Cartaz (verso)

Cartaz (frente), 1978

Convite do espetáculo que estreou em 07.04.1978, no Teatro Gláucio Gill

Dirceu Rabelo e José Roberto Mendes

(INFORMAÇÕES DO CARTAZ/PROGRAMA)

(Frente)

Rodrigo Farias Lima
apresenta

O MAGO DAS CORES

De Veronique Rateau
Tradução de Olga Savary

Com Dirceu Rabelo e José Roberto Mendes

Espetáculo concebido e dirigido por Serge Rüest e Pato

(Verso)

Atores e Manipuladores

Dirceu Rabelo e José Roberto Mendes

(Fotos e desenhos)

Concepção e Direção: Rüest e Pato
Divulgador: Nei Melo
Tradutora: Olga Savary
Administrador: Rafael Sanchez
Execução dos cenários e figurinos e Reprodução de arte Visual: Cécile Soudé
Produtor: Rodrigo Farias Lima
Autora: Véronique Rateau
Autor das Músicas: Jean Denis Bennet
Cenógrafo: Jean Philippe Boin
Fotografias: U. Dettmar

Participaram da montagem francesa, que fez parte da programação inaugural di Centro Georges Pompidou, de Paris: Serge Rüest e Pato.

Na montagem brasileira: Dirceu Rabelo e José Roberto Mendes

Uma alegoria exemplar

Como suscitar e desenvolver na criança o senso da novidade, da mudança, da exigência que recusa o já visto ? Serge Rüest e Pato, artistas de rara integridade, que não trapaceiam com a plateia infantil, começam por nos propor um mundo de que a cor está ausente. Um mundo cinza, manipulado pela ignorância e reduzido à paz neutra dos cemitérios. Um mundo que não convida a nenhuma espécie de participação ou de criatividade, dominando que está pela ditadura da uniformidade.

Mas, de repente, surge o azul. Depois, o amarelo. Em seguida, o vermelho. È uma festa. A face do mundo se modifica. Só que, liberta da acomodação, a comunidade já não se conforma com a disciplina e o rigor dos novos rios: quer as grandes cachoeiras, a foz, o mar.

O mago ensaia, então, a sua obra-prima: o arco-íris. E num arco-íris cabe toda a fantasia do homem, toda a sua ânsia, que nada consegue represar, para ir além do vulgar e do comezinho; do trivial e do submisso. Misturando as cores, rasgam-se insuspeitadas fronteiras, criam-se amplos horizontes, alarga-se o mundo até o infinito.

Acho que, melhor do que ninguém, as crianças entendem o significado desta alegoria exemplar. Não se trata da habitual mascarada, menos ainda de mágicas que, nos dias que correm, já não convencem a tenra infância que convive, no recesso dólar, com as mulheres biônicas e os super-homens do vídeo. Trata-se de um desafio, lúcido e racional, às sensibilidades em botão e à descoberta de valores básicos, poluídos pela paranoia televisiva.

Bem vistas as coisas, o mago de La Compagnie Serge Rüest e Pato, a falar em português por obra e graça do produtor Rodrigo Farias Lima, com palavras finamente vertidas por Olga Savary e o talento em alto astral do moço Dirceu Rabelo com seu fiel acólito Zé Roberto, não é exatamente em mágico, mas um ser humano como deveriam ser todos: empreendedor, ativo, indomável, voltado para a transformação do meio em que vive. Do seu pote de cores, ele retira humor e poesia. E, como quem cumpre missão – ou ritual – ao alcance de qualquer um, muda o visual para que as mentes recebam estímulos vitais e todos recuperemos a alegria saudável sem a qual a vida é cinza e o arco-íris um sonho adiado.

Armindo Blanco

Agradecemos

SNT, FUNTERJ, Departamento de Cultura do Município do Rio de Janeiro, TV Educativa por ter cedido Dirceu Rabelo, Castelinho dos Enfeites – Rua Almirante Tamandaré, 66 lj 229, Claudiano Carneiro da Cunha, Silvana Azambuja, Cleber Tavares, CBD Phonogram