Grupo Ponto de Partida de A Volta do Camaleão Alface

Crítica publicada no Jornal O Globo
Sem Identificação do Jornalista – Rio de Janeiro – 24.03.1986

A Volta de um Camaleão Visto Só uma Vez

A garotada com menos de dez anos conta desde o fim de semana passado com duas estreias teatrais. O grupo Ponto de Partida, à frente Toninho Lopes, traz ao palco do Teatro do Planetário, A Volta do Camaleão Alface, de Maria Clara Machado, que integra a série Camaleão Versus Vovô Felício e Sua Turma (O Rapto das Cebolinhas, O Camaleão na Lua e O Camaleão e as Batatas Mágicas).

Toninho Lopes, tabladiano, começou suas atividades em 82, com O Embarque de Noé, no Teatro Fonte da Saudade. Seguiram-se A Bruxinha Que Era Boa, no Senac; O Camaleão e as Batatas Mágicas, no Delfin e ano passado, Pele de Asno no Villa-Lobos e a remontagem da Bruxinha no Teatro do Planetário. Com exceção de Pele de Asno, todas de Maria Clara Machado.

Toninho Lopes explica porque escolheu A Volta do Camaleão Alface para voltar ao palco do Planetário:
– Essa peça foi encenada apenas uma vez, em 1959, e é portanto desconhecida da criançada. Como Aprendiz de Feiticeiro, que Maria Clara nunca tinha dirigido até o ano passado, foi criada a pedido de um grupo de jovens atores que saía do Tablado e inaugurava o Gláucio Gil. A direção foi de Cláudio Correia e Castro e participaram do elenco, entre outros, Roberto de Cleto e Kalma Murtinho. Outra razão é oferecer para as crianças uma opção diferente de aventuras espaciais, dos jogos eletrônicos e dos computadores.

A Volta retoma temas brasileiros como a mata, os índios e se desenvolve em ritmo de aventura. Vovô Felício parte para as matas do Mato Grosso em busca da receita do bem viver. O Camaleão rapta a gata Florípedes e a usa como refém. No final tudo acaba bem e índios e brancos procuram juntos a receita de bem viver.

– É uma produção simples, explica Toninho Lopes. Não temos patrocínio, o grupo rachou as despesas de produção. Os atores são jovens, a maioria do Tablado e se juntou durante as férias para ensaiar. Quem me auxiliou na direção foi o Roberto Bomtempo, que fez Tom Sawyer.
Para contrastar com a história, que tem índio e até jesuíta, a trilha sonora é bem moderna, baseada em conjunto de rock, o som dos índios é de um baterista do Police, que fez um show inspirado numa viagem à África.

Ficha Técnica

Autor: Maria Clara Machado
Direção: Toninho Lopes
Assistente de Direção: Roberto Bomtempo
Cenários e Figurinos: Pedro Sayad
Iluminação: Maneco Quinderé
Trilha Sonora: Ilan Wawet
Coreografia: Andréia Fernandes
Elenco: Henrique Mourato, Marcelo Barroso, Marcelo Serrado, Cristiana Lavigne, Sílvia Buarque de Holanda, Verônica Frota, Ronaldo Tasso, Dorinho de Carvalho, Helvio Garcez e Ronaldo Santos