Programa, 1970

Lizette Negreiros e Lucia de Carvalho

Barra

(INFORMAÇÕES DO PROGRAMA)

(Capa)

O Rapto

(Página 01) 

SESC – A Escola Vai ao Teatro
Teatro Anchieta
apresenta a produção
Teatro Íntimo de Comédia

O Rapto das Cebolinhas

Comédia infanto-juvenil de Maria Clara Machado

(Página 03) 

Diretor é quem explica como é o espetáculo para os atores. Foi esse o meu trabalho. Mas como gosto de crianças expliquei ao elenco Tim-tim por Tim-tim para tudo sair bem. Meu nome? Paulo Lara

Por que uma Peça para Jovens

Certo ou errado a verdade é esta: o artista, de um modo geral está preocupado demais com a pesquisa de sua arte. Seja para testar suas possibilidades, seja como autoafirmação. Não resta dúvida de que essa atitude representa positivamente no desenvolvimento da arte, sem o que ela não substituirá futuramente. Mas no campo social os resultados são negativos. Primeiro, porque o brasileiro não é um povo com tradição cultural ainda, nem está acostumado a ver teatro. Assim, essa “corrida artística” não chega a alcançar o teatro, pelo menos na conquista de uma plateia de amanhã, maior, estável e esclarecida.

Poucas companhias se dão ao trabalho de olhar como deviam para o teatro para a juventude. Talvez por considerar uma arte de menos projeção ou sabe-se lá o que seja. Poucos espetáculos do gênero infantil ou juvenil recebem um tratamento maior em sua elaboração, tanto empresarial quanto artisticamente. Isso é mau, põe-se em jogo nosso público de amanhã. Sem cultivar uma plateia dificilmente obteremos como resultado um público verdadeiro de teatro. Talvez a comercialização tenha sua parcela de culpa nesse atual processo. Também não sejamos idealistas a ponto de chegar à utopia. O Rapto é uma tentativa de comunicação com os jovens. Vamos esperar para ver o que eles dizem. A melhor resposta é o espetáculo.

(Página 05) 

Maria Clara, só para Crianças

Faz muitos anos que Maria Clara Machado fundou na Guanabara, um teatro chamado Tablado. Ali ela mantém, até hoje, um verdadeiro laboratório de teatro, especialmente para crianças. Escreveu mais de uma dezena de peças, que já foram montadas em quase todo mundo. O Cavalinho Azul, uma delas, neste ano será montada na Índia. O Rapto das Cebolinhas já teve sua versão russa e Pluft – O Fantasminha, além de ser filmada aqui e fazer o maior sucesso na Europa, foi representada nos palcos de Tóquio. Seu trabalho é todo dedicado à juventude, porque ela a considera “tudo aquilo que a gente espera num mundo tão quebrado e em transformação violenta.”

Maria Clara tem muitos prêmios como autora de teatro. No ano passado, por exemplo, recebeu o Golfinho de Ouro, na Guanabara. Há 17 anos recebia o Prêmio de Peças Infantis da Prefeitura do Distrito Federal com O Rapto das Cebolinhas. Mas ela escreveu ainda, O Chapeuzinho Vermelho, A Volta do Camaleão Alface, O Boi e o Burro a Caminho de Belém, Maroquinhas Fru-Fru, que ela encena atualmente no Tablado, com músicas de Carlos Lyra.

O teatro infantil de Maria Clara Machado é importante. Ninguém como ela sabe se comunicar com a criança levando-lhe cultura e diversão ao mesmo tempo. Sinta a colocação do enredo de Pluft – O Fantasminha; um fantasma que tem medo de crianças. Por indução contrária sugere à mente infantil que não deve temer fantasmas. Em O Rapto, a mensagem passa fácil: ruindade é um vício que se adquire quando se cresce. Ela sugere: cresçam, mas com toda a pureza de seus corações infantis.

Há muitos atores conceituados que hoje iniciaram suas carreiras no palco do Tablado, como Cláudio Corrêa e Castro, Napoleão Muniz Freire, Paulo Goulart, Kalma Murtinho e Paulo Padilha.

O Rapto, uma experiência com a qual o Teatro Íntimo de Comédia, o TIC, pretende testar a sensibilidade da criança e ao mesmo tempo provar que ela raciocina bem mais do que muitos adultos julgam. O espetáculo está no palco e o resultado conseguido só mesmo vocês poderão dizer.

Montamos O Rapto das Cebolinhas, uma das peças de Maria clara Machado, pelo menos, por duas razões. Primeiro porque a mensagem atinge a criança fundamentalmente: ninguém nasce mau. A maldade ‘é adquirida pelo individuo depois que ele cresce. Depois, Maria clara machado, tem a capacidade de instruir e divertir a criança ao mesmo tempo sem ser didática. A adaptação de Paulo Lara deve-se a esta conclusão: o público mirim de 1970 deve ter mais exigências que aquele quando a obra foi escrita há dezessete anos.

Outro ponto que não pode ser esquecido é a colaboração do Serviço Sócia do Comércio, responsável por muita coisa no enriquecimento artístico do espetáculo.

(Página 07) 

A Companhia do SESC 

O SESC lançou a campanha “A Escola Vai ao Teatro”, no ano passado, em março, com a comédia musical A Moreninha. Antes, fizera uma experiência com A Mulher de Todos Nós, mas só em escolas de comércio. A campanha vem encontrando receptividade, que depende de uma série de fatores. Primeiro, a direção da escola. Se conhece a estrutura da campanha, se é uma direção atualizada, considerando o teatro uma direção aos conhecimentos de seus alunos, então tudo se simplifica. Mas, às vezes, encontram-se diretores assim: a professora que gostava de teatro saiu da escola…

Já que a própria Secretaria de Educação permite a saída de algumas escolas públicas para ver teatro, as escolas particulares deveriam também aderir totalmente a essa campanha.
Outra dificuldade: o poder aquisitivo heterogêneo. Nem sempre um preço acessível par uma escola do centro é igual para uma escola periférica. Porém uma coisa é certa: quando um aluno assiste a um espetáculo que o agrade, ele mesmo facilita, por vontade própria, as próximas idas ao Teatro Anchieta.

E o SESC tem facilitado sem tudo para o sucesso da campanha. Só não tem comparecido aqueles estabelecimentos de ensino onde há diretores que ainda não compreenderam a importância do teatro.

Lucy Guimarães Vieira – Relações Públicas do SESC

(Página 09) 

Lúcio Menezes, Quem é

Artista plástico, autodidata nascido no interior de Minas. Vive em Santos. Participou de três montagens de teatro de vanguarda. Em 59, na “première mondial” de Fando & Lis, obra do então desconhecido Fernand Arrabal (autor também de Cemitério de Automóveis). Seu trabalho, nesse espetáculo, como figurinista, valeu-lhe o Prêmio Governador do Estado daquele ano. No ano seguinte criou o cenário e os figurinos de A Filha de Rappaccini, obra poética de Octávio Paz. As maquetes dessas duas montagens realizadas em Santos foram selecionadas e expostas na bienal de 60, na Capital. Em 62, foi aclamado por unanimidade “melhor cenógrafo” do 4º Festival Nacional de Estudantes, em Porto alegre, com a montagem de O Túnel. A obra é de Paer Lagerkvist (Prêmio Nobel de Literatura), foi traduzida pelo Centro dos Estudantes de Santos. Lúcio Menezes, já expôs na Galeria Ambiente e prepara outra individual, ainda este ano na Capital. Foi figurinista exclusivo de “Modas Scarllet”, antes de Denner, em 58. Atualmente também ilustra contos e poesias para a página literatura do jornal A Tribuna, de Santos.

(Página 11) 

Elenco

Neide Duque: Vovó Felícia
Ricardo Blat: Gaspar
Lizette Negreiros: Maneco
Cleide Eunice: Lúcia
Lúcia de Carvalho: Florípedes
Claudi Oliani: Camaleão
Eduardo Karan: Doutor Hortêncio

Ficha Técnica

Comédia Musical Infanto-Juvenil
Extraída de O Rapto das Cebolinhas
de Maria Clara Machado

Músicas: Gilda Vandenbrande
Arranjos e Direção Musical: Marco Antônio Cancello
Cenários e Figurinos: Lúcio Menezes
Sonoplastia: Abel Kopanski
Iluminação: José da Silva
Montagem: Antônio Ronco e Augusto Manoel de Souza
Confecção dos Figurinos: Alice Corrêa
Contrarregra: Renato Belli
Fotos: Paquito
Adaptação e Direção Geral: Paulo Lara

SESC – A Escola Vai ao Teatro
Teatro Anchieta
apresenta a produção
Teatro Íntimo de Comédia

Agradecimentos especiais à Air France e Magisom

Páginas 12, 15, 16,17,18 – Fotos da equipe e atores, nas demais páginas não relacionadas, anúncios.