Matéria Publicada pelo jornal O Teatro Jovem
Sem identificação de jornalista, Rio de Janeiro, Setembro/Outubro – 1996
Teatro na escola ou escola no teatro
Os projetos Teatro na Escola e Escola no Teatro são tentativas de instigar a ida ao teatro. Além disso, possibilita aos jovens, principalmente os que não têm condições de frequentar ambientes como esse, um acesso à cultura. Reunimos aqui algumas pessoas que lidam diretamente com o público jovem e que já participaram ou gostariam de participar de um ou de ambos projetos. Abaixo estão algumas opiniões:
Henrique Tavares – diretor e autor de peças.
“A escola é um grande laboratório para a formação do caráter da criança. No meu tempo de escola, lia Machado de Assis e Júlio Verne. A educação atual não exige tanto dos alunos. Nunca participei do projeto Teatro na Escola, mas já assisti e achei bem interessante. Entretanto, ir até uma escola seria bastante trabalhoso e o meus espetáculos perderiam a qualidade. O mais viável para a Companhia Ficadeira, da qual faço parte, é o projeto Escola no Teatro”.
Gabriela Rabelo – dramaturga, professora de teatro e atriz.
“Participei de um projeto parecido com o do Teatro na Escola. No início da minha carreira, eu e meu grupo viajávamos muito pelo interior de São Paulo e do Brasil. Havia muitas companhias que iam até o público estudantil, mas não às escolas e sim a teatros de arena. Era final da década de 60 e princípio da de 70. Uma época de formação política e muita repressão. Fundei o grupo Teatro da cidade, em Santo André. Foi o primeiro grupo criado fora da capital paulista. Graças a esse trabalho foi construído o Teatro Municipal de Santo André. Viajei para o Rio de Janeiro com o grupo Arte Viva. Com esse mesmo grupo levei a peça ‘O Santo e a Porca’ até às escolas. Foi a minha única experiência de Teatro na Escola. Como atual espetáculo ‘Ana Paz’, estou buscando uma intermediação entre o processo de aprendizado e a produção pessoal. Por enquanto, me apresentei para pessoas da terceira idade e crianças, e a receptividade tem sido ótima”.
Marcia Duvalle – atriz, diretora e produtora.
“Eu costumo fazer tanto o projeto Teatro na Escola, quanto Escola no Teatro. No caso do teatro ir à escola, deveria haver uma maior interação da direção do colégio com o produtor ou diretor do espetáculo para saber que tipo de público irá assistir à peça, se a linguagem corresponde à série que irá participar do projeto, etc.. Depois da apresentação, gosto de bater um papo com a turma para poder ouvir as opiniões. Eu sempre dirijo e produzo meus espetáculos, porque me preocupo com o que quero passar, para que público estou direcionando o texto. Os dois projetos são bem diferentes. Quando o teatro vai à escola, a abertura é mais para a arte-educação. O produtor tenta buscar uma parceria e não somente vender o espetáculo para ganhar dinheiro. Em relação à escola ir ao teatro, está se viabilizando uma possibilidade. Entretanto, o comportamento dos jovens se modifica. Nesse momento, a função social do teatro vem à tona”.