Crítica publicada no Site da Revista Crescer
Por Dib Carneiro Neto – São Paulo – 20.06.2014

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A poesia e o lirismo que brotam de objetos triviais

Últimos dois dias para ver o magnífico Pequena Coleção de Todas as Coisas, da Cia. Dani Lima, no Sesc Pompeia, em São Paulo

É um espetáculo que nasceu no Rio de Janeiro e, desde o ano passado, vem fazendo várias temporadas de sucesso por muitas cidades.  Uma dessas temporadas vai terminar no domingo, em São Paulo, no SESC Pompeia. Você e sua família simplesmente não podem perder Pequena Coleção de Todas as Coisas. É encantador – para escolher apenas um dos adjetivos dentre todos os que me dão vontade de ficar listando aqui, bem ao gosto da diretora Dani Lima, que não resiste a uma lista. Ela faz listas de tudo, o tempo todo, e isso a inspira em seus espetáculos. Vá ver para crer como essa simples ideia de fazer listas pode ser usada de forma dramaturgicamente incrível, criativa e atraente (puxa, mais três adjetivos que a peça merece).

É o primeiro espetáculo para crianças da Cia. Dani Lima. Ela é a coreógrafa e bailarina que fundou e integrou o famoso coletivo de atores-acrobatas Intrépida Trupe. Pequena Coleção…’ é um desdobramento das pesquisas sobre gestos cotidianos que Dani e sua turma desenvolvem  há alguns anos. É como se fosse a versão infantil de outro espetáculo da companhia, Pequeno Inventário de Lugares Comuns, criado em 2009. Aqui, quatro bailarinos (muito expressivos, carismáticos e talentosos: Carla Stank, Laura Samy, Lindon Shimizu e Renato Linhares)  inventam categorias para ordenar os inúmeros objetos que estão espalhados de forma bagunçada pelo palco no início da peça. É um desafio a todos os nossos sentidos. Um jeito de nos fazer enxergar de maneira diferente utensílios comuns do nosso cotidiano, observando suas cores, formas e texturas.

O texto é lindo, muito bem construído. Realmente nos instiga, sem cansar nunca. Há momentos bem poéticos. Há outros bastante engraçados. E há os esquetes mais românticos, os tristes, os silenciosos, os musicais, os explosivos, enfim, de tudo um pouco.  Ao final, quando você pensa que já vai acabar, começa mais uma cena divertidíssima, projetada em telão, por câmeras ao vivo. O trabalho de dublagem dos atores nessa hora é sensacional. Jamais a palavra ‘lúdico’ poderá ser melhor destinada a um espetáculo, tenho certeza. E a interação da plateia é imediata. Crianças participam espontaneamente, falando com os atores, sem atrapalhar em nada. Adultos soltam gargalhadas irresistíveis, comprovando o quanto os objetos mencionados realmente os tocam ou os tocaram em determinados períodos de suas vidas. Empatia total. Dá gosto de ver o que se passa no palco e, ao mesmo tempo, o que se passa com o público em reação aos estímulos dos atores. Lindo demais.

Serviço

Sesc Pompeia
Rua Clélia, 93
Tel. 11 3871-7700
Sábados e domingos, ao meio-dia
Ingressos a R$ 8,00 (inteira)
Só até domingo, dia 22

Matéria publicada no Site da Revista crescer
Por Dib Carneiro Neto – São Paulo – 29.05.2014

 

2013 – Os melhores em noite de celebração – 21.º Prêmio Femsa


Saiba quem venceu o 21.º Prêmio Femsa de Teatro Infantil e Jovem

 

E tivemos na noite de quarta (28) mais uma entrega do Prêmio Femsa de Teatro Infantil e Jovem, com patrocínio da empresa Femsa, distribuidora de Coca-Cola. Infelizmente, não pude comparecer, pois estou fora de São Paulo nesses dias. Mas foi a edição da maioridade: número 21. Como sempre, no papel de um dos jurados, me sinto incomodado na hora de escolher só um vencedor, na forte lista de três indicados para cada categoria. Reclamo, reclamo, mas prossigo na comissão, por amor e militância ao teatro infantil e pela seriedade da equipe capitaneada por nossa querida incentivadora e batalhadora desse setor no cenário paulistano, a atriz e dramaturga Luíza Jorge.

A melhor peça para crianças foi A Rainha Procura, da Cia. Jogando no Quintal. Delícia de espetáculo completo, para toda a família, com alto grau de criatividade e megaconcentração de euforia. Dramaturgia e improviso casaram à perfeição. Vida longa para esta atração, que merece permanecer para sempre no repertório do grupo. A peça levou ainda mais dois troféus merecidíssimos: melhor diretor, para César Gouveia, e melhor atriz, para Rhena de Faria (a incrível rainha do título).

Eu e toda a comissão (Gabriela Romeu, Beatriz Rosenberg e Mônica Rodrigues da Costa) comentamos muito, desta vez, sobre a categoria de música. Tanto as trilhas originais quanto as trilhas adaptadas estavam fortíssimas. Foram decisões bem complicadas e discutidas. A elaboradíssima Uma Trilha para sua História, de Gustavo Kurlat e Ruben Feffer, acabou levando o prêmio original. O prêmio de trilha adaptada ficou com Fernanda Maia, por seu encantador Menino Lua, sobre a infância de Gonzagão. Fernanda, já há alguns anos, figura com destaque entre os grandes nomes da música no teatro paulistano.


Outra atração que teve bastante destaque na premiação foi Lampião e Lancelote, um grandioso espetáculo que supõe o encontro improvável entre duas figuras míticas do universo de heróis universais. Ganhou em texto adaptado (Braulio Tavares), figurino (Márcio Vinicius), ator (Daniel Infantini, como Lampião), atriz coadjuvante (Luciana Carnielli, como Maria Bonita) e como o melhor espetáculo jovem de 2013 – categoria que procura valorizar as peças com temáticas e estéticas voltadas para o mundo dos adolescentes.

Os demais premiados da noite foram: Gustavo Kurlat (autor de texto original por Uma Trilha para sua História), Sidnei Caria (cenógrafo, por O Buraco do Muro), Kleber Montanheiro (designer de luz, por Crônicas de Cavaleiros e Dragões), Iarlei Rangel (revelação, por sua primeira direção, em Esparrama pela Janela) e  Maurício de Sousa Produções (melhor produção, por Mônica e Cebolinha no Mundo de Romeu e Julieta). O excelente Operilda na Orquestra Amazônica venceu na categoria especial “pela valorização de composições de música erudita, popular e folclórica” e Esparrama pela Janela venceu na categoria de incentivo à sustentabilidade.

Parabéns a todos. Que venha o próximo prêmio – na semana que vem, nesta coluna, detalho a vocês as mudanças já em andamento para a próxima edição do Femsa.  Não serão poucas.

Segue a lista dos vencedores:

01- Autor de Texto Original
Gustavo Kurlat (Uma Trilha para sua História)

02 – Autor de Texto Adaptado
Braulio Tavares (Lampião e Lancelote)

03 – Diretor
César Gouveia (A Rainha Procura)

04 – Cenógrafo
Sidnei Caria (O Buraco do Muro)

05 – Figurino
Márcio Vinicius (Lampião e Lancelote)

06 – Iluminação
Kleber Montanheiro (Crônicas de cavaleiros e Dragões – O Tesouro dos Nibelungos)

07 – Música Originalmente Composta
Gustavo Kurlat e Ruben Feffer (Uma Trilha para sua História)

08 – Trilha Sonora
Fernanda Maia (Menino Lua)

09 – Melhor Ator
Daniel Infantini (Lampião e Lancelote)

10 – MELHOR ATOR COADJUVANTE
Thiago Ledier (Judas em Sábado de Aleluia)

11 – Melhor Atriz
Rhena de Faria (A Rainha Procura)

12 – Melhor Atriz Coadjuvante
Luciana Carnielli (Lampião e Lancelote)

13 – Revelação
Iarlei Rangel (pela direção – Esparrama pela Janela)

14 – Categoria Especial
Operilda na Orquestra Amazônica (pela valorização de compositores de música erudita folclórica e popular)

15- Melhor Produção
Maurício de Souza Produções (Mônica e Cebolinha no mundo de Romeu e Julieta)

16 – Melhor Espetáculo Infantil
A Rainha Procura

17 – Melhor Espetáculo Jovem
Lampião e Lancelote

18 – Prêmio de Sustentabilidade
Esparrama pela Janela