Matéria publicada na Última Hora
Por Armindo Blanco – Rio de Janeiro – 10.10.1975
Um Desafio para Crianças e Adultos
Ilo Krugli é um artista argentino há alguns anos radicado no Brasil, desde que trabalhou com seu teatro mágico de bonecos na escolinha de Augusto Rodrigues. Em 1974 ele fez de seu espetáculo para crianças, Histórias de Lenços e Ventos, um dos melhores do ano, a qualquer nível. Este ano apresentou na Sala Corpo/Som do Museu de Arte Moderna, um espetáculo com duas faces: Da Metade do Caminho ao País do Último Círculo, um ato dolorosamente reflexivo e cultural, como ele mesmo diz, para a descoberta da alma do homem/criança. O espetáculo tinha uma versão para crianças, representada à tarde, e outra para adultos, representada à noite. Esteve um mês em cena e dividiu a crítica, ao contrário do que acontecera com Lenços e Ventos. Mas o espetáculo era de inegável beleza visual e auditiva, uma aventura instigante para a fantasia dos dois públicos a que se destinava.
Agora, O Último Círculo reaparece no Gláucio Gill: de quarta a domingo, às 21h30m, para adultos; aos sábados e domingos, às 16h30m, para o público infanto-juvenil.
Da Metade do Caminho ao País do Último Círculo é uma viagem em dois atos por muitos países: País do Gigante Azul, País do Silêncio, País das Máquinas e Relógios, País Luminoso, País da Guerra, País do Sim e País do Não. Tem, ainda, uma peça apresentada pelo Teatro Mágico Pedagógico: O Homem que Amava a Verdade. O Teatro Mágico Pedagógico são as marionetes de Ilo Krugli, autor do texto, encenador e também um dos intérpretes, ao lado de Pedro Veras, Sylvia Heller, Sérgio Fidalgo, Regina Linhares, Tarcísio Ortiz, Sylvia Aderne, Richard Roux, Ausonia Bernardes Monteiro, David Tygel, Regina Costa e Jorge Guerreiro. Direção musical de Ian Guest e músicas de Beto Coimbra e Caíque Botkay.
Este trabalho do Grupo Ventoforte, diz Krugli, é de indagação: o que é a criança, o que é o adulto? Para responder a estas perguntas – ou suscitar respostas – ele combina declamação, dança, mímica, marionetes, num dos espetáculos de maior criatividade já vistos entre nós.
Já publicamos aqui uma crítica francamente encomiástica quando da estreia no MAM. Repetimos a recomendação que então fizemos: não percam. Quem tiver crianças, que não as prive deste exercício fecundo e bem mais do que simplesmente pedagógico.