Crítica do espetáculo publicada no Site da Revista Crescer
Por Dib Carneiro Neto – São Paulo – 15.04.2016
Sonho de voar inspira espetáculo de sombras
Essa técnica de animação de objetos encanta o público de Sobre o Voo, da Cia. Pavio de Abajour
O sonho de Ícaro do brasileiro Alberto Santos Dumont (1873-1932) volta e meia inspira uma montagem de peça infantil, provando o quanto falar de voos, de asas, de desafios e de sonhos se presta tão bem à difícil missão de falar com crianças. Temos em cartaz em São Paulo por apenas alguns domingos mais um desses espetáculos apoiados, por assim dizer, nas asas de um 14 Bis. Trata-se de Sobre o Voo, excelente título, diga-se de passagem. A empreitada é da Cia. Pavio de Abajour, nascida em 2007 do encontro entre Evelyn Cristina, Silvana Marcondes e Amanda Vieira para criarem juntas os efeitos de sombras de um espetáculo da Orquestra Filarmônica Infanto-Juvenil de São Paulo (Ofij), Histórias que o Vento Contou.
As três estão juntas no palco e, de novo, delirando, brincando, encantando com seu teatro de sombras. Elas explicam no programa da peça: “O teatro de sombras é uma técnica do teatro de animação muito antiga, na qual uma fonte de luz, um objeto e um suporte são capazes de criar imagens lúdicas e encantadoras, cheias de alma. A fonte de luz é uma lâmpada, lanterna ou vela. O objeto pode ser uma gaiola, um recorte em um papelão ou um papel celofane. O suporte é uma tela de tecido, um lençol no varal, um papel, uma parede.”
Amanda, Evelyn e Silvana atuam e manipulam objetos e bonecos. Silvana assina a direção geral. Kika Antunes, a direção de atrizes. O craque Paulo Rogério Lopes, já podendo até ser considerado um veterano no teatro para crianças, escreveu o texto, a dramaturgia. Tudo isso junto resultou em uma peça curiosa, ágil, narrada por palavras e por imagens, mas sem excessos biográficos e sem abrir mão em nenhum momento do tempo lento da poesia, um tempo calmo, leve, etéreo, que faz o espetáculo – perdão – “decolar” com uma engenhoca de Dumont.
Aliás, não posso deixar de falar do incrível móbile montado aos poucos no palco com as “invenções” do personagem, protótipos de aeronaves e outras “esquisitices” que ele tentou fazer voar nos primórdios desse sonho. Quem assina a cenografia é Julio Dojcsar. Essa cena do móbile sendo construído é uma das mais ricas e atraentes. Aqueles meninos, principalmente, que são fissurados em aviões e em inventores em geral vão se apaixonar pela peça. Havia vários desses na plateia, no dia em que eu estava. É lindo ver como eles se interessam e arregalam os olhos diante de cada objeto e de cada adereço. Há um componente interessante de “laboratório de ciência” no espetáculo, com bexigas sendo infladas e outras “experiências” ao vivo. Corra com sua família e embarque nesse voo.
Serviço
SESC Ipiranga. Rua Bom Pastor 822, Ipiranga – São Paulo
Tels. 3340-2000 e 2215-8418.
Sempre aos domingos, às 11 horas.
No feriado de quinta (21), haverá sessão extra, também às 11h.
Ingressos a R$ 20,00 (inteira) e R$ 10,00 (meia)
Até 1.º de maio