Marcelo Serrado e Verônica Frota em cena

Crítica publicada no Jornal O Globo
Sem Identificação – Rio de Janeiro – 28.03.1986

Um Camaleão que Agrada Todas as Idades

Ultrapassando até a expectativa de seus diretores, A Volta do Camaleão Alface, de Maria Clara Machado, que estreou sábado passado no Planetário com o Grupo Ponto de Partida, é uma peça que agrada a crianças de todas as idades, a produção pensava que seria indicada apenas para crianças até oito anos.

Jamais montada pela autora, A Volta, dirigida por Toninho Lopes e Roberto Bomtempo, certamente agradará à Maria Clara, pela limpeza de sua concepção em todos os itens da ficha técnica. Sem sobra de dúvida, é certamente a melhor realização de Toninho Lopes – as mais recentes foram O Camaleão e as Batatas Mágicas, da mesma saga dessa peça (84-Teatro Delfin) e Pele de Asno ( 85, Villa-Lobos). E certamente que a colaboração de Roberto Bomtempo, adaptação e direção de As Aventuras de Tom Sawyer, última semana no Teatro do América, foi substancial, ao menos no que se refere ao trabalho dos atores, com raras exceções iniciantes. Todos apresentam um trabalho de bom nível, que prima pela homogeneidade.

O casamento artístico entre Lopes e Bomtempo foi perfeito, já que o primeiro é extremamente eficiente na direção geral enquanto Roberto tem demonstrado ser um bom diretor de atores. E o equilíbrio existente entre os dois transparece em todos os aspectos da produção: no humor, que é a tônica da apresentação, na movimentação cênica dos 10 atores no pequeno palco do Teatro do Planetário, na iluminação de Maneco Quinderé, na trilha sonora de Ilan Wawet, nos figurinos e cenários de Pedro Sayad, no ritmo de aventura que é constante e intenso. Enfim, A Volta do Camaleão Alface vale a pena ser visto.