Ricardo Schöpke (a esquerda) é o ator e diretor da peça, que fala sobre a matança de peixes

Crítica publicada em O Globo – Rio Show
Por Luciana Sandroni – Rio de Janeiro – 01.01.1993

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Lenda amazônica para crianças

Primeiro texto de Roger Mello escapa do tom piegas comum às peças ecológicas

Na peça Uma História de Boto Vermelho, o visual é a primeira coisa que chama a atenção. A iluminação emocionada de Aurélio de Simone, somada a programação visual poética de Roger Mello, dá um brilho singular ao espetáculo. E para complementar, como se fosse pouco, a bela direção de movimento de Ricardo Schopke hipnotiza o espectador desde o primeiro minuto. A peça, que interrompeu suas apresentações por causa das festas de fim de ano, volta ao cartaz na próxima semana, na Casa de Cultura Laura Alvim.

Uma História de Boto Vermelho, espetáculo finalista do Festival de Ecologia no Teatro Infantil, é o primeiro texto de Roger Mello, mais conhecido como ilustrador de livros infantis. Roger utiliza um tema folclórico da Amazônia para falar da matança dos peixes, e consegue escapara do tom meloso e piegas – tão assíduo nas peças ecológicas.

O tema é a conhecida lenda do boto: quando sai do rio ele vira um homem sensual, deixando apaixonadas as moças. Trata-se aqui, porém de um jovem boto, que ainda está descobrindo o mundo, o amor, a amizade e, depois, o ódio.

O texto muitas vezes se apaga diante de uma preocupação visual maior e muito melhor explorada. Mas a direção de Ricardo Schöpke tem soluções bonitas e emocionantes, como na cena do assassinato do peixe boi.

O elenco está bem integrado, tanto nas partes coreografadas como nos diálogos. Ana Paula Bouzas como Joana, se destaca no elenco, por sua interpretação contida. Ricardo Schopke tem uma bela atuação como o boto.

Vale a pena ver Uma História de Boto Vermelho, indicada principalmente para crianças a partir dos 8 anos.