Iara Porto, André De Angelis e Márcia Viveiros dão conta de seus vários personagens

Crítica publicada em O Globo – Segundo Caderno
Por Marília Coelho Sampaio – Rio de Janeiro – 29.07.2003

 

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Portinari, um Menino de Brodósqui: Peça consegue levar ao público infantil o rico universo do pintor

Um agradável espetáculo sobre arte

Para participar das comemorações do centenário do pintor Candido Portinari, que se estendem até dezembro deste ano, a Cia. Preto no Branco decidiu montar um espetáculo que revelasse para as crianças o lugar em que ele nasceu e que acabou inspiran­do toda a sua obra. No caso, Brodósqui, uma pequena cidade do estado de São Paulo,com sua natureza exuberante, suas festas interioranas e, principalmente, com seu espaço muito propício para as brincadeiras infantis. A partir da reunião desses elementos, André Brilhante escreveu a peça, Portinari, um Menino de Brodósqui, em cartaz no Teatro SESI.

Espetáculo necessita de pequenos ajustes

Escalados para pintar um teatro, três pintores de parede encontram, por acaso, um quadro de Candido Portinari. A partir daí, eles decidem virar atores, passando a encarnar diferentes personagens que povoaram a infância do pintor. E, durante o espetáculo, os pequenos da plateia descobrem como Portinari teve uma infância feliz (apesar de pobre), como ele descobriu seu talento para o desenho e como foi incentivado pela família a deixar sua cidade natal para se transformar num dos artistas mais importantes do Modernismo brasileiro.

Isolado da montagem, o texto de André Brilhante não teria fôlego. Mas, acertada­mente, o diretor entrecortou a narrativa com deliciosas e variadas brincadeiras, que acabam passando para as crianças, de forma prazerosa, a trajetória do pintor.

Os atores da companhia, André De Angelis, Iara Porto e Márcia Viveiros, dão conta de seus vários personagens. Mas é Márcia, com sua veia cômica e facilidade para a improvisação, quem mais se destaca. O figurino e a música de Warley Goulart estão sintonizados com a proposta do diretor. Já o cenário, da própria companhia, deixa o palco vazio.

As projeções de quadros de Portinari poderiam ser eliminadas, porque elas não têm qualidade e não acrescentam nada ao espetáculo. E os números de plateia, melhor dosados. O fato de ser uma peça para crianças não significa que elas tenham que participar o tempo todo. Os atores deveriam deixar que a espontaneidade, tão característica do público infantil, motivasse palmas ou qualquer outro tipo de intervenção na peça.

Apesar de precisar de pe­quenos ajustes, Portinari, um Menino de Brodósqui é um espetáculo agradável que cumpre seu objetivo de levar ao público infantil o rico uni­verso do pintor.