, além de sucesso de público e crítica, receberam os prêmios e as indicações que se seguem:

Senhor de Porqueiral

Prêmio Fundacen/Minc
Um dos Cinco Melhores Espetáculos de 89

Prêmio Shell
Eduardo Tolentino de Araújo (Direção)
Guilherme Sant’Anna (Ator)

Prêmio Mambembe
Guilherme Sant’Anna (Ator)

APCA
Guilherme Sant’Anna (Revelação)

Prêmio Shell
Lola Tolentino (Figurino)

Nossa Cidade

Prêmio Shell
Brian Penido (Ator)

Prêmio Mambembe
Brian Penido (Ator Coadjuvante)
Umberto Magnani (Ator)

Temporada de Nossa Cidade 20 a 25 de março

(Logos) Teatro Nelson Rodrigues, Caixa Econômica Federal

Apoio Cultural

(Logo) Banco Sudameris Brasil