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Em torno de duas centenas de grupos de teatro de bonecos (profissionais, em sua absoluta maioria) atuam em quase todos os estados do Brasil.
O intercâmbio de informações sobre os múltiplos aspectos de sua arte é uma necessidade visceral para o artista bonequeiro.
Ao longo dos últimos anos ele transformou-se, de simples recreacionista, em artista consciente da grande arte que pratica e da bela profissão que exerce. Ele agora é um artista que experimenta, que procura o novo, que respeita raízes, que tem consciência de sua grande responsabilidade social, pois sabe que tem nas mãos um instrumento mágico e poderoso, que exerce sobre as plateias enorme empatia.
Nunca o teatro de bonecos, ou o teatro de animação, teve, no Brasil, um reconhecimento como o que acontece nos dias de hoje.
Entidades governamentais, produtores culturais, patrocinadores, veem hoje o teatro de bonecos como uma arte maior, colocada ao lado e no mesmo nível das outras manifestações cênicas.
Esse reconhecimento deve-se, sem dúvida, ao trabalho que vem realizando os grupos de todo o Brasil, às associações de classe dos bonequeiros e aos festivais de alto nível que anualmente acontecem em vários estados do país.
Apesar de tudo isso, os bonequeiros e suas entidades manifestam a grande preocupação que têm com relação à sua formação profissional.
No Brasil faltam escolas para teatro de bonecos.
Os festivais têm sido um substituto para essa carência, pois são lugares e tempos de troca, onde todos enriquecem sua formação profissional, numa experiência única de aprendizado. Os festivais são escolas – são universidades para os bonequeiros.
Pode-se e deve-se aumentar o número de festivais de teatro de bonecos que acontecem no Brasil e que já formam um expressivo circuito.
É preciso que mais pessoas entrem em contato com essa arte; é preciso que os artistas das outras manifestações cênicas tenham um contato mais direto e profundo com o teatro de bonecos.
Um número cada vez maior de espetáculos de teatro de atores usa hoje o boneco como elemento importante de suas encenações.
Assim, é preciso que diretores e atores, temporariamente transformados em bonequeiros, procurem informar-se a respeito do instrumento fantástico que têm em suas mãos.
Se para a iluminação, para a cenografia, ou para os figurinos há a preocupação de convidar-se profissionais competentes, é necessário, também, que o profissional bonequeiro esteja presente em toda a montagem teatral onde o boneco for utilizado.
Por outro lado, um número impressionante de grupos novos de teatro de bonecos nasce em todo o Brasil.
Ao lado do necessário entusiasmo dos iniciantes, deve acontecer a preocupação em informar-se sobre as bases da profissão abraçada. E no caminho a ser percorrido, a formação não pode nunca ser descuidada.
Como já dissemos, a falta de escolas é fator de enorme dificuldade para a formação profissional. Mas o bonequeiro iniciante ou o ator que pela primeira vez vai utilizar o boneco em cena deve procurar ver espetáculos, inscrever-se em oficinas, debates e seminários sobre o teatro de animação, e participar dos festivais que acontecem em muitos estados, todos os anos, no Brasil.
É correta e louvável a iniciativa dos organizadores do 1° Festival Nacional de Teatro Infantil em trazer para o evento o debate sobre a arte do boneco, através de mesas redondas, integrando bonequeiros e atores, como já aconteceu antes nesta bela cidade de Blumenau.
Parabéns!
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Antônio Carlos de Sena
Bonequeiro e Coordenador do Festival Internacional de Teatro de Bonecos de Canela, Rio Grande do Sul.
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Obs.
Texto retirado da Revista FENATIB, referente ao 1º Festival Nacional de Teatro Infantil de Blumenau (1997)



