Crítica publicada no Jornal do Brasil – Caderno B
Por Lucia Cerrone – Rio de Janeiro – 23.05.1992
Um conto de fadas ecológico
Quando o tema é ecologia, fica difícil não pensar que mais uma vez a natureza vai ser esmagada pelo terrível predador, o homem mau. A Princesa do Meio e a Floresta Encantada, em cena no Teatro Laura Alvim, com texto de Sonia Rodrigues Mota, é uma grata surpresa para os que já andam ressaqueados de enredo tão óbvio. O texto, premiado no concurso Coca-Cola Ecologia, trata o assunto de maneira delicada; inserindo-o num delicioso e inspirado conto de fadas, onde não faltam os antigos personagens – rei, rainha, princesas e condes – tão do agrado do público infantil, sem, no entanto deixar de abordar questões atuais como o desmatamento e outras atrocidades contra o meio ambiente.
Sonia Rodrigues se revela uma grande contadora de histórias, dando aos seus personagens características muito próximas do dia-a-dia de sua plateia. Assim, a família real, sempre tão inatingível e soberana, é retratada pela autora com todos os problemas de uma família comum, que envolve amor, ódio e outras sutilezas.
As interessantes situações propostas pelo texto, porém, não foram assimiladas integralmente pela direção de Ricardo Torres, comprometendo bastante o ritmo do espetáculo. O uso excessivo do blackout e da contrarregragem tornam a encenação lenta, onde os atores por muitas vezes se atropelam em cena e começam a fazer disso uma brincadeira particular.
Apesar dos contratempos, a atuação perfeita e cheia de humor da atriz Emília Rey e a suave atuação de Cristina Bittencourt como Eliandra, a Princesa do Meio, vale a ida ao teatro.
Cotação: 1 estrela (Regular)