Matéria publicada no Jornal do Brasil – Caderno B
Sem Identificação – Rio de Janeiro – 22.02.1994

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Peça infantil faz paródia da sociedade

Uma comédia rasgada, misturando o universo onírico das crianças com o clima de descrédito reinante na sociedade brasileira, tudo embalado por uma parafernália multimídia. É assim que o diretor André Mattos define sua nova peça, A Chave do Tesouro Mágico, com estreia prevista para a primeira semana de abril. Lug de Paulo, seu Boneco da Escolinha do professor Raimundo, e Alexandra Marzo lideram o elenco, formado basicamente por atores da escola de teatro do Tablado. Com texto de Heloísa Períssé, que assinou o sucesso À Verdadeira história de Chapeuzinho Vermelho, a peça mostra a trajetória do Príncipe Feopudo, interpretado por Lug de Paula, que planeja dominar o mundo e fazer dele um lugar onde só existam guerras e destruição. Para isso, Feopudo sequestra a princesa Belle Helena (Alexandra Marzo), que possui a chave do tesouro onde estão guardadas todas as coisas positivas do mundo. Paralelamente, desenvolve-se a história das crianças Pedro e Bia, que acreditam que seus bonecos, Capitão Trovoada e Filomena, podem se transformar em pessoas. Um dia, os brinquedos adquirem vida, com a missão de salvar a princesa Belle Helena.

“O clima do espetáculo lembra muito a história de Peter Pan, principalmente pela mistura do sonho com a realidade”, define André Mattos. “O mais interessante é que no final, permanece a dúvida: a aventura vivida pelas crianças realmente aconteceu ou foi apenas um sonho?”, questiona. Apesar de ser um espetáculo infantil, a peça não esquece a crítica à crise econômica, política e social brasileira, personificada no Príncipe Feopudo, classificado por André  como “um príncipe das trevas”.

A Chave do Tesouro Mágico, com figurino de Kalma Murtinho e cenário de Pedro Drummond (neto  do escritor Carlos Drummond  de Andrade), terá ainda intervenções musicais. “Não se trata de um musical. É um espetáculo multimídia, em sentido estrito”, alerta André Mattos.