Elenco interpreta cantigas de roda e apresenta antigas brincadeiras

Crítica publicada em O Globo – Segundo Caderno
Por Marília Coelho Sampaio – Rio de Janeiro – 30.01.2005

 

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Se Essa Rua fosse Minha: Espetáculo resgata folclore infantil brasileiro

Apesar da simplicidade, peça consegue divertir

Se Essa Rua Fosse Minha – Espetáculo de Brincar, em cartaz no Teatro Glauce Rocha, é uma montagem da companhia Palco Produções que se propõe a resgatar o universo do folclore infantil brasileiro. Em pouco mais de uma hora de apresentação, os atores não só interpretam cantigas de roda e de acalanto, como também convidam crianças e adultos para subirem ao palco e participarem de antigas brincadeiras de rua.

A autora do espetáculo, Paula Giannini, divide a peça em quatro partes: primeiras brincadeiras, segundas brincadeiras, brincadeiras de crescer e últimas brincadeiras, que correspondem ao crescimento de três personagens que ela pega emprestados do folclore infantil – Terezinha de Jesus, Pai Francisco e Alecrim Dourado. A tênue história da peça acompanha o crescimento desses três personagens brincantes, desde a primeira infância até a pré-adolescência.

Elenco chama público para integrar brincadeiras

Logo na abertura da peça, os atores fazem malabarismos com bambolês. Pouco depois, eles chamam pessoas da plateia para integrar brincadeiras como cabra-cega, mamãe, posso ir?, salada, mista, peteca, batatinha frita e amarelinha, todas velhas conhecidas de quem passou dos 40. E assim se desenvolve o espetáculo: uma cantiga, uma brincadeira, outra cantiga, Tudo costurado por breves cenas que mostram as expectativas, os medos e as ansiedades comuns na infância. Fato muito curioso é a empolgação dos adultos em participarem dos jogos. Talvez por que eles estejam mais próximos das brincadeiras propostas pelo elenco do que os meninos de hoje em dia, tão acostumados com videogames com outros divertimentos contemporâneos. Ou quem sabe? – porque é uma rara oportunidade que eles têm de brincar com seus filhos.

Voltando ao espetáculo, tudo é muito simples. O cenário praticamente não existe. Nas duas laterais do fundo do palco, apenas dois painéis coloridos que abrigam os adereços criados por Andreza Crocetti para serem manuseados pelos atores durante as brincadeiras. Os figurinos de Tony Lucas, bastante coloridos, são apropriados para a montagem, assim como a iluminação de Adriana Fabrício e Paula Giannini.

Direção é coerente com proposta da companhia

Os atores Amauri Emani, Paula Giannini e Eris D’Souza saem-se bem na tarefa de conduzir a história e, ao mesmo interagir com o público. A trilha sonora de Ângelo Esmanhotto está bem organizada e a direção de Amauri Ernani, coerente com a proposta da companhia – o espetáculo só poderia ser um pouco mais curto para não cansar o público infantil.

Apesar de sua simplicidade – Se essa Rua fosse Minha – Espetáculo de Brincar tem ingredientes para divertir crianças e adultos que se interessam em participar de antigas brincadeiras.