Pia Fraus mostra para a atual geração o seu primeiro sucesso infantil, O Vaqueiro e o Bicho Froxo. Foto: Mayara Luni

Crítica publicada no Site da Revista Crescer
Por Dib Carneiro Neto – São Paulo – 10.04.2015 

Pia Fraus mostra para a atual geração o seu primeiro sucesso infantil, O Vaqueiro e o Bicho Froxo

Um dos grupos mais ativos e premiados de teatro infantil de São Paulo, o Pia Fraus (cujo nome vem do latim e significa “uma mentira contada com boas intenções”) comemorou seus 30 anos de estrada no ano passado, com mostra de repertório e espetáculos inéditos. O início de tudo se deu com O Vaqueiro e o Bicho Froxo, primeiro espetáculo infantil da companhia, criado em 1984, que voltou aos palcos para a comemoração de 2014 e permanece em cartaz ainda este ano, em nova temporada no Teatro Sérgio Cardoso.

Vi O Vaqueiro pela primeira vez em 1997 – e no elenco estavam nada menos do que os dois fundadores da companhia, Beto Andreetta e Beto Lima (este faleceu em 2005), mais Domingos Montagner. Na semana passada, fui rever. Conferi a montagem atual e saí feliz do teatro ao constatar a força e a longevidade do texto, que sobreviveu muito bem, valorizando mitos e lendas do nosso folclore. Aliás, o que seria da preservação das histórias e ‘causos’ do folclore nacional se não fosse o teatro infantil? Volta e meia, uma boa peça entra em cartaz aproveitando em seu enredo a brasilidade, as cores, o viço e a imaginação fantasiosa das lendas regionalistas do nosso país.

Em O Vaqueiro e o Bicho Froxo, que traz a assinatura de Naum Alves de Souza na direção, temos, por exemplo, o Papa-Figo, a Janaína Mãe D’Água e a velha Miquelina do Jequitinhonha. Vale a pena levar as crianças da atual geração para tomar contato com essas verdadeiras maravilhas brotadas da imaginação popular. A história é movimentada, divertida, com pitadas de aventura e romance entre os protagonistas Rosinha e Vaqueiro. Traz as marcas registradas da carreira do grupo Pia Fraus, como as atuações coreografadas e a criatividade ilimitada na concepção e manipulação de grandes bonecos. Há uma louvável preocupação em não ser uma história maniqueísta, fazendo alguns personagens, como o Papa Figo, serem bons e maus ao mesmo tempo.

Fui reler a crítica que escrevi quando vi a peça pela primeira vez. Saiu publicada em 27 de junho de 1997, no Caderno 2, do jornal O Estado de S. Paulo. Um dos trechos era o seguinte: “O espetáculo tem o ritmo certo e a dose adequada de poesia, música, circo, dança, manipulação de bonecos e participação da plateia. Evita o tom de folclore exótico. São estripulias cênicas do melhor nível.” A propósito da montagem atual, eu escreveria isso tudo de novo. Não perca.

Serviço

Teatro Sérgio Cardoso – Sala Paschoal Carlos Magno
Rua Rui Barbosa, 153, Bela Vista
Tel. (11) 3288-0136
Sábados e domingos às 16 horas
Ingressos a R$ 20 (inteira) e R$ 10 (meia)
Até 26 de abril