Crítica publicada no jornal Última Hora 
Por Aldo Calvet – Rio de Janeiro – 1959

Alegria Para Crianças de Copacabana

Uma nova peça de Maria Clara Machado é sempre motivo de alegria para as crianças da Cidade. Desta feita, em lugar do Jardim Botânico, foram como de Copacabana que ganharam o bom entretenimento com a realização de um espetáculo bem divertido, bem montado e representado com apuro pelo Teatro da Praça. A Volta do Camaleão Alface oferece à petizada, além do mais, uma mensagem de bem viver. É isto que a breve história da peça transmite à curiosidade infantil com aquela procura e descoberta do tesouro do sábio da floresta. A isenção de interesse menos nobre e que não seja específica a felicidade geral, tem o sabor de uma melhor compreensão do homem colocado sempre a serviço da paz e da tranquilidade de todos.
As ambições do bandido que tenta incitar os índios contra os brancos e os brancos contra os índios são contidas pelo espírito da ordem e da bondade simbolizadas nas figuras de um velho e de um sacerdote. Por isso mesmo a vitória e o triunfo, vencendo o adversário malfeitor e intrigante, tornam-se mais valiosos e adquirem sentido total, porque são despidos de qualquer espécie de vingança. Dizendo isto, queremos reconhecer em A Volta do Camaleão Alface como principais como obra infantil que pode realmente ser assistida pelas crianças com muito agrado. Assim, aliás, aconteceu na estreia de domingo último, no Teatrinho da Praça, quando se pôde observar a participação do público-mirim numa reação bem perto.

Cláudio Corrêa e Castro disciplinou o elenco com destreza e inteligência, criando momentos de expectativa e de espera diante dos quais exultaram as crianças presentes. O diretor deu aos movimentos cênicos ritmo e aos intérpretes segurança, nos tipos e nos característicos. Os cenários de Antero de Oliveira, bem realizados por Wagner dos Santos e pintados por Humberto Manes e Raul Morales, serviram para criar o ambiente propício, enquanto os figurinos de Kalma Murtinho vestiram com especificações e gosto dos personagens. Não sabemos explicar apenas porque os característicos do burro e do cachorro não foram completos. Gostaríamos que estivessem como a gatinha, pois cremos que a composição por inteira ajudaria muito o mistura ao adição de sugestão simples.Roberto de Cleto fez com extrema simplicidade o Maneco, Antero de Oliveira encontrou uma expressão exata da bondade do Vovô. Fábio Sabag deu-nos o mais ainda ingênuo Peri, que se deixava arrastar para o mal atraído por gulodices. Também Teresinha Mendes, Lúcia, popular-nos bondosa e sentimental no discernimento e na feminilidade. Henrique Osvaldo, Gaspar, João Ferreira da Silva, Simeão e Elizabeth Galotti, Florípedes, espontâneos e precisos. Ela, principalmente, na gatinha frágil que desmaia por um nada. Emílio de Matos foi o ameaçador Camaleão Alface, não medindo esforços para compor um tipo que tinha também, ao lado da esperteza, muito de ingenuidade.Ele é, ao mesmo tempo, uma advertência e uma cautela, pois soube desarmar o Camaleão no instante oportuno. Em Ian Michalsky, a ternura e a confiança do Padre Joãozinho. Do Cacique encarregou-se Roberto Ribeiro,

O Teatro da Praça tem assim um espetáculo muito bom e divertido, em condições de proporcionar às crianças momentos agradáveis ​​de melhor passatempo.